Capítulo 28

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Obrigada pelas pessoas que me procuraram no Instagram, isso é uma alegria imensa para todo escritor.

Eu estava mascarado, uma máscara típica de Pierrô. Quando a Silvinha viu o ramalhete e eu educadamente disse ser uma entrega, a vadia abriu um sorriso de iluminar o mundo e suspirou falando o nome de algum idiota que não faço a menor ideia de quem poderia ser.

O brilho iluminado, quase humilde em seus olhos, se esvaiu completamente. Ela voltou a ser a mesma vagabunda de sempre, se achando superior a um entregador de flores, me olhou de cima a baixo como se eu fosse seu cachorro de estimação e apontou para uma cômoda em madeira trabalhada.

— Coloca ali, anda logo, vai esperar que elas murchem?

Segurei meus instintos, sem pressa, essa seria uma noite muito, mas muito especial. Dei uma boa olhada pela sala, nenhuma das outras quatro piranhas estava por perto, provavelmente no andar de cima, isso facilitaria muito as coisas para mim.

— Pega esse vaso aí no chão e coloca dentro. — Me disse.

Fiz o que me era dito e fui em direção à cozinha com as flores para colocar água. Sei lá o que se passa na cabeça de uma anta como essa, mas como ela deixa um estranho circular pela casa sem nem pensar a respeito, é como se ela achasse que um entregador tinha por obrigação ir à cozinha, encher o vaso e trazê-lo de volta.

Quando regressei, ela estava esparramada no sofá, lixando uma unha, como se eu não estivesse mais presente. Cheguei a pensar que eu poderia estar invisível, pois fiquei parado ao lado da cômoda onde deixei as flores e ela terminou a unha, pegou o celular, digitou sei lá o que com um sorriso e nenhuma vez me olhou. Eu já estava cansado daquela palhaçada, cruzei os braços e tirei minha máscara. Demorou ainda alguns segundos até ela me notar ou lembrar que eu ainda estava na casa dela. Primeiro me olhou de forma assustada, depois seus olhos ficaram pequenos como se tentassem me reconhecer.

— Você não é o esquisito que estudou no colégio?

Ela perguntou, dando uma sacudida nos cabelos dourados e colocando uma mão na cintura.

— O esquisito tem nome. — Respondi com uma calma que não era minha.

— Jack, alguma coisa, ela disse já virando as costas, mas ainda ouvi sua voz perfeitamente.

— Você conseguiu ficar mais repugnante com essa cicatriz ridícula na cara. — Ela se virou para mim e disse: — Tentou cortar a sua cara feia fora?

Eis um momento de reflexão, geralmente minha cicatriz causa nojo, medo, ou pena, mas indiferença, como se eu merecesse tal coisa, isso nunca havia acontecido. Já era hora de parar com essa enrolação e partir para a ação. Detesto armas, já disse isso? Armas de fogo, elas são rápidas e não causam nenhum prazer, mas seriam úteis em meus planos.

Tirei o revólver da cintura e apontei em sua direção. Ela me olhou com deboche e disse:

— Não seja ridículo e cai fora da minha casa, sua cara está tirando a beleza da minha sala.

Ela provavelmente achou que a arma fazia parte da minha fantasia, ou não estava me levando a sério, sei lá. Então decidi provar que eu não estava brincando, me aproximei dela, a segurei pelos cabelos na parte de trás da nuca com força o bastante para ela entender que eu não estava para brincadeira e, o melhor de tudo, ver finalmente o medo em seus olhos.

Aparentemente deu certo, pois ela tentou gritar, o cano foi mais rápido e adentraram os lábios pintados de vermelho. Sussurrei em seu ouvido, ainda segurando seus cabelos, que deveria apenas me obedecer ou eu iria matá-la. Brincadeira, eu a mataria, me obedecendo ou não. O doce olhar do medo, isso me fascina ao extremo, seus olhos lacrimejaram e senti sua pele se arrepiar, parte do corpo tremia e isso era muito excitante.

Com amor, Jeff the KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora