Capítulo 23 | PARTE 2

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O suicídio de Rachel mexeu com todos e criou um clima tenso nos primeiros dias, mas tínhamos que seguir em frente. Eu pensei em não contar a Thomas o que houve, mas uma hora ou outra ele saberia. Ele ficou triste quando soube, mas mais confuso.

Agatha assumiu como professora e eu acompanhei Thomas de perto para ver como ele passaria por isso. Ele gostava muito de Rachel e para ele foi uma perda grande.

Eu acho que Negan se culpou pelo que aconteceu, assim como eu. A gente sempre pensa que poderia ter feito mais, mas a verdade é que não podemos salvar ninguém. Algumas coisas simplesmente não tem concerto. Como você pode convencer alguém que a vida vai voltar a ser como antes depois de um acontecimento daqueles? Como você pode convencer alguém a se manter vivo?

Há coisas que só o tempo cura, e eu esperava que essa sequência de tragédias fossem uma delas.

1 MÊS DEPOIS

A expansão dos muros havia começado e estava indo de vento em popa. A nova área daria lugar para mais umas dez casas e a rapidez e empenho que os homens estavam trabalhando era invejável.

Eu estava sempre por perto, garantindo que eles tivessem o que precisavam. Eu amarrei meu cabelo num rabo de cavalo alto e peguei a cesta com garrafas de água e fui ao encontro de todos que estavam trabalhando, entregando a eles.

Eu vi Paul mais afastado, trazendo algumas madeiras e jogando-as no chão, juntamente com outras, e então vi Adam. Ele estava sem camisa, suado, sua pele bronzeada brilhando no sol.

Eu via essa cena diariamente, mas a primeira vez foi diferente. Ele era um homem bonito, mas eu nunca tinha reparado nele. Ele era só o amigo de Negan, bom, isso até que eu o visse sem camisa. Seus músculos saltaram quando ele pegou algumas madeiras do chão e as jogou perto de onde Paul estava.

Os dois estavam num papo animado, rindo, e eu parei de encarar Adam quando eles notaram minha presença, mesmo que afastada deles.

— Ellie cozinha como ninguém, não é, Ellie? — Paul disse, me colocando no assunto.

— Até hoje não matei ninguém — respondi e entreguei uma garrafa para um senhor que estava sentado ali próximo, descansando à sombra.

— Você podia cozinhar pra gente — Adam disse quando eu me aproximei deles e entreguei uma garrafa a Paul.

— Vai sonhando — eu disse e joguei uma garrafa para ele.

Ele a agarrou, sorrindo para mim. Eu tentei manter meu olhar em seu rosto, mas não consegui ignorar e olhei novamente aquele torço definido.

— Qual é! Nós estamos aqui, dando nosso couro nesse sol para te manter segura e você nos nega comida? — ele brincou e eu ri.

Eu gostava da energia dele. Sempre pra cima, sempre animando as pessoas ao redor.

— O máximo que eu posso fazer é emprestar minha cozinha e vocês fazem o resto — eu disse e para minha surpresa, ele concordou.

— Paul cozinha e eu lavo a louça — ele piscou para Paul, e não sei se foi com a intenção de ser sensual, mas foi. Muito.

— E eu bebo enquanto assisto — eu completei e Paul se rendeu.

— Fechado — meu amigo disse e bebeu metade da água da garrafa, mas então eles olharam para trás de mim.

Eu olhei por cima do ombro e era Negan vindo, e eu rapidamente peguei a cesta com as garrafas agora vazias.

— Volto mais tarde — eu disse a eles, e saí de lá.

Dois Lados | NeganOnde histórias criam vida. Descubra agora