Toxic - Chris e Eva

XI

Eu e as meninas havíamos almoçado juntas e depois voltado para as aulas.

Já passava das 14:00 e finalmente os alunos começaram a evacuar do colégio.

– Quem será o sorteado de hoje? – a Vilde perguntou enquanto mascava o seu indispensável chiclete de morango.

Estávamos tensas, como em todas as quintas-feiras de encontro. Nenhuma de nós havia tido a experiência de ser escolhida, ainda.

O medo era evidente no rosto de todas, inclusive no meu. Era claro o fato de que nenhuma de nós se sentia confortável em compartilhar os problemas, mesmo que sejamos amigas.

Eu estaria mentindo se dissesse que não estou curiosa para descobrir o que se passa na vida das minhas novas amigas, mas não posso ser tão egoísta a ponto de forçar a confiança delas.

Assim que todos os alunos foram embora, nos levantamos e nos dirigimos até a sala.

Dessa vez nós fomos as primeiras a chegar. Nos sentamos umas aos lados das outras.

O resto dos alunos começaram a chegar aos poucos, e logo o Carl entrou também.

– Boa tarde alunos! – ele estava sorridente – Hoje iremos fazer um exercício diferente!

Isso era óbvio, visando que nunca havíamos repetido um exercício sequer.

– Consegui autorização da escola para leva-los para um local diferente hoje – todos estavam estáticos, sem saber oque fazer – Vamos! Venham comigo!

Nos levantamos das cadeiras e seguimos o quase-adulto durante o seu trajeto.

– Pra onde será que ele está nos levando? – o Even sussurrou para mim enquanto todos andávamos.

O Carl estava seguindo um caminho em direção a outra parte da escola. Certo, pensei que iríamos a algum lugar fora daqui.

Enfim chegamos a uma espécie de galpão que havia na parte traseira da Hartvig Nissen.

– Estão prontos? – ele perguntou e logo abriu o portão com a ajuda de uma chave.

Todos olhamos em volta surpresos.

Certo, isso sempre existiu? Como eu nunca soube da existência desse maravilhoso lugar?

– Aqui era onde a escola guardava alguns materiais inutilizados. Consegui convence-los a transformar na nova sala do grupo de apoio – respondeu aos meus pensamentos.

O local era bem espaçoso. Tinha vários sofás, poltronas e pufs espalhados por lá. Havia também vários quadros animados espalhados pelas paredes. Tinha algumas estantes repletas de livros em alguns locais da sala. Os papéis de parede eram de mandalas verdes e laranjas. Aquilo parecia um verdadeiro local hippie.

Todos estavam tão surpresos quanto eu.

– Esse local é exclusivamente de vocês, nenhum outro aluno que não participe do group de apoio tem acesso a essa sala.

O Christoffer olhou para mim e uma raiva desconhecida subiu-me a cabeça.

Aquele ridículo não tinha nenhum arranhão sequer. Por que será que a culpa foi toda para cima de mim, sendo que foi ele o traidor da história?

Sério, a maluca da Iben nem se preocupou em tirar satisfações com o namorado.

O garoto percebeu o meu olhar repreendedor e então resolveu se aproximar.

– Eva, precisamos conversar – falou baixinho enquanto todos ainda se encantavam pela sala.

– Você acha? – perguntei irônica.