Quando eu abri os olhos, tinha um calendário enorme ao lado da cama, o calendário dizia 26 de setembro. Soube imediatamente que fiquei três dias desacordado e sei disso, pois dia 23/09 foi quando vivi meu maior pesadelo e eu sei muito bem essa data, por ser a mesma data que matei a Silvinha. O desgraçado havia esperado a mesma data para se vingar.
Olhei em volta e eu estava em um hospital, o quarto era branco e pálido como todo hospital, mas estava florido, tinha tantas flores que alguns arranjos até foram colocados no chão. Meu primeiro pensamento foi que eu estivesse morto e aquilo era apenas mais um pesadelo, mas desta vez seria eterno já que eu tinha consciência e enxergava tudo ao redor.
Não tive muito tempo para ficar pensando, apenas certifiquei que, embora eu estivesse com alguns curativos, não estava mais com soro, ou seja, lá o que tivessem me dado. Eu tinha certeza de que, quando aquela porta se abrisse, eu seria enviado para a cadeia. Eu podia estar acordando agora, mas não era idiota, quem me salvou teve que chamar a polícia e meu DNA, assim como de todas as minhas vítimas, estariam em cada centímetro daquela casa. Eu não estava desesperado para saber sobre a Diana. Se ela sobreviveu, a vida dela seria muito melhor sem mim. Eu só trouxe desgraça para a vida daquela criatura que parecia mais um anjo do que humana. E se ela estivesse morta... bem, aí tudo que eu tinha que fazer era usar meu tempo atrás das grades para arquitetar um plano em como me vingar daquele doente. Sim, eu iria amputar seus dois braços e suas duas pernas, mas não iria matá-lo. Eu o deixaria rastejando pela minha nova casa, que seria em algum buraco ainda mais inacessível do que o que eu morava.
Cheguei a sentir minha boca salivar ao imaginar as coisas que eu faria com o meu "cotoco", sim, esse seria o apelido dele! Eu seria capaz até de encontrar uma mulher parecida com a irmã diabólica dele e fazê-lo assistir tudo que fiz com ela e provavelmente muitas coisas mais.
Meus pensamentos foram interrompidos quando a porta se abriu e uma jovem enfermeira entrou. Ela sorriu imediatamente ao me ver com os olhos abertos e isso já me causou um desconforto. Pessoas faziam muitas coisas quando me viam, mas sorrir não era uma delas.
— Que bom que acordou! Como está se sentindo?
Como não respondi, ela se aproximou e fez os procedimentos que deveriam ser normais, checou minha temperatura, pressão e sei lá mais o quê. Também apertou minha barriga e em volta dos curativos e perguntou se eu estava sentindo alguma dor.
Balancei a cabeça negativamente, ela não podia imaginar que a maior ferida estava dentro de mim e que ninguém poderia me curar.
— Vou te deixar descansar, então, em duas horas, trarão seu jantar. O médico liberou uma dieta leve, mas como sua recuperação tem sido tão boa, tenho certeza de que estará em breve comendo um bom filé!
— Servem filé na prisão agora? — falei em um impulso, meu lado sarcástico não me abandonava nem em momentos mais críticos.
Por um momento ela me olhou e parecia surpresa com a pergunta, depois pareceu fazer alguma associação doida em sua cabeça olhando para as flores e disse:
— Devido às fãs, né? Não se preocupe, temos segurança reforçada. Nenhuma delas conseguirá entrar. Trouxemos algumas flores, mas na entrada do hospital... — ela passou a mão pela testa sorrindo — ah, meu Deus! Tivemos que contratar uma pessoa só para desbloquear a entrada com tanta entrega! Descanse, querido!
Ela saiu fechando a porta e eu me sentei na cama, pude sentir alguns dos pontos repuxarem e senti um pouco de dor. Mas isso era insignificante perto daquela loucura. Que porra era essa de fãs? E por que diabos eu não estava preso, já que obviamente não estava morto?
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Com amor, Jeff the Killer
FanfictionEla era doce, eu não Ela era boa, eu não Ela era ingênua, eu não Eu estava apaixonado, ela não... Será o amor capaz de controlar sua necessidade de matar?