Capítulo 21

3.1K 306 106
                                    



Exatamente 1:35 da manhã, eu nem percebi que passei o dia todo limpando essa casa, só agora que sinto meu corpo latejar enquanto a água quente bate em minha pele. Fico me perguntando o porquê de nunca ele ter contratado uma faxineira. Acho que homens não têm muita noção do que é ter uma casa limpa e arrumada.

Jeff é um cara muito peculiar, ele mudou bastante de um tempo para cá, acho que aprendeu a confiar em mim e posso até arriscar dizer que gosta de mim de alguma forma.

Agradeço a Deus todas as noites por colocá-lo em minha vida. Eu não quero nem imaginar o que teria acontecido comigo ou onde eu poderia estar agora se nossas vidas nunca tivessem se encontrado.

Deixo uma lágrima rolar que se mistura com a água do chuveiro. Ainda dói muito lembrar todas às vezes que a mulher que me colocou no mundo, juntamente com todos os homens que ela arrumou ao longo de sua vida, tentaram me vender, muitas vezes por simples trocados apenas para darem andamento aos seus vícios.

Não posso reclamar da minha vida, apesar de tudo, eu sempre consegui escapar e nunca tive que suportar seja o que for que eles tinham em mente para mim. Lembro de uma vez que me venderam a um homem tão velho que cheguei a sorrir, ele provavelmente não aguentaria ficar nem em pé, vai entender o que se achava capaz de fazer. Foi a primeira vez que tive sangue em minhas mãos.

Fiz de conta que estava satisfeita com ele, sorri gentilmente e, enquanto o observava praticamente salivar em minha direção, eu montei minha estratégia. Ele me puxou para perto dele em um sofá imundo assim como ele, meus olhos continuavam fixos na garrafa que ele virava na boca e sorria com aquela boca murcha e os dentes amarelos.

Delicadamente, estendi a mão para que ele me passasse a garrafa. Ele parou meio indeciso, mas por fim passou para minhas mãos, fiz de conta que bebia enquanto suportava pacientemente os lábios nojentos que passavam pelo meu pescoço. Não suportei tanto assim, pois ainda segurando a garrafa pelo gargalo, a bati no chão, o líquido se espalhou imediatamente e o velhote pulou me xingando por desperdiçar sua bebida, mal sabia ele que eu havia apenas começado.

Com o fundo da garrafa quebrado, eu tinha em minhas mãos a melhor arma que eu poderia ter, mesmo que rapidamente cheguei a admirar os cacos pontiagudos e brilhantes que se formaram e não pensei duas vezes em chutar aquele velho porco e picotar seu rosto. Devo ter perdido a noção da minha força, e o que deveria se tornar assustador ao ver tanto sangue se tornou ainda mais empolgante. Talvez eu não deveria tê-lo matado, mas, por outro lado, me consola que ele jamais pegaria outra garota, outra que não teria a mesma oportunidade que eu estava tendo. Não pensei duas vezes para enterrar o que restou da garrafa em sua garganta e observar aquele imbecil sufocando no próprio sangue.

Não sei o que deu em minha cabeça para voltar para casa após aquele dia, mas voltei, minha mãe não se importou, nunca soube que o velho morreu, nem quando o descobriram ela chegou a associar sua morte a mim, para ela bastava ter o dinheiro em mãos e ela já o tinha, o que a manteria ocupada por um tempo, tempo que usei para pensar em minha fuga e foi aí que encontrei o Jeff.

Ele não faz ideia, mas várias noites acordo de madrugada, levanto nas pontas dos pés e fico o observando dormir. Rezando para que ele tenha uma vida longa, continue em sua missão de acabar com o lixo da face da Terra e principalmente que nunca enjoe de mim ou me mande embora. Ele é muito especial, tenho por ele um sentimento que nunca tive por ninguém, ele deveria ter sido meu irmão! E é exatamente assim que o considero!

 Ele é muito especial, tenho por ele um sentimento que nunca tive por ninguém, ele deveria ter sido meu irmão! E é exatamente assim que o considero!

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.




Com amor, Jeff the KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora