Vocês alguma vez já pensaram estarem vivendo uma novela? Ou que tal coisa só acontece em filme e não na realidade? Pois você acredita que estou com duas Dianas em minha casa há um mês e nenhuma das duas tenta ir embora?
Bem, não é tão fácil assim, primeiro que eu sempre deixo Diana 2 trancada durante a noite ou quando não estou em casa. Mas mesmo assim, não vi nenhuma tentativa de resistência nem coisa nenhuma, ela é muito silenciosa, bem diferente da minha tagarela.
Diana 1 fala sozinha a maioria do tempo, fala com ela, fala comigo, com o pulguento, com as paredes, enfim, é uma matraca dos infernos e, olhando ambas, me pergunto por que gostamos das coisas mais complicadas?
Diana 2 é silenciosa, é submissa como gosto, duvido que deixaria de fazer algo que eu mandasse, no entanto...
Diana 1 não fez muitas perguntas sobre a mulher estar um tempo aqui, disse que eu deveria saber o que estava fazendo, e se ela precisava ficar para estar segura, disse que seria melhor assim. Dá para acreditar nessa mulher?
Conversei a sós com a Diana 2 no dia em que mandei Diana 1 sair atrás de algumas roupas e comida para nossa casa. Ao contrário da iludida Diana 1, essa sabia exatamente quem eu era, disse que os jornais já haviam falado do assassino da cicatriz e sabia que eu era apenas um assassino em série e só não entendia ainda o porquê de estar viva.
Tive que confessar que eu também não sabia. Ela me olhou de uma forma curiosa, estranha, na verdade. Diferente de como me olhava antes. Antes eu sentia o medo, e dessa vez não senti mais. Então, eu tive um surto. Achei que ia ficar doido, que deveria matar o cachorro, e as duas Dianas de uma vez porque elas iam me levar à loucura.
— Eu era uma pessoa normal! — Berrei feito um retardado, enquanto a garota só me olhava.
Olha. Parece piada, mas juro que eu nunca senti tanta vergonha na vida como nesse dia e, quando me lembro, tenho vontade de me matar.
Como disse, eu estava em surto, então peguei uma faca, grudei a garota pelos cabelos e estava com a faca no pescoço dela, olhando em seus olhos, apreciando o medo que já tinha voltado quando Diana 1 voltou saber Deus de onde.
Aí entra a parte do filme que falei para vocês. Olha a humilhação!
— Solta ela, Jefferson!
Demorou alguns segundos até eu entender que ela estava falando comigo.
Ela segurou meu braço, cravou as unhas em meu pulso e olhou dentro dos meus olhos.
— Você não é um animal.
— Sou pior do que isso! — Respondi com ódio!
Ódio por tudo, ódio por sentir o que sentia, ódio por ela não sentir o que eu sentia, ódio por existir, ódio por existir, ódio pela vida, por Diana 2, pelo cachorro e até por você!
Diana 1 arrancou a faca tão rapidamente da minha mão que eu nem percebi, ela girou o cabo em segundos e deu com ele em minha testa. E eu, puff, caí para trás!
A crise só piorou, viu? Comecei a me morder, a me bater, a querer me matar. Lembro de bater a cabeça na parede, me arranhar, cortar meus braços com gilete, como eu costumava fazer toda vez que meus pais me causavam uma dor maior do que eu podia suportar.
Eu nem vi quanto tempo fiquei sozinho, quebrando a casa toda até que Diana 1 voltou, me abraçou e disse que me amava do jeito que eu era e estava tudo bem ter "chilique" de vez em quando.
— "chilique"!!!!
Fim de carreira!
Então, eu chorei. Chorei todo o ódio e todo o rancor e dor que eu havia guardado a minha vida toda. Quando ela me disse que deixou a garota ir embora, a única coisa que fiz foi chorar ainda mais. Porque sabia que em breve a polícia chegaria, minha vida estaria acabada e o pior de tudo era que eu nunca mais veria Diana, a única coisa que realmente me importava em todo esse mundo e doeu muito mesmo entender isso.
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Com amor, Jeff the Killer
FanficEla era doce, eu não Ela era boa, eu não Ela era ingênua, eu não Eu estava apaixonado, ela não... Será o amor capaz de controlar sua necessidade de matar?