Rebeca
Saio meio perturbada do restaurante, minha cabeça meio bagunçada ao lembrar de coisas que deveriam ter ficado no passado. Respiro fundo não irei deixar isso estragar meu dia, tenho que estar com a cabeça no lugar ao encontrar Marlon.
Passo no mercado, compro muitas coisas, demoro muito escolhendo as melhores. Tive trabalho em escolher o vinho, nunca fui muito inteligente na parte de vinhos, mas eu sei aprecia-los. Marlon ama vinhos, toda sexta ela compra uma garrafa.
Em uma loja de velas, compro velas aromatizadas, com o aroma de camomila, quando transei com o Marlon pela primeira vez, o ambiente estava com o cheiro de camomila. Desde então, amo camomila, é algo que me tranquiliza, reconforta, e traz boas lembranças.
Olho no relógio que marca 18:00, já era para o Marlon ter chegado, normalmente ele chega as 17:00, acho estranho, mesmo que ele esteja trabalhando muito ultimamente, ele nunca fica depois do horário. Não consigo mais esperar, olho para a sala de jantar, toda arrumada como aquelas cenas românticas de filmes, as luzes vindas só das velas, deixando tudo ainda mais fofo.
Subo até meu quarto, pego um velho sobretudo creme, visto-o e desço correndo as escadas. Meu coração esta saltitando, estou tão feliz, sei que tudo dará certo, nossa relação voltará a ser como era a anos atrás, só de imaginar meus olhos brilham, lacrimejam de tanta emoção. As emoções começam a ficar tão intensas que não consigo mais identifica-las.
Paro o carro em frente ao trabalho dele, arrumo meu cabelo, retoco o batom e desço do carro. Respiro fundo, o ar esta seco, o tempo esta quente, só então percebo que foi um péssimo dia para usar um sobretudo.
- Oi. - Fala o porteiro.
- Oi, estou indo ver o Marlon. - Sorrio tentando ser meiga. Entro, passando por ele em paços firmes.
- Ele não me avisou que a senhora viria, não posso deixa-la entrar. - Ele diz puxando meu braço. Viro minha cabeça para trás.
- Eu sou a esposa dele, sempre posso entrar. - Tiro meu braço das mãos imundas do porteiro, andando rapidamente até o elevador.
Ando até a sala dele, quase saltitando. Minha ansiedade causa uma sensação muito estranha, sinto vontade de morder algo, chutar, me contorço. Conto até três e abro a porta.
Deparo com as costas de Marlon, sua bunda sexy, suas pernas torneadas, ele segura uma mulher loira, a professora de Frances, nunca me esqueceria daquele cabelo, muito menos do rosto angelical. Ela esta com as pernas em seus braços, fazendo movimentos para cima e para baixo.
- Ahhrg, Marlon. - Geme ela, e só então me percebe.
Por um momento minha mente se desliga, não consigo pensar em nada, compreender nada, minha respiração esta dificultosa, minha visão fica turva, meu corpo fica mole...
- Rebeca... - Abro os olhos e vejo Marlon. - Você esta... - Abraço-o.
- Tive um pesadelo horrível, você estava fazendo sexo com a professora de francês no seu escri... - Olho para cima, vejo Isabelle ainda nua parada a minha frente. Solto Marlon no mesmo instante, não foi apenas um sonho, aconteceu de verdade, minha garganta se fecha, lagrimas rolam pelo meu rosto.
- Vista-se. - Marlon fala para a vadia.
- Eu vou matar essa vadia. - Sussurro, levanto-me, vou em direção a ela, que esta de costas pegando suas roupas. Pego-a pelo cabelo, puxando com força, jogo-a contra a parede, batendo a cabeça dela, seu lábio começa a sangra.
Marlon me puxa para trás.
- O que você pensa que esta fazendo? Esta louca? - Marlon pergunta em um tom alterado, porém baixo.
- Eu quem tenho que perguntar, eu venho aqui lhe dar prazer, mas perdi meu tempo, já tinha outra fazendo isso por mim. Seu otario. - Eu grito, andando de um lado para o outro, entretanto, sem deixar de fita-lo.
- Eu poderia tenta explicar, mas não quero.
- Mas eu quero que você explique - Digo tentando manter a voz baixa.
- Não, não quer.
- Quero. - Grito, aproximando-me dele. Que da um passo para trás. Sua cabeça cai para trás, ele parece procurar por palavras, ou por forças.
- Rebeca, você é fria, isso me incomoda, você é frígida, não consegue me satisfazer em muitos aspectos, principalmente emocionalmente. Eu não quero mais saber de você, já tem um tempão que estou cheio da vida que levamos, só não sabia como te contar. - Ele fala rápido, sua respiração esta acelerada. - Você ter vindo aqui hoje, facilitou muito as coisa.
- Você não pode me deixar.
- Não só posso, como vou. - Ele passa as mãos pela cabeça, bufa e virasse de costas para mim, ficando de frente para a Isabelle.- Eu sei que você me traiu, mas eu lhe perdoo, você não sabia o que estava fazendo.
- O que? Eu sabia muito bem o que estava fazendo, como também sei o que estou fazendo agora.
- Vamos sair daqui, preparei um jantar a luz de velas para nos dois. Você não esta pensando direito. Vamos nos acalmar. - Digo com bastante calma.
- Qual a parte do "eu não te quero mais", você não entendeu?
- Toda. Você me ama, sempre me amou, e errou, todos erramos, mas eu te perdoo, por que eu também te amo. - Ele estreita os olhos.
- Rebeca, amor acaba.
- Acaba, mas o nosso é forte demais para isso.
- Rebeca, saia já daqui.
- Eu te perdoo meu amor. Eu te amo. Vamos viver juntos até a morte. - Ele me pega pelo braço, apertando-o forte.
- Esta tudo acabado, sua doente, psicopata, frígida do caralho. Eu não te quero mais. - Posso ver a raiva em seus olhos, assim como desgosto, eu quero beija-lo, fico excitada ao vê-lo tão bravo. Ele me solta, empurrando meu corpo para longe, caio no chão, e só então a ficha cai, meus olhos se enchem de lagrimas, eu não consigo mais enxergar nada. Quero destruí-la- Marlon, vamos esfriar a cabeça, eu te dou um tempo, eu te quero, por isso é amor, superaremos isso juntos.
- Olha quem esta falando de amor, a pessoa incrédula.
- Você não pode me deixar.
- Rebeca coloca uma coisa na sua cabeça, eu passei metade da minha vida ao seu lado, por pena, você me da nojo. - Meu mundo se desfaz.- Oh Deus o perdoei, ele não sabe o que esta fazendo. - Ele torna a me pegar pelo braço, levando-me ate a porta.
- Espero que quando chegar em casa não depare com sua incredulidade. - Bate a porta na minha cara. Escuto ele a trancar. Bato na porta gritando algumas coisas.
Depois de alguns minutos percebo que isso não esta resolvendo, e tudo que consego fazer, é ficar olhando para a porta fechada, aos prantos. O que será de mim agora? Ele irá se arrepender de ter escolhido aquela vagaba.Estou sendo otaria de me rebaixar tanto, não preciso dele para nada, posso conseguir outra pessoa rapidamente. Ele é um idiota. Seco minhas lagrimas, saio do anexo como se nada tivesse acontecido. Entro no carro e coloco o som no máximo, esta tocando Don L - Beira de piscina (remix), não gosto muito dessa musica, pois ele a odeia, ouvindo ela agora sem ele por perto, consigo perceber o quanto o toque é bonito, algo divertido e descontraído.
Pelo incrível que pareça, o mundo continua tendo sentido, continuo sendo eu mesma, o ar continua a entrar em meus pulmões, e tudo gira corretamente.
Não sei para onde ir, não quero voltar para casa até por que aquela casa não é minha, e tudo que venha dele me da nojo. Saio desgovernada pela cidade.
Preciso de conforto, preciso de alguém ao meu lado, se ele me deixou, eu não posso ficar sozinha. E sei muito bem a quem procurar.
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O mais novo interesse
RomanceSamantha descobre que tem desejos fora do comum por Rebeca, sua professora de direito, casada. Poderão elas ficarem juntas? Poderá Rebeca largar tudo para ficar com Samantha?