XXIX

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"And if I gotta walk by your house
I take the long way home instead"
(Not Thinkin' Bout You, Ruel)

Eu estava em choque. Em completo choque para ser mais exata. Tentei chorar, oque foi em vão, já que nenhuma lágrima sequer ousava cair sobre o meu rosto. Nada conseguia me tirar desse maldito transe.

Céus, o que eu faria agora? Sou apenas uma adolescente! A minha mãe vai me matar. E o Chris? Droga! Esqueci completamente dele! O garoto vai surtar. Não posso ter esse filho. Nem em um milhão de anos!

Droga, droga, droga. Mil vezes droga!

– Eva! Eva! – Sana balançou os meus ombros, me encorajando a finalmente encara-la – Já faz uma hora que está deitada nesse sofá sem dizer uma palavra sequer! Não pode ficar assim pra sempre – suspirou, sentando na pontinha do sofá, ao lado da minha cabeça.

Olhei ao redor e notei as garotas esparramadas pela minha sala de estar, tão pensativas quanto eu. Por que isso tudo tinha que acontecer logo agora?

– Eu vou abortar – falei baixo, recebendo um olhar súbito de todas as minhas amigas.

Sana me encarou com um olhar triste, oque eu já esperava. A garota nunca iria me apoiar em algo desse tipo, por mais que ela soubesse que era o melhor a se fazer.

Pensei que a minha amiga iria me repreender ou algo do tipo, mas ela apenas se manteve em completo silêncio.

– Mas... você vai conversar com o Christoffer antes, certo? – Chris falou baixo, mordendo levemente os lábios.

Apenas sacudi a cabeça em negação, fechando os olhos em seguida.

Eu sabia exatamente oque deveria fazer. Eu apenas teria que ir para uma clínica abortar essa criança e pronto, ninguém além das minhas amigas saberia que algum dia sequer eu estive grávida.

– Eva... você não pode fazer isso! – Noora se pronunciou, com um olhar repreendedor.

Bufei em resposta. É claro que eu podia. Era eu que estava com essa coisa dentro de mim, e não o Chris Schistad. Eu tinha completo direito do que fazia ou não com o meu corpo.

– Isso é um direito meu, Noora – respondi, cruzando os braços.

– Eu sei. Você mais que ninguém sabe o quanto eu defendo o direito das mulheres quanto ao seus próprios corpos. – pausou, soltando um longo suspiro – Mas, Eva... o Chris não fez nada de errado com você. E sim, eu entendo o fato de você querer abortar essa criança. Mas você não tem o direito de fazer isso sem antes deixa-lo saber oque está acontecendo. Isso também diz respeito a ele, Eva.

– Isso é egoísmo da sua parte. Digo, já pensou que talvez ele queira essa criança? – foi a vez de Vilde me dar um sermão.

Suspirei. Droga, eu já tomei a minha decisão. Elas não podem me convencer do contrário.

– Ok, mas eu não quero esse bebê de forma alguma! – enfatizei o "eu" – Não tenho plenas condições de cuidar de outro ser. Já pararam pra pensar que eu sou uma adolescente fudida que bebe todo fim de semana e transa com um cara qualquer? Que tipo de criação vocês acham que eu daria pra essa criança? – quase gritei, fazendo-as ficarem em silêncio.

Senti algumas lágrimas fajutas descerem pelo meu rosto, deixando-me vermelha.

– Hey! Você não é ruim como fala! – Chris falou, com compaixão na voz – Oque queremos dizer é que não precisa ter essa criança se não quiser. Essa é uma escolha sua, afinal. Mas o Christoffer precisa saber que tem um bebê dentro de você – abriu um pequeno sorriso em minha direção, tentando de certa forma me tranquilizar.

Eu não podia, de forma alguma, ter artimanhas para prender o Chris a mim. Nessas últimas semanas eu estive em completa paz, sem nenhum dos Yakuza me atormentando, ou sequer me ameaçando. Ficar perto dele me traria perigos.

– Não acha que deveria conversar com o senhor Carl? Ele pode te ajudar. Afinal, ele está lá pra isso – Noora falou.

Neguei com a cabeça novamente, suspirando em seguida. Limpei o meu rosto com a manga da blusa e me levantei.

– Acho que... vou tomar um ar, ou coisa do tipo – falei calmamente, indo em direção a porta, sem olhar para trás.

Comecei a andar pelas ruas frias de Oslo. Droga, eu deveria ter pegado algum casaco. Dane-se, eu tinha problemas maiores naquele momento.

Eu tenho medo, medo das garotas contarem pro Chris para tentar me proteger. E talvez a minha intuição esteja certa. Eu preciso fazer isso sem que elas saibam.

Peguei o meu celular no bolso de trás da calça e naveguei pelos meus contatos. Apertei no botão de ligar e coloquei o aparelho no ouvido. Você realmente quer fazer isso, Eva? Antes que eu pudesse responder à minha própria pergunta, a ligação foi atendida.

– Hey, Nash. Pode falar agora?

Notas Finais:
Poxa Evinha, você ta fazendo escolhas tão erradas :(
Não sei vocês, mas essa imaturidade da nossa ruivinha ta me deixando bem irritada. Mas tudo bem!!
Espero que tenham gostado do capítulo.

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⏰ Última atualização: Jan 24, 2020 ⏰

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Toxic - Chris e Eva Onde histórias criam vida. Descubra agora