- Então, encerramos por hoje? - eu perguntei, exausta depois de me levantar do chão.
Eu e Paul estávamos treinando juntos e ele era definitivamente mais rápido que eu. Havíamos improvisado um chão de tatame e eu estava mais nele do que de pé. Paul era um ótimo professor e apesar de me dar uma surra sempre, eu estava evoluindo aos poucos - ou melhor, voltando aos poucos.
- Como se sente? - ele perguntou, sua mão tensa na parte baixa de minhas costas enquanto me entregava a garrafa de água.
- Bem - eu disse tão alegremente quanto podia - Muito bem. Obrigado pelas dicas.
Minha cara não devia ser das mais animadoras, porque ele me olhou com a testa suada franzida.
- Você está brava?
- Porque estaria? - minha voz saiu mais aguda do que eu pretendia e ele se segurou para não rir.
Ele se aproximou e passou os braços ao redor dos meus ombros. Eu não disse mais nada, mas podia ver a sugestão de provocação em seus olhos.
- Porque você é competitiva demais.
Eu revirei os olhos, mas ele não me soltou, esfregando meu braço para cima e para baixo.
- Eu só tô num momento que não me sinto útil para nada - falei e ele me escutou atentamente, como ele sempre fazia, e eu percebi imediatamente pelo olhar no rosto dele que estava sendo tola - Eu sei - eu disse depois de um momento - Eu sou ridícula.
Paul assentiu seriamente e colocou as mãos no meu rosto.
- Eu ia dizer maravilhosa, mas... - ele deu de ombros exageradamente, e eu bati no peito dele.
O braço dele desceu dos meus ombros até minhas costas, prendendo-me firmemente contra o corpo dele.
- Quer me mostrar alguns movimentos?
Eu me inclinei para trás - até onde o aperto de vicioso ao redor de minhas costas permitiu, e neguei.
- Não - eu disse, rindo - Qual o ponto? Você tem toda a vantagem.
- Vamos - disse ele - Vai ser... um desafio.
- Não - eu disse, ainda rindo, e dei um passo para trás.
Seus braços subiram para descansar levemente em meus ombros, e rápido como meu cérebro me permitiu, eu envolvi uma mão em torno de seu pulso direito e torci em seu corpo, enfiando meu ombro sob sua axila e jogando seu peso sobre meu ombro direito.
Sentiu-o voar sobre minhas costas, como ele já havia me mostrado como fazer na aula. Senti o breve momento de surpresa real, seguido rapidamente pela maneira como ele relaxou seu corpo e me deixou jogá-lo.
Quando ele estava deitado de costas, ele riu para mim.
- Muito bem - disse ele, mas eu encolhi os ombros.
- Você me deixou fazer isso.
Ele parecia ainda mais impressionado.
- Você acha?
Eu assenti.
- Obrigado por não machucar meu ego, ou me jogar do outro lado da sala.
Ele riu e ficou de pé.
- Quer tentar outro?
Eu encolhi os ombros.
- Certo. Venha aqui.
Ele caminhou até onde eu estava de pé. Eu olhei para trás para me certificar de que havia espaço suficiente para o que queria fazer.
- Coloque as mãos em volta da minha nuca - eu disse, mostrando-lhe como me agarrar.
Ele seguiu as instruções e levantou uma sobrancelha.
- E agora?
Eu movei meus braços para cima dentro de seu aperto e agarrei a parte de trás de seu pescoço com ambas as mãos, antes varrer os pés dele no chão com um impulso rápido.
Eu fiquei de pé e ele me encarou do chão mais uma vez. Mais uma vez, eu fui capaz de dizer que ele deixou seu corpo ir de bom grado, mas era algo para saber que eu executei o movimento corretamente.
- E então eu corria - eu disse com diversão.
Ele ficou de pé e seguiu em frente enquanto eu dava vários passos para trás.
- Você não parece estar correndo - disse ele com um brilho nos olhos.
- Bem, eu não estou em perigo agora, estou? - eu sorri, e ele continuou a avançar.
- Eu não teria tanta certeza sobre isso.
E atacou.
Nós desmoronamos no chão, a mão dele embalando a parte de trás da minha cabeça. Eu sorri para ele um pouco sem fôlego, mais de nossos corpos pressionados juntos do que qualquer um dos movimentos de luta que eu tinha acabado de demonstrar.
- E agora, o que você faria? - ele perguntou agora, segurando meus pulsos um de cada lado da minha cabeça - Imagine que eu sou um cara muito malvado tentando roubar você.
- Primeiramente se fosse em outro momento, eu não deixaria alguém me pegar assim - eu disse, meu peito arfando - Em segundo lugar... bom, eu não tenho um segundo lugar.
Ele riu e lambeu os lábios, e eu observei uma gota de suor descer por sua têmpora.
- Você não vai nem tentar?
- Eu gosto muito de você para te dar uma joelhada aí embaixo - eu disse e levei meu joelho até perto de sua virilha - Mas eu poderia se quisesse.
Ele abaixou o rosto até que estivesse pairando sobre o meu, e eu o senti me engolir com aqueles olhos.
- Tenho certeza que pode, mas não era bem isso que eu tinha em mente.
Por um segundo, achei que ele estivesse flertando comigo, até lembrar que nós dois gostávamos da mesma coisa.
- Sabe o que eu tenho em mente? Aquele seu molho de tomate maravilhoso cobrindo o macarrão caseiro - eu disse e torci meu corpo para que ele me soltasse, mas foi como tentar mover uma pedra.
- Tô começando a achar que você me quer só para isso - ele tinha um pequeno sorriso emoldurando a curva de seus lábios. Ele ainda não tinha soltado meus pulsos e quando tentei, ele me segurou.
Ele realmente estava brincando de flertar comigo?
- Aí, desculpa interromper o treino, mas vamos jantar em dez minutos - ouvi a voz de Glenn chamar.
- Você escapou dessa vez - Paul disse com um sorriso antes de pular de pé, me estendendo a mão e eu aceitei, não sabendo exatamente do que eu havia escapado.
Quem mais tá triste com a morte do Jesus? EU TÔ MT 😭
O que estão achando da amizade da Ellie e do Paul?
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Dois Lados | Negan
FanfictionEu achei que estava sozinha, até o encontrar. O que eu não imaginava era que isso fosse mudar e que eu, que tanto aceitava e obedecia as regras, fosse as quebrar. Mas o sangue é mais grosso que a água. Sempre. Daryl e Ellie estavam juntos até que o...