Cap. 7

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Rebeca

Aquele beijo havia sido perfeito, foi caloroso, levando-me as loucura, e me fazendo sentir como se tivesse dezoito anos, novamente. Aquele maldito celular tinha que tocar bem na hora? Se era pra fazer algo gostoso só uma vez, que não fosse interrompida. Queria poder ter aqueles lábios sobre o meu novamente, mas era algo impossível. Não posso trair meu marido, não posso deixar tudo por uma paixão lésbica de verão. Eu amo meu marido, não vai ser um desejo besta que vai mudar isso.

Dormir à noite foi difícil, acabei tendo uma noite de amor com Marlon, relembrando os velhos tempo, fazendo-me ver o amor, e tornando-o mais aceso. Entretanto nem isso resolveu, não consegui tirar o beijo de Samantha da cabeça

- Bom dia meu amor. - Diz Marlon beijando meus lábios. - Nossa noite foi ótima, deveríamos fazer isso mais vezes. - Dou um sorriso forçado, concordando com a cabeça. - Já preparei nosso café da manhã.

- Que fofo. - Ele realmente tinha gostado da noite, porque ele não é de preparar nada na cozinha. - Vou tomar um banho e desço para tomarmos café todos juntos. Enquanto me arrumo, acorde a Bianca.

Tomei um banho bem demorado e quente, estava precisando do calor do banho, a água caindo sobre mim, escorrendo pelo meu corpo. Quando terminei, me sentia mais leve, foi como se um simples banho tivesse tirado um peso das minhas costas.

- Bom dia mãe. - Bianca parece feliz. Passo por ela e dou um beijo em sua testa falando "bom dia meu amor". - Mãe e as coisa para a festa, já estão todas prontas? - A festa, havia me esquecido completamente.

- Quase. - Minto. Tinha que ter pego os convites ontem. Ai merda, como pude esquecer? Bianca tem que entregar os convites ainda hoje. Tento encontrar uma saída. Lembro-me que meu terceiro horario estará vago, e a gráfica já vai estar aberta, pronto. - Entrego-te os convites na hora do seu intervalo.

Começo a apreciar o omelete com pimenta, o suco de laranja e o Bacon, que Marlon havia feito. Meu café da manhã predileto.

- Meu amor, esta uma delícia. Nossa, bem que você poderia arrumar o café todos as manhãs. - Ele da um sorriso leve e da de ombros. Mudo de assunto ao ver as horas. - Bianca, meu bem, você já esta pronta? Esta na minha hora de sair.

- Meu pai me leva hoje.

- Não gosto da idéia de você ficar perdendo o primeiro horário. Deveria ter mais responsabilidade com os estudos, sem eles você não será nada. E eu e seu pai, não estaremos sempre por aqui para ter dar as coisas.

- Deixa de ser chata mãe, sou aluna exemplar.

- Ficar de recuperação em matemática te torna exemplar. É? - Retiro-me da mesa, indo até o escritório pegar meus materiais.

Quando desci do carro, depois de enfrentar um trânsito gigante, fui atingida pelas folhas secas, que o vento trazia consigo. O céu nublado, as árvores sem folhas. Do outro lado da rua é possível ver duas crianças brincado com as folhas secas, suas risadas, mesmo que fracas, conseguia ouvir. Lembranças da Bianca criança me veio a mente, como é bom ter uma criança em casa, desejei poder ter outro filho, dessa vez gostaria que fosse um menino.

A manhã passa rápido, fico grata por não ter que entrar no segundo ano, não suportaria olhar para Samantha, ver seus olhos grandes, coberto por tristeza, tristeza gerada por mim. Só de pensar nisso meus olhos se enchem de lágrimas.

- Como foi a tarde, meu amor? - Pergunta Marlon sentado a mesa.

- Minha tarde no tribunal foi péssima, cansativa e desgastante. Mas fiquei feliz por ter ganhado a causa. - Depois de me servir, sento ao lado de Marlon. - E a sua?

- Normal, muitos documentos para analisar...

- Convidei todo mundo do inglês, quanto mais convidados, mais pessoas apareceram, e mais presentes ganharei. - Bianca entra na conversa, e faz uma dança estranha, pelo fato de ganhar muitos presentes.

- Nem é interesseira, senhor. - Brinca o pai.

- Educação boa essa que nós demos... - Depois de um tempo em silêncio, descido falar algo. - O que deu em ti, Marlon? - Ele faz uma cara de como se não tivesse entendido. - Você fazendo café da manhã, jantar, que por sinal esta uma delícia.

- Estou mudando. - Depois de um pausa. - Algum problema com isso? Bom que não faço mais.

- Não. Só te estranhei. E pode fazer quando quiser. - Adorei ter chegado em casa cansada, com fome, e a janta já estar pronta.

Quando entrei no segundo ano e não vi Samantha em lugar nem um, meu coração se apertou. O que havia acontecido? Estaria ela bem? Tive esperança dela chegar na sala a qualquer momento, mesmo sento o último horário, idiotice da minha parte. Dei a aula normalmente, como se nada nunca tivesse acontecido, mas senti falta daqueles olhos me fitando, senti falta do medo de que algo pudesse acontecer.

- Rafael?

- Aqui.

- Renato?

- Presente.

- Samantha? - Chamo mesmo sabendo que ela não esta aqui para responder.

- Faltou. - Diz uma voz no fundo da sala, perto de onde ela costuma sentar.

- Deve estar fazendo sexo selvagem com alguma mulher. - A turma toda cai na gargalhada. Minha garganta se fecha, meu coração quase saiu bela boca só de imagina-la com outra mulher. Ela não poderia ter outra mulher. Ela tem outra mulher?

- Uma vez ela foi dormir na minha casa, e no meio da noite ficou passando a mão em mim. - Diz Della.

- Ela já tentou me beijar. - Diz outra garota.

- Vamos tomar cuidado agora, sapatão a solta. - Mais gargalhadas. Desde quando a turma sabe que ela é lésbica? Não gostei nem um pouco das piadinhas que estavam fazendo com Samantha.

- Calem a boca, seus inúteis, imprestáveis. Deixem de serem preconceituosos, se ela é lésbica, o preblema é dela, ela quem está pegando mulher. E parem de falar coisas sobre uma pessoa que nem está aqui para se defender. Se é para falar mal de alguém, pelo menos tenha caráter para falar na cara. Mas o medo não permite, né? Vocês não passam de um bando de covardes. - Fiz uma pausa para recuperar o fôlego. - Espero nunca mais escutarem nem um de vocês a desrespeitando.

Saio da sala sem nem terminar a chamada. Precisava vê-la, saber se estava tudo bem, nesse momento desejei saber seu endereço. Não poderia perguntar a ninguém, as pessoas poderiam desconfiar. Pesquisei, mas foi inútil.

Passei o resto do dia preocupada, tentando manter toda minha atenção no trabalho. Mas a pergunta "será que ela está bem?" não se calou em momento algum.

Acordei cedo na quinta, mesmo sendo meu dia de folga. A preocupação já não era grande. Perdi um bom tempo da manhã hidratando e secando meu cabelo. Quando o tédio chegou, e meus pensamentos só iam de Samantha a Samantha, decidi ir ao colégio vê-la, só observa-la já me acalmaria.

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