Meu pai me contou uma história uma vez quando eu tinha mais ou menos quatorze anos de idade. Ele me disse que eu fui diagnosticado com Síndrome de Asperger. Antes de meu pai contar essa história eu nem sabia que isso existia. Asperger é uma condição psicológica do espectro autista. Meu pai disse que é basicamente um autismo com sintomas leve, disse também que quando eu tinha cinco anos de idade ele me comprou de presente um Ferrorama. Aqueles Trem de Ferros Motorizados com trilho.
Eu me lembro disso e o engraçado é que eu não me lembrava até ele tocar no assunto. Lembro que aquele Ferrorama era meu brinquedo favorito. Lembro que quando abri as embalagens eu montei os trilhos, coloquei os vagões em ordem e depois de colocar a pilha eu o coloquei para andar. Aquele trem dava voltas e voltas sempre pelo mesmo caminho e foi quando meu pai e minha mãe perceberam que tinha algo de errado comigo. Eu passava exatamente o dia inteiro agachado no chão vendo aquele Trem dar voltas e voltas sem parar. Eu não me movia do lugar.
Meu pai me disse que se ele fosse às oito da manhã ver o que eu estava fazendo e voltasse às três da tarde eu estava na mesma posição olhando para aquele Trem de Ferro dando voltas. Sempre que as pilhas acabaram meu pai me dava outras. No começo eles pensaram que eu só estava feliz pelo brinquedo, mas eles tiveram que admitir que havia algo errado quando chegou ao décimo dia.
Acho que no fim das contas meu pai se culpava pelo o que tinha acontecido comigo. Eu não tinha amigos, não conversava com eles e nem com ninguém. Uma criança de cinco anos deve pular de um lado para o outro, fazer bagunça e se machucar, mas tudo o que eu fazia era ficar agachado vendo aquele Trem de Ferro dar voltas e voltas. Ficar na mesma posição me causava transtornos no outro dia porque eu não conseguia me levantar no dia seguinte.
A medida que eu cresci eu direcionei meus interesses a outras coisas. Aos oito eu colecionei tampas de garrafas. Todas as tampas que eu pudesse encontrar. Aos onze eu decidi que iria contar as estrelas do céu. Eu passava horas e horas do lado de fora contando as estrelas. Eu as desenha em um caderno e por mais que meu pai dissesse que seria impossível contar todas nunca era o suficiente para mim.Meus pais me levaram em vários médicos na infância até que um deles fez o diagnóstico correto. Meu pai disse que foi difícil encontrar o diagnóstico. Eu não era doente o suficiente para ser autista e eu não era saudável o suficiente para ser só uma criança antissocial.
A medida que eu cresci os sintomas se abrandaram um pouco, mas eu ainda tenho essa sensação de que quando começo algo de que quando eu estou interessado em algo eu me foco demais. Talvez isso tenha me ajudado a escolher a profissão que escolhi. Decidi ser o melhor dos estudantes. Os médicos disseram que eu deveria me focar me várias coisas direcionar os sintomas em algo bom. Foi assim que passei pelo colegial e aprendi a tocar piano, guitarra e bateria. Tudo ao mesmo tempo.
Ainda é difícil para mim sair para conversar. Para mim é difícil apenas curtir o momento. Para mim tudo tem que ser terminado. Eu não consigo me focar em algo e parar quando eu me canso. Não consigo parar enquanto eu não terminar. Aquilo fica na minha cabeça e é isso que me faz ser tão bom profissionalmente.
Eu só percebi que era tarde demais quando vi que a luz das salas do lado da minha se apagaram. Olhei em volta e vi que o escritório estava praticamente escuro e os últimos funcionários estavam saindo. Olhei para o relógio e vi que era quase sete horas da noite.
– Griffin? – Falou Morgan abrindo a porta da sala.
– O que foi? – Perguntei ainda olhando para o papel em minhas mãos.
– Você não esqueceu de nada?
– Do que está falando?
– Do seu encontro com Hugo.
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Príncipe Impossível (ROMANCE GAY)
RomanceGriffin era um jovem rapaz que acabar de entrar na Pegasus uma empresa de investigação particular como Contador Forense, onde tinha com ele uma equipe era formada por cinco pessoas. Gray Forbes, Eve Mallory, Kiff Sullivan, Holly McQueen e Morgan Pro...