O caminho que nos levava até em casa estava naturalmente vazio àquela hora da madrugada, a Diana número 2 estava em silêncio, vez ou outra eu notava um arrepio percorrendo seu corpo e os pelos dos seus braços se arrepiarem, não sei dizer se ela estava com frio ou medo. Pensei várias vezes em matá-la, por que não? Minha mente estava uma bagunça, essa Diana parecia mais velha que minha Diana, talvez pudesse me amar de verdade. Dei um tapa em meu próprio rosto e a vi sobressaltar.
Disse a ela que estava tudo bem e que não iria machucá-la. Voltei de novo ao meu delírio, como eu poderia estar pensando em amor? Será que a idade estava trazendo consigo a demência? Não que a doença mental fosse presente em minha família, na verdade, meus pais eram apenas ruins, mas realmente eu não estava conseguindo entender o que se passava comigo desde que a Diana número 1 havia aparecido.
Que diabos eu faria com outra Diana em casa? Eu não poderia contar com a sorte. Como disse, era ela bem mais velha. Arrisco dizer que deveria ter uns 25 quase. Enquanto a primeira tinha 20, embora a magreza e os maus tratos da vida a fizessem parecer mais nova. Com certeza, essa era bem mais esperta que a Diana número 1, eu não poderia arriscar que ela seria maluca como a primeira para ficar em casa achando que sou seu irmão mais velho e me idolatrando como se eu fosse um justiceiro da noite. Tal pensamento me fez sorrir. Diana número 1 era incomparável e eu jamais encontraria ninguém como ela.
Por mais repulsa que eu sentisse em relação a isso, comecei a sonhar acordado que talvez a nova Diana pudesse despertar ciúmes na primeira e quem sabe largasse aquele saco de pulgas para ficar comigo para sempre.
Chegamos em casa, estava bem frio e o vento soprava vez ou outra, arrastando as folhas. Comecei a fazer uma prece mentalmente para que minha Diana não estivesse acordada, pois eu não saberia o que fazer e nem como me explicar.
Ajudei a garota a sair do carro e caminhamos até a porta. Parei alguns segundos tentando ouvir algum ruído, mas a casa estava em completo silêncio, agradeci a Deus (que ponto cheguei) e abri vagarosamente a porta.
— Tentaram matar o espinafre! — Diana gritou, se jogando em meus braços.
Os olhos dela estavam vermelhos e acreditei que havia chorado por muito tempo, pois seu rosto já estava seco, mas apresentava olheiras profundas e todo seu corpo parecia sofrer espasmos de tempos em tempos.
Ela continuava agarrada em meu pescoço, dizendo termos que nos mudar, que tinha um assassino à solta, que ela havia visto na TV, que aquele não era um lugar para a gente viver, que eu deveria cuidar melhor da segurança, que o cachorro poderia ter morrido. Misericórdia! Eu não estava preparado para ver Diana acordada e muito menos ter que lidar com toda aquela situação.
Usei minha mente fria e calculista para analisar rapidamente a situação. O pulguento estava em cima do sofá, mastigando um sapato meu, a casa parecia em ordem, logo ninguém poderia ter entrado, então procurei acalmá-la e sentá-la no sofá. Apresentei nossa convidada rapidamente, embora não acredite que ela tenha prestado atenção. Diana correu para trancar a porta e estava roendo as unhas, isso me fez ficar um pouco em alerta, mas eu teria que lidar com uma coisa de cada vez. Levei a Diana 2 ao banheiro mais próximo e pedi que tomasse banho e que em breve eu lhe traria roupas novas.
Voltei para a sala, chamando por todos os santos que Diana 2 não pulasse a janela e saísse correndo para nos denunciar, e tentei conversar com Diana 1 e entender exatamente o porquê de ela achar que o sarnento estava em apuros.
À medida que ela me explicou tudo que aconteceu, eu comecei a ficar preocupado. Segundo ela, começou com uns assobios do lado de fora e ela olhou pela janela, diz ter sentido algo dentro, dizendo que não deveria abrir a porta e olhar o que era. Mas depois notou que o cachorro não estava em casa e só notou isso, pois o ouviu rosnando para a floresta escura.
Ela disse que viu uma sombra que jogou algo na entrada e, depois de alguns minutos, ouviu um motor de carro. Concluiu que, seja lá quem fosse, havia ido embora. Abriu a porta e colocou o espinafre para dentro, não sem antes pegar o embrulho jogado, era um bolo de carne com cacos de vidro. Ela sabia que quem quer que fosse esperava que ele comesse e morresse com uma dor extremamente dolorosa. Sorte nossa que o cachorro não comeu, sorte nossa, sim, pois até me agradaria me livrar dele, mas não pelas mãos de um merda amador que tinha a audácia de perturbar minha casa.
Meu primeiro pensamento foi que a polícia havia me descoberto, mas depois cheguei à conclusão de que eu estava lidando com uma situação completamente nova e incerta. Esse tipo de situação me deixa fora da minha zona de conforto, eu sempre sei as regras e os passos e as pessoas estão submissas à minha vontade e não ao contrário.
Jamais passou por minha cabeça que o suposto assassino estivesseexclusivamente atrás de mim, em minha mente, era apenas um maluco à solta queencontrou a casa por acaso, viu Diana e resolveu aterrorizar. Mas isso nãoficaria assim, eu o pegaria e cortaria cada pedaço de sua carne por atormentarminha Diana e meu cachorro!
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Com amor, Jeff the Killer
FanfictionEla era doce, eu não Ela era boa, eu não Ela era ingênua, eu não Eu estava apaixonado, ela não... Será o amor capaz de controlar sua necessidade de matar?