Capítulo 60

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no capítulo anterior...

Dwight levantou a lona e eu entrei na carroceria da caminhonete, me encolhendo e abraçando a mochila. Ele cobriu novamente e vozes foram ouvidas, e logo os homens voltaram e Dwight os instruiu a entrar no outro carro e deu a partida.


Tivemos algumas desacelerações aqui e ali com escombros, mas quanto mais íamos, mais relaxada eu me tornava. Eu queria sentar e deixar o ar frio fluir pelo meu cabelo enquanto eu agarrava o vento em punhados vazios, mas isso não era uma opção. Em vez disso, optei por expressar minha felicidade segurando a arma que tirei da mochila.

A desaceleração do carro quebrou minha atenção e eu fiquei tensa no mesmo momento. Era agora.

O carro parou completamente e a porta se abriu e fechou.

- Porque parou? - ouvi um dos homens perguntar e apertei a arma, ciente que logo Dwight levantaria a lona e eu teria que estar pronta.

- Acho que o pneu furou - Dwight respondeu com desinteresse e senti alguém chutar um dos pneus e o carro balançou.

- Acho que não, tá tudo bem pelo que eu tô vendo.

- Tá, espera aí - Dwight disse com uma voz mais tensa e a lona foi tirada de cima de mim. Eu pulei de pé na carroceria, apontando a arma para os dois homens.

- Que porra é essa? - um homem ruivo e magro perguntou, colando a mão na arma em seu cinto, assim como o Salvador ao lado dele. Dwight foi mais rápido em sacar a sua e nós dois apontamos para os homens.

- Joguem as armas e fiquem de joelhos - Dwight instruiu.

- O quê? - o outro cara, mais velho e mais alto perguntou, nervoso - O que tá acontecendo, cara?

- Mandei jogar as armas e ficar de joelhos! - Dwight gritou dessa vez e os dois jogaram as armas aos nossos pés se ajoelharam, o pânico estampado em seus rostos.

Eu sabia que eles tinham se rendido rápido assim porque eles eram novos nisso. Se fossem um dos Salvadores antigos de Negan, a coisa séria bem diferente.

Eu pulei da caminhonete, em nenhum momento desviando minha arma deles e fiquei ao lado de Dwight, que estava colocando o silenciador na sua arma.

- Por favor, não mata a gente, a gente não fez nada... - o ruivo começou a implorar. Eu engoli em seco e minha mão tremeu um pouco.

- Não precisa matá-los - eu disse para Dwight, que circulou os dois homens, ficando atrás deles. Eu queria partir sem ter que levar morte na bagagem.

- Qual a maldita diferença? - Dwight bufou, mas sacudiu a cabeça, suspirando - Escute, eu não estou tentando argumentar. Eu sei que você está procurando por uma solução altruísta, Ellie, mas nós estaremos deixando muitas pontas soltas se os mantivermos vivos, e não me diga que se o papéis fossem invertidos, eles dariam a mínima para nossas vidas.

- Esse não é o ponto - eu discordei.

- É - afirmou Dwight, mas seus olhos suavizaram - Sinto muito, mas temos que ser espertos, temos que
sobreviver e se deixarmos que eles vivam, nós não vamos.

- A gente não vai contar nada - o ruivo de joelhos prometeu - Não precisa matar a gente.

Eu não queria matar ninguém ou sequer dar o aval, mas Dwight tinha razão. Esses homens não tinham motivo nenhum para serem leais a nós e o que Negan tinha a oferecer a eles sempre pesaria mais.

- Ellie - Dwight me chamou.

Uma rápida refutação foi perdida em mim, então eu aceitei suas palavras com relutância e franzi a testa. Estávamos começando uma guerra, sim, mas eu esperava que as baixas fossem mínimas, e eu certamente não queria dar começo a elas. Parecia que eu não tinha escolha.

Dois Lados | NeganOnde histórias criam vida. Descubra agora