Cap. 20

10.3K 522 25
                                    

- Obrigada por ter vindo. - Diz Samantha com uma voz bem fraca, se eu não estivesse tão perto, não a teria ouvido. - Espero não ter interrompido nada.
Pego os matérias de Samantha, assustando-me com o peso de sua mochila, uma garotinha tão miudinha, não deveria carregar tanto peso. Seguro a Samantha pela mão, puxando-a para mais perto de mim. Descemos as escadas em silêncio. Não queria enche-la de perguntas, dei espaço a ela para que falasse apenas se quisesse.
Quando saímos portão a fora, fomos atingidos pela ventania, que bagunçava o cabelo de Samantha, e percebi que fez com que ela tremesse de frio. Tentei andar mais rápido, para ela poder entrar no conforto e calor do meu carro, mas ela não consegue andar mais rápido, esta fraca. O meu carro ainda está longe, Samantha irá congelar até chegarmos nele. Eu tenho que fazer alguma coisa.
Ajeitei a mochila no ombro, pegando Samantha no colo, como se ela fosse minha esposa e estivéssemos em lua de mel, um sorriso leve apareceu no meu rosto ao imaginar isso. Samantha achou meio estranho meu gesto, ficando com uma expressão de espanto no rosto.
- Para andarmos mais rápido, minha florzinha. - Faço uma pausa, estudando a expressão em seu rosto, que agora era de incompreensão. - Para você não morrer de frio. - Ela parecia não ter entendido ainda, mas decido deixar assim mesmo.
Com meus longos passos não demoramos nem dois minutos para chegar no carros. Ajeitei-a no banco, dando a volta enfrente ao carro e finalmente entrando nele. Solto um suspiro ao colocar o cinto, ligando o aquecedor. Olho para Samantha que não se mexeu desde que coloquei-a no banco, ela esta com os olhos abertos, bem longe desse mundo, se não estivesse respirando, diria que estava morta.
Não queria tirara-la de seu transe, mas precisava saber para onde iríamos, hospital ou sua casa. Perguntei sem tirar o carro do lugar.
- Sua casa, por favor. - Responde sem nem pensar.

- Acho que você deveria ir a um médico... Mas se é a minha casa que te fara bem, é para lá que iremos. - Digo calmamente, prestando atenção na rua.
Pegamos transito, o que me irritou um pouco, fiquei alternando entre a estrada e Samantha, que acabou adormecendo. Parei em frente a um mercado, precisava comprar coisas para comermos, algumas coisas leves para que Samantha se sentisse melhor, ela deve esta apenas com uma virose.
Não sei se deixa-la dormindo aqui dentro do carro é seguro, tiro os olhos do volante, olhando em sua direção. Ela dorme como uma bonequinha, respiração lenta, mãos sobro as coxas, cabeça meio inclinada para o lado direito, cabelos caindo sobre o rosto. Não posso acorda-la. Tiro o cinto, inclinando-me mais para perto dela, deitando o banco devagar para que ela não acordasse. Levo minha mão ate seu rosto, afastando o cabelo. Acaricio seu rosto, não entendo da onde tinha saído aquele desejo, não pensei, só a acariciei. Queria a proteger de tudo e todos. Ela começou a abrir os olhos, eu ligeiramente me afasto, com a respiração rápida, tento disfarçar. Sussurro um tudo bem, e ela voltou a fechar os olhos.

***

Carrego Samantha cuidadosamente ate minha casa, ela abre os olhos, mas assim que a deito na minha cama, volta a fecha-los. Cubro-a com meu coberto, dando um beijinho na sua testa. Volto ao carro para buscar as compras.
A porta do elevador se abre, saio olhando para o chão, as sacolas estão pesadas, nada que eu não possa carregar. Trombo em alguém, xingo baixinho, torcendo para que ela não tenha ouvido. Suspendo os olhos e dou de cara com Marcelle, era a primeira vez que à estou vendo desde o incidente.
Ela sorri para mim, seu sorriso é fraco, entretanto verdadeiro. A cena de tudo que aconteceu passa na minha cabeça como um filme acelerado. Tenho que dizer alguma coisa, tenho que me desculpar, porém não acho as palavras corretas. Abro a boca e não sei o que dizer.
- Olha, eu estava muito estressado aquele dia. Não queria ter dito tudo que disse... - Ela me interrompe.
- O que passou, passou. Fui obsessiva. Eu quem devia estar me desculpando nesse momento. Não devia ter invadido sua casa. Desculpe-me.
Solto um suspiro de alivio, nunca imaginei que ela seria tão compreensiva, eu realmente não sei nada sobre ela.
- Não a vejo há algum tempo... - Digo fingindo nunca tê-la ferido.
- Estava viajando, tirando umas férias.
- Quer jantar lá em casa esse fim de semana? Tenho que me redimir de alguma maneira.
- Adoraria. Vou me comportar como uma boa amiga. - Marcelle da uma piscadela. - Tchau.
Ando até meu apartamento, coloco algumas sacola no chão para conseguir abrir a porta.
Depois de ter guardado as compras, preparado uma canja de galinha, levo uma cadeira para meu quarto, colocando-a ao lado da janela, com uma boa visão para cama. Pego o livro que estou lendo, sento na cadeira e começo a ler. Algumas vezes olho para Samantha, certificando-me de que ela esta bem.
Samantha se mexe, fazendo alguns ruídos. Levanto os olhos e a fito. Seus olhos começam a se abrir.

O mais novo interesseOnde histórias criam vida. Descubra agora