Cap. 21

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Tobias insistiu muito para que eu viesse ao hospital, acabei concordando, só para ele parar de se preocupar tanto. Mas me sinto bem, acho perca de tempo ter vindo. Eu só estou o atrapalhando. Não me vejo sem ele, entretanto acho que ele viveria melhor sem minha pessoa, que só da trabalho.
Deitada em uma maca, olhando para o teto branco, recebendo soro na veia, a enfermeira disse que eu estou um pouco fraca, principalmente depois dos exames.
O médico que está cuidando de mim, é novinho, uma gracinha, mas tem um jeito estranho. Ele não quis me contar o que eu tenho, saiu daqui com um sorriso no rosto, algo meio triste, meio forçado, não consegui decifrar bem. Deve ter ido dar alguma notícia ao Tobias.
Será que sou anêmica? Ou tenho algum tipo de câncer? Quanto tempo de vida ainda tenho?
O silêncio do hospital torna meus pensamentos mais sombrios, preciso me distrair com alguma coisa. Conversar com alguém, mas estou abandona nesse quarto. Tobias foi trabalhar? Ligou para meus pais virem me buscar? Terei que ficar o dia todo aqui? E esse provavel câncer?
Ao fazer a ultima pergunta, a porta se abre, o médico entra, seguido por Tobias. Fico contente por ele ainda estar aqui comigo, significa que sou importante para ele, mais até que o trabalho. Fico triste por ter sido uma pedra em seu caminho, fazendo com que ele perdesse um dia trabalho, se bem que essa não é a primeira vez que ele falta por minha causa, sinto-me culpada.

O médico olha para Tobias. Eles olham para mim.
- Eu conto, ou você conta? - Diz o doutor Switt. Fico assustada.
- Contar o que? Da para pararem e  dizer logo o que eu tenho. - O tom da minha voz sobe a cada palavra. Não gosto que escondam as coisas de mim, principalmente quando se trata de doença. Meu sangue começa a ferver. Para que tanta enrola?  - Estou morrendo, é isso? 
- Será que você poderia nos deixar sozinho? - Pergunta Tobias com a voz serena. O Doutor Switt balança a cabeça, saindo do quarto lentamente.
- Tutu... - Uso o velho apelido dele. - Pode me contar logo o que esta acontecendo?
- É algo muito complicado. Eu sei que sou o único culpado. Vou entender caso nunca mais queira falar comigo. Mas quero que saiba que estarei sempre ao seu lado, irei ajudar com tudo que for preciso. - É difícil para ele, algo o esta atordoando. Será que é algo tão grave assim? Chego a conclusão de que estou morrendo, só não entendo por que ele tem culpa.
- Tobias! Não sei do que você esta falando. Mas nunca vou deixar você sair da minha vida, ainda mais por coisas fúteis. Mesmo que eu esteja morrendo, vou passar cada segundo ao seu lado.

- Hã? Morrendo? Você não esta morrendo. Tu estas grávida. - Meus pensamentos se quebram, sou atingida com um grande saco imaginário.
- Eu estou o que? Grá-grá-vida? - Gaguejo.

 Tobias concorda com a cabeça, pega minha mão, nossos dedos se entrelaçam. Vejo uma lagrima escorrer em seus olhos. Tobias esta se sentindo culpado, posso perceber isso até no modo como ele esta respirando, mas na verdade a culpa não é só dele, ele não transou sozinho.
- Desculpe-me, por favor. - Ele choraminga, as lágrimas começam a escorrer.
Eu não estou acreditando em nada, estou esperando alguém aparecer e gritar "pegadinha", talvez até algumas câmeras, muitas pessoas gozando da minha reação. Olho para os lados a procura de algo que mostra que isso tudo é uma brincadeira, mas tudo esta normal, não há sinal algum.
Meus pensamentos estão nublados, mil coisas estão passando pela minha cabeça, entretanto nada que me faça entender. Sento na cama, aperto a mão de Tobias com mais força, com a outra seco suas lágrimas, ele anda muito sensível e emotivo ultimamente, se fosse uma mulher, acharia que ele é quem esta grávido.
- Tobi, você não tem culpa. Eu também errei. Esse erro é nosso. - Puxo ele para um abraço.

Tento parecer forte, mas estou apavorada, corroendo-me por dentro. Sei que tenho que ser forte, pois Tobias irá se culpar eternamente, não posso deixar ele se massacrar. Não sei qual será a reação dos meus pais, minha mãe ficará chateada, mas será compreensiva. Meu pai por outro lado, aimeudeus, acho que ele irá surtar. Respiro fundo, esta abraçada com Tobi me faz relaxar um pouco.
O Doutor entra, Tobias se afasta. O Médico  começa a da um monte de instruções, eu finjo prestar atenção, mas fico imaginando como será contar para os meus pais, como será morar na mesma casa que eles, como será minha vida daqui sete meses.

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