Cap. 9

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Rebeca

- Samantha. Espere. Por favor. - Grito tentando alcançá-la, ela finge não me ouvir. - Por favor. - Repito o mais alto que posso. Vejo seus passos diminuírem.
Samantha para, eu continuo correndo até ela. Pego-a pela cintura, grosseiramente. Quando a viro e vejo seu rosto vermelho, coberto pelas lágrimas, meu coração é perfurado por facas invisíveis, pisoteado por gigantes, quebrado em mil pedaços. Passo meus braços por sua cintura, trazendo-a para bem pertinho de mim. Acaricio seu cabelo por alguns segundo. Havia perdido o controle da situação, hoje era para ser um dia romântico, mas fui dominada pela culpa.
Samantha se afasta de mim, secando os olhos com a mão. Tento abraça-la novamente, porém ela me da um leve empurrão.

- Não toque mais em mim! - A raiva esta presente em sua voz, como o sol esta presente no céu.

- Desculpe-me. - Meus olhos se enchem de lagrimas. - Fui uma idiota. Tente entender, deixei levar-me pela culpa. . - Minha voz falha, sinto as lagrimas escorrem.

- Não se desculpe. Você esta certa. Eu fui otária, gostando da pessoa errada, sexo errado, ano errado, tudo errado. - Samantha cospe as palavras. - Não seja falsa se fingindo de triste por minha causa. Nem nos conhecemos. Se for chorar, chore por te traído seu marido, por ter quase acabado com sua vida familiar.
Samantha está conseguindo me deixar cada vez pior, cada palavra que ela falava era mais uma nova faca enfiada em meu coração.
- Sam. - Digo tocando seus ombros. Nunca vira ninguém a chamar assim, nem sabia se podia chamá-la assim, mas estava arriscando. - Por favor, você está entendendo tudo errado. - Ela se afasta bruscamente.
- Tudo errado? Você me traz para esse lugar, me beija, se arrepende e deixa claro que não me quer... Não. Não entendi nada errado, e sim, tudo certo. Pare de tentar se explicar. Você não me quer, isso não tem explicação. Agora me leve para casa. Agora.
Entramos no carro, Samantha não me olha em momento algum. As lágrimas que escorriam sobre seu rosto haviam desaparecido, transformando a dor em raiva. Pelo menos era isso que parecia.
- Quer ouvir alguma coisa? - Digo ao ligar o som. - Pode escolher o que quiser. - Estou tentando melhorar o clima pesado que tomava conta do carro, agoniando-me cada vez mais, deixando-me mais culpada.
- O carro é seu, faça o que quiser. - Suas palavras eram frias, foi como jogar uma pedra na minha cabeça, talvez a pedrada fosse menos dolorosa.
O caminho foi mais comprido. Escutei um suspiro de alívio de Samantha assim que entramos na cidade.
- Deixe-me aqui. - Samantha parece mais calma.
- Hã?
- Pare o carro. Vou descer aqui. - Ela não me parecia mais tal calma.
- Porque queres descer aqui?
- Porque já sei onde estou. Irei pegar um ônibus para casa.
- Eu posso te deixar lá. E... Não acho seguro que fique aqui sozinha.
- É melhor não. Assim não corre o risco de alguém suspeitar de algo que não existe. Não quero acabar com sua vida familiar. - Ela fala ironicamente. - Você não tem que achar nada.
Como Samantha estava sendo uma garotinha mimada, tinha esquecido que ela não passava de uma adolescente imatura.
Paro o carro no acostamento, ela desce e bate a porta com força. Sinto que estou esquecendo de alguma coisa. Mas o que seria? Abro o vidro e grito "Sam, me mande uma mensagem ou ligue avisando que chegou bem."
- Virou minha mãe agora?
- Não. Mas posso me preocupar com você mesmo assim. - Ela simplesmente balançou a cabeça fazendo que sim. Aquilo me tranqüilizou. Fecho o vidro e vejo-a com uma cara de rindo com deboche.
Depois de vinte minutos já estou chegando em casa, lembro que Samantha não tem meu número, esse era o motivo pelo qual ela estava debochando então.
Paro o carro na garagem, Marlon já estava em casa. Minha garganta fecha-se ao me lembrar de tudo que acontecerá hoje. Como pude ser tão burra?
Lágrima voltam a escorrer. Queria poder voltar no tempo e mudar tudo.
Abro a porta de casa, o cheiro de lasanha invade minhas narinas, mas nem o cheiro da minha comida predileta me conforta.
- Oi amor. - Grita Marlon da cozinha. - Onde você esteve a tarde toda. Vou até ele. - O que ouve?
- Estava esfriando a cabeça.
- Fiz lasanha. - Muda de assunto ao perceber que não quero falar sobre o que havia acontecido.
- Não estou com fome. - Vejo o desapontamento em seus olhos. - Vou tomar um banho e me deitar. - Ele não me questionou.
No banho fiquei me perguntou onde estava Samantha, se já havia chegado em casa, se estava melhor.
Me sinto péssima, meu corpo ficava cada vez pior, e começa a ficar febril, mas sei que tudo era psicológico.
Poderiam as coisas piorarem? Minha visão fica turva por causa das lágrimas.

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