Dois Lados | Negan

Capítulo 25

FLASHBACK

- Sou ótima, não sou? Parece que eu nasci sabendo - me vangloriei para Daryl quando acertei no alvo pela quinta vez seguida.

Eu estava levando a sério as aulas que Daryl estava me dando. Era bem mais fácil puxar o gatilho da minha arma, mas a besta também era divertida.

- Nada mal - ele deu os ombros, pegando a besta da minha mão - O que acha de uma caçada de verdade?

- Não vou apoiar você a matar esquilos - eu sentei no chão com as costas apoiadas na parede. Minha calça jeans havia rasgado no joelho e em outro momento no passado isso seria estiloso, mas agora significava que eu teria que conseguir outra para substituir essa.

- A gente caça algo maior, tipo um coelho - disse fazendo graça, ajeitando uma flecha na crossbow.

- Um coelhinho? Ah, não - eu joguei uma pedrinha nele, que acertou na sua bota - Você não tem pena deles?

Ele deu os ombros.

- O bicho maior come o menor - ele resmungou e eu gargalhei com sua resposta.

- Isso também se encaixa com a gente, levando em conta que você é um bicho do mato, literalmente? - provoquei, eu adorava fazer isso.

Ele me olhou com aquela carranca que eu conhecia bem e eu fiquei de pé, o vendo pendurar a crossbow nas costas.

- Me diz você, eu te como bem? - ele murmurou. Eu abri a boca, incrédula por sua vulgaridade repentina. Ele quase riu, com aquela cara de minha resposta foi melhor que a sua.

Eu arqueei minhas sobrancelhas e ele passou a mão na testa, limpando o suor.

- Podia ser melhor, mas não posso ser muito exigente, né? Não sobraram muitos homens - alfinetei e ele riu, um murmúrio de deboche, mas que me derreteu porque era difícil arrancar um sorriso dele.

- Percebi isso ontem quando você estava gemendo como uma gata no cio - disparou e eu dei um tapa no braço dele.

- Você é um ogro - eu fiz uma cara de nojo, mas ao mesmo tempo queria rir. Eu não quis dar o gostinho de rir e dei as costas, mas ele me puxou de volta, me abraçando pela cintura.

- O que foi, eu tô mentindo? - ele falou e eu me recusei a olhar para ele e cruzei os braços, criando uma barreira no abraço que ele tentava me dar - Isso foi um elogio, só pra saber.

Eu o encarei e meu coração derreteu como sempre quando olhava ele me fitando com carinho. Tão bonito. Mais ainda pelo homem que ele era por dentro. Eu via a bondade em seus olhos mesmo depois de tudo o que já vi Daryl fazer.

- Bem romântico me comparar com um animal - resmunguei e ele descruzou meus braços para que eu o abraçasse.

- Uma gatinha - ele me deu um beijinho e eu me rendi, passando meus braços por seu pescoço.

- A gatinha aqui arranha - eu pressionei minhas unhas curtas na sua nuca e ele deu um sorrisinho.

- Eu sei. Então, vamos ou não garantir o jantar? - perguntou.

- Vamos.

_____

- Tudo bem, eu consigo caminhar - insisti quando Daryl se ofereceu para me pegar no colo.

Eu machuquei meu pé enquanto estava caçando com ele, na verdade eu rolei barranco a baixo. Nunca vi Daryl tão desesperado. Eu acho que devo ter torcido ou algo assim, porque estava doendo muito.

- Deixa de ser teimosa - ele resmungou e eu neguei de novo.

- Se eu chegar carregada, Rick vai achar que fui mordida ou algo assim. Não quero que ele tenha um ataque cardíaco.