Capítulo 21 - Figura Paterna

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Estava feliz por finalmente sair de dentro daquela penitenciária. A sensação era horrível. Era como se o ar lá de dentro fosse pesado. Acho que a negatividade nos fazia ter essa sensação. Não sei se eu conseguiria ficar preso como aqueles detentos porque a sensação era horrível. A primeira coisa que eu fiz ao colocar o pé fora de lá foi respirar bem fundo. Deixar o ar entrar em meus pulmões.

– Você está bem? – Perguntou Bryan.

– Estou – falei respirando fundo novamente – é bom estar aqui de fora. Você não se sentiu mal lá dentro?

– No começo sim, mas eu sou advogado. Já me acostumei.

– Posso te fazer uma pergunta? – Nós caminhamos em direção ao táxi.

– Pode.

– Eu não posso deixar de pensar na possibilidade dele estar fingindo só para poder fugir da pena.

– Não é simples assim Griffin. Você está achando que fui eu quem o diagnosticou com Alzheimer? Foi um médico. E Não foi só um, foram três médicos diferentes. Foram feitos vários exames de sangue e de imagem, como tomografia e ressonância magnética do crânio para excluir a possibilidade de outras doenças. É real.

– É que é tão estranho – falei entrando no taxi.

– Eu sei – falou Bryan entrando e se sentando ao meu lado – é como se o verdadeiro ele nem estivesse lá.

– Pois é – falei sentindo o táxi seguir viagem de volta à cidade.

– Você tem certeza de que quer isso? Não quero te obrigar a nada.

– Você não está me obrigando. Eu preciso fazer isso ... é como está na bíblia: "Honra teu pai e tua mãe". Não importa o que.

– Então você é religioso? – Perguntou Bryan surpreso.

– Não. Eu nem sequer acredito em Deus.

– Eu preciso acreditar – falou Bryan – estando onde estou, fazendo o trabalho que faço eu preciso acreditar que alguns desses homens serão punidos na outra vida. Nem toda a vida merece ser salva Griffin.

– Então porque escolheu esse trabalho?

– Porque todos merecem uma segunda chance e eu faço o meu melhor. Se não der certo pelo menos eu tentei.

– Eu também acredito que todos merecem uma segunda chance – falei me lembrando de Gray. Tudo o que eu queria é que ele tivesse uma outra chance de viver e fazer as coisas certas.

Depois de vários minutos o táxi finalmente chegou até a cidade. Pedi que me deixasse em minha antiga casa. Bryan disse que agora ela pertencia a mim. Assim que saímos do táxi eu vi a casa logo a minha frente. Fazia tantos anos que não vinha até aqui que eu nem me lembrava da enorme árvore na entrada e nem do balanço de madeira.

– Aqui está a chave – falou Bryan me entregando um chaveiro com algumas chaves.

– Obrigado – falei caminhando até a casa.

– Ela está totalmente mobiliada – falou Bryan enquanto caminhávamos pelo caminho de pedra até a entrada. Não havia portão de entrada e o único muro era uma cerca viva que separava as casas – havia um casal morando aqui. Seu pai alugou ela por muito tempo, mas ele desistiu no último ano. Antes de desenvolver a doença ele passou ela para seu nome.

Enfiei a chave na fechadura da porta e a girei duas vezes. Ao abrir a porta a luz do sol iluminou aquele lugar que a tanto tempo não recebia uma visita. Dei alguns passos para dentro e abri as janelas e as cortinas deixando o lugar bem iluminado.

Príncipe Impossível (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora