13 ¶ Maldita, Ame

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Connor Rivers •

Futuro.

Nunca gostei de pensar sobre isso, o futuro me assustava, não saber o dia de amanhã me frustrava. Às vezes me perdia imaginando as possibilidades de mudanças que ele me reservava. Eu estava sentado na arquibancada esperando o treino acabar, com muito drama Kent me convenceu a ficar e assistir. Ele vinha tentando me convencer a entrar pro time, ser capitão, tentar uma bolsa, mas isso nunca me interessou e eu duvidava que interessaria algum dia.

Odiava ficar correndo, tinha o pavio curto demais para levar empurrões no campo, era capaz de me embolar com o primeiro que tocasse em mim.

Kent era um péssimo capitão, estava preste a ser humilhado em campo por Scott, e era bem capaz do treinador tirá-lo dos próximos jogos. Fiquei apenas alguns minutos os vendo jogar, logo minha atenção foi roubada por uma criatura de cabelos loiros. Senti a raiva ascender dentro de mim, um sentimento incomparável que vinha à tona toda vez que colocava os olhos sobre ela.

Ame Brooks.

Mesmo após anos, ainda não compreendia como podia nutrir tanta raiva por alguém. Por muito tempo tentei esquecer o fato de que meu único irmão, meu gêmeo, meu caçula, uma parte de mim, morreu tentando salvá-la. Enquanto a mesma não fez absolutamente nada para impedir essa tragédia.

Mas o mais assustador, é que cada vez que a olhava, cada maldito olhar ou sorriso, me fazia lembrar das incontáveis vezes em que o Dexter me contava sobre ela, de como eu precisava conhecê-la, de como ele sentia-se grato por tê-la ao seu lado. Talvez essa seja a verdadeira razão por odiá-la. Pensar que ele fez tudo por ela, deu uma nova vida para ela, e ela não fez nada por ele. Nem mesmo deu valor a nova chance que recebeu. Vivia a vida como se fosse uma obrigação.

Levantei-me da arquibancada, caminhando a sua direção, estava tão concentrada assistindo o Scott jogar que não notou minha presença. Ainda era estranho presenciar o efeito que eu causava nela, a raiva nos seus olhos misturada com dor. Nós dois estávamos quebrados por dentro. Uma parte de mim queria conhecer a garota que meu irmão amou, a outra parte só conseguia pensar em tudo que perdi.

Ela realmente merecia a chance que o Dexter a deu?

Sorrateiramente notei o Scott cravar seu olhar em cada passo meu, estava na cara que o idiota babava por ela, e se dependesse de mim os dois pombinhos jamais ficariam juntos.

Diminui os passos quando ela se virou de repente, os olhos estreitaram rapidamente, o sorriso e a pose relaxada foram substituídas por um semblante fechado.

Você.

— Não sabia que se interessava por jogo... — comentei, me divertindo com os olhares de pedido de socorro que enviava para o Scott.

O mesmo continuava no campo, segurava a bola em mãos, observando de longe, assim como o restante do time. Todos sabiam que não deveriam se meter no meu caminho, e apesar do Scott ser novato, ele já entendia que deveria se manter bem longe dos meus assuntos.

E Ame Brooks era assunto meu. Ninguém deveria mexer com ela, falar com ela, ou tocar nela. Por vezes ouvi alguns de meus amigos pedirem pra ficar com ela, ela era bonita, isso nem eu podia negar, mas estava longe de cogitação permitir que alguém se aproximasse dela.

Permiti que apenas Scott se aproximasse, apenas porque tinha planos para os dois.

— Não achei que te veria aqui... — analisou, ainda olhando para o Scott. Parecia esperar que ele viesse ajudá-la. Tão ingênua.

Sorri, julgando que minha vingança não demoraria para acontecer.

— Também não achei. Mas aqui estamos nós, não é? Sabe, Ame... Sinto que as vezes gosta de entrar no meu caminho. De estar aonde não deveria.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora