Capítulo 49

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DIA SEGUINTE

A manhã seguinte chegou e com ela tudo o que aconteceu na madrugada. Eu não conseguia lembrar quando e como consegui pegar no sono depois que Negan foi embora, mas eu ainda estava exausta demais. Não havia ninguém além de mim no quarto e eu levantei da cama, indo em direção à porta. Antes de eu abrir, ouvi o barulho da chave na fechadura, e em seguida Negan entrou com um prato e um copo de suco.

- Você me trancou? - eu disse quando ele deixou tudo sobre a mesa - Qual é o seu problema?

- Bom dia para você também - ele disse e apontou para a comida - Trouxe para você.

Eu não podia acreditar nisso.

- Você me trancou? - eu repeti. Eu sentia a violação e meu rosto enrugou-se em desgosto, em como isso era doentio.

Eu queria gritar e rasgá-lo inteiro. A raiva queimou dentro de mim quando uma mão fria se colocou sob meu queixo, trazendo-me de volta à realidade.

- Ellie - Negan sussurrou para mim, segurando meu rosto para que eu não pudesse desviar o olhar - Apenas coma.

- Tire suas mãos de mim - eu rosnei quando afastei a mão do meu rosto e ele fez uma careta.

- Não há necessidade de hostilidade.

- Quero minhas roupas. Quero descer e caminhar como o médico disse que eu devia - eu avisei.

- Vou trazer isso mais tarde, se você comer - ele apontou para a mesa - Sente-se - ele disse. Então, mais suavemente ele acrescentou - Por favor.

Como ele achava que eu tinha estômago para algo? Ele estava calmo e pacífico, então deduzi que seu plano era mesmo me enlouquecer.

Em dois ou três dias eles iriam para Alexandria e se eu fizesse o que realmente estava com vontade de fazer com ele agora, ele não me levaria, e eu precisava ir.

Não havia mais porque eu estar aqui, então meu plano era fugir quando eu estivesse lá. Seria menos arriscado do que tentar sair do Santuário. Eu só iria correr o mais rápido possível e isso era tudo o que eu tinha planejado.

Correr para a floresta assim que saíssemos do carro quando chegássemos a Alexandria. Negan não mandaria atirar em mim, ele preferia me torturar, e eu era rápida e sabia me esconder. Eu já estava no inferno, qualquer coisa era lucro. Negan havia me machucado no momento em que eu já estava quebrada e isso eu jamais perdoaria.

A verdade era que minha cabeça estava uma lambança e eu não estava conseguindo por em ordem essa bagunça. Mas de uma coisa eu sabia: eu não podia mais viver nisso.

Em uma raia de resignação, eu caí na segunda cadeira do outro lado da pequena mesa e peguei um pedaço de pão branco da bandeja de comida.
Mastigando com rancor, evitei o olhar para ele.

- Agora eu entendo o porquê disso tudo - eu disse, sem mais tocar na comida - Você queria que eu ficasse enfiada aqui dentro para sempre.

Negan levantou uma das mãos para esfregar a testa como se estivesse dispersando uma dor de cabeça crescente.

- É uma ideia tentadora, mas não. Você tem que parar com essa mania de perseguição.

Dois Lados | NeganOnde histórias criam vida. Descubra agora