Capítulo 31 - Príncipe Impossível

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Porque ele teve que morrer? Tudo aconteceu tão rápido. Em um instante estávamos na cama fazendo amor e no outro ele estava caído no chão. Sem vida. Foi como se o universo estivesse pregando uma peça em mim. Parece que ele só tinha deixado Gray viver para que eu tivesse alguns poucos momentos com ele e depois ele foi novamente tirado dos meus braços. Todos em volta usavam ternos pretos e todos pareciam bem tristes. Meus olhos estavam inchados e eu não conseguia mais chorar porque não tinha mais lágrimas.

A vida parece um presente. Parece um jogo divertido, mas isso só é verdade que até que nós nos apaixonamos. A partir desse momento a sua vida não é mais só sua. Não estou falando de namorados e nem de sexo, estou falando de paixão, de amor. Aquele amor que te faz sentir uma dor forte no estômago. Aquela paixão que te deixa acordado. É como se duas pessoas usufruíssem de um corpo só. A dor que um sente o outro também sente dentro de si.

Se eu soubesse que Gray iria embora tão cedo eu gostaria de não ter conhecido ele porque agora tudo o que sinto é uma dor dentro de mim. Nossa primeira noite juntos foi perfeita, mas foi única. Nunca mais vou poder tocá-lo ou sentir sua respiração em mim. Ele teve uma recuperação tão rápida do coma. Não imaginei que ele fosse ir de dez a zero tão rápido quanto.

– Você está bem? – Perguntou Eve próxima de mim. Eu não saia de perto do caixão dele.

– Estou bem – falei olhando para ela – um pouco cansado, mas estou bem.

– O que aconteceu? – Perguntou Eve curiosa – como ele morreu?

Olhei para Gray e vi a serenidade em seu rosto. As pessoas dizem que quando um ente querido morre ele parece estar dormindo, mas isso é mentira. Eu dormi muitas vezes ao lado de Gray e não se parece nada com ele dormindo.

– Eu tive que atirar nele – falei olhando para Eve – na cabeça.

– Sei que foi difícil, mas foi a coisa certa a se fazer – falou Eve tocando meu ombro.

A mão gelada de Eve me fez despertar. Estava suado e meu coração batia rápido. Abri os olhos e o quarto estava escuro. Por alguns instantes achei que estava sozinho e foi quando apalpe a cama a minha frente e não encontrei Gray. Por alguns instantes eu lembrei do pesadelo e tive medo. Continuei apalpando o lençol, mas não encontrei Gray e foi quando senti ele se mover atrás de mim. Ele me envolvia em seus braços – Ufa! – Pensei comigo mesmo. Foi só um pesadelo.

Gray estava abraçado comigo de conchinha. Sentia seu corpo quente esquentando o meu. Ambos estávamos de cueca e tínhamos feito amor pela primeira vez a poucas horas. O relógio na cabeceira marcava pouco mais das três da manhã. A respiração de Gray em minha nuca fez eu me acalmar. Eu ainda estava tremendo pelo pesadelo, senti um arrepio percorrer meu corpo ao me lembrar do que tinha sonhado.

Minha boca estava seca e precisava de um copo de água. Deslizei pelos braços de Gray e me sentei na cama. Acendi a luz do abajur e olhei para trás. Gray dormia profundamente. É péssimo sonhar com a morte de uma pessoa que você ama. Levei minha mão até os cabelos grisalhos de Gray e alisei-os de leve para que ele não acordasse.

Fui até a cozinha e peguei um copo de água. Tinha tanta sede que bebi quase três copos inteiros. Joguei o restante do terceiro copo dentro da pia e em seguida o lavei colocando no escorredor. Voltei até o quarto e fui até o banheiro. Coloquei me em frente a privada e mijei. Minha bexiga estava cheia. Lavei minhas mãos e voltei até a cama e me sentei. Estava gelado e Gray tinha chutado o cobertor para o lado. Era apenas ele de cueca branca deitado na cama.

Desliguei a luz do abajur, joguei o cobertor em cima de Gray e me deitei ao lado dele puxando o cobertor até mim. Me cobri até a cintura e por alguns instantes me vi sem sono. Porque isso acontecia tanto comigo? Se tinha uma coisa que odiava era a insônia. Os únicos momentos de paz que tinha na vida aconteciam quando eu estava dormindo.

Príncipe Impossível (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora