Cap. 22

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Tobias

Samantha esta sendo dramática, não sei da onde ela tirou que me incomodaria. Tive que bajula-la um pouco, até ela concordar em vir para minha casa. Ajudei Samantha a arrumar as roupas, ela parecia distante, confusão e bem cansada.

Quando chegamos em casa, preparei dois sanduiches naturais para jantarmos, jogamos conversa fora enquanto comíamos, mas Samantha continuou distante, ela ria, respondia, entretanto foi algo bem forçado.

Enxugo minhas mãos ao terminar de lavar as louças, olho para Samantha que esta encostada no balcão, viajando. Se a situação não fosse tão grave, eu gozaria muito do jeito que ela esta agora.

- Ei, benzinho. Em que mundo você esta? - Digo soltando um sorriso torto.

- No dos meus pensamentos. - Responde sem animo.

A alegria da Samantha é tão contagiante, que estou quase desmaiando de cansaço. A encaro, tentando adivinhar no que ela esta pensando. "O Tobias é mesmo um desgraçado, estragou minha vida toda", "é muito estranho ter algo crescendo dentro de mim, até parece um bicho", "o que as pessoas irão pensar de mim? Será que me acharam puta?", "meu fígado esta doendo...", morro de rir com o ultimo pensamento, quem pensaria nisso? Só eu mesmo para imaginar algo assim. Samantha parece não perceber que estou tendo uma leve crise de riso, o que é bom, não quero ter que explicar o motivo dessa crise.

- No que minha princesinha esta pensando? - Assim que termino a pergunta, arrependo-me. Poderia existir um botão "excluir frase dita".

Samantha fica ainda mais pensativa, ela não estava esperando minha pergunta, agora procura algum pensamento para usar como desculpa, por que ela não quer que eu saiba no que esta pensando.

- Vou tomar um banho. - Digo, poupando-a de ter que responder.

Saio rapidamente da cozinha, com passos leves, era como se eu estivesse flutuando. Entro no meu quarto, não me preocupo em fechar a porta, desabotoou a camiseta, jogando-a sobre a cama. Entra um vente gélido pela janela, balançando as cortinas, percebo que o clima começa a ficar menos frio, tornando-se um frio aceitavél. Olho para o relógio ao lado da cama, que marca sete e meia, hoje o dia foi gigantesco, cada minuto foi uma eternidade, espero que amanhã seja melhor.

Passo a mão na cabeça, inspirando, e pela primeira vez me recordo da noite que transei com Sam, os gemidos graciosos dela, seu corpo perfeitinho, o cheiro de seu cabelo, seus lábios quentes tocando os meus, de um modo feroz, ninguém nunca havia me beijado assim. E então tudo começa a ficar uma bagunça, e me lembro o que isso nos trouxe, um bebe, como pude ser tão irresponsável? Nunca vou me perdoar caso a vida de Samantha se torne um lixo.

Ingresso-me ao banheiro, fico vendo meu reflexo no espelho, há tanta coisa na minha cabeça, que acabo não pensando em nada. Coloco-me debaixo do chuveiro, deixo a agua tirar o cheiro do hospital, passo sabão por todo meu corpo, a porta se abre, assusto-me.

- Calma Tobi, sou eu. - Acho que não poderia ser outra pessoa, só tem nós dois na casa.

- Oi?

- Vim fazer companhia. Estava muito sozinha lá na sala. - Concordo com a cabeça.

Ela se encosta no boxe me observando, fico envergonhando, mas ajo normalmente, é a primeira vez que uma mulher me observa a tomar banho, esfrego o shampoo em meus cabelos, enquanto Samantha canta uma musica que não conheço, tranquilizando ainda mais meu banho.

- Pega minha toalha, por favor. - Solicito a Samantha, que esta atrapalhando minha passagem. Ela olha diretamente para meu pênis, fico sem graça, e ela cora as bochechas. Virando ligeiramente para pegar minha toalha.

***

O dia começou cedo, com sol batendo no meu rosto, despertando-me. Olho para o lado e vejo Samantha dormindo, fico observando-a por alguns segundos, até ser interrompido por uma tremenda vontade de mijar. Corro para o banheiro, quando volto encontro Samantha de pé.

- Bom dia, tutu.

- Bom dia flor. - Dou um beijo em sua testa.

Reparo Samantha devorar seu café da manhã, pergunto algumas coisas, ela responde só por obrigação. Decido parar de forçar. Não conversamos muito no restante da manhã.

Vim para o trabalho, mas fiquei meio mau por deixa-la sozinha em casa, ela me ligou simplesmente para ouvir minha voz, alegando estar se sentindo sozinha, fiquei com ela na linha um bom tempo, mas trocamos pouquíssimas palavras. Quando voltei para casa, Samantha ficou me seguindo para todo canto, não fala nada, só ficava por perto, com um jeito cabisbaixo.

Os três dias seguintes foram do mesmo jeito.

Sim, essa é uma situação complicada, a vida dela mudará para sempre de agora para frente, mas ela não precisa se entregar assim. Ela está agindo como se isso fosse a morte. Vê-la assim, esta me matando. Tenho que fazer alguma coisa.

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