51 | O que somos?

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Connor Rivers •

Me manter longe não era mais uma opção, e me dei conta disso quando os vi juntos, lado a lado, ela com a cabeça deitada em seu ombro e ele fazendo carícias nas suas mãos. Aquela cena me desmantelou.

Hayla tagarelava ao meu lado, contava algo sobre sua manhã que não dei a mínima importância pois tinha os olhos fixos na Ame. Meu corpo ficou rígido no exato momento em que vi ambas as mãos do Scott segurarem seu rosto.

O que ele tinha na cabeça?

— Connor? Está ouvindo o que estou falando com você? — a voz da Hayla me fez despregar os olhos daquela cena ridícula.

— O quê?

Ela bufou, cruzando os braços sob o peito.

— O que é mais importante que eu?

Tudo.

— Hayla, não estou com paciência hoje. — chiei, começando a dar os primeiros passos à saída do campo.

— Connor! Onde vai? — Hayla gritou logo atrás, me seguindo.

A ignorei e continuei caminhando. Tirei o capacete e o arremessei para longe, não me importando se teria que pagar, caso o perdesse. Odiava dar satisfações. E parecia que quanto mais insuportável a pessoa, mais ela se via no direito de perturbar.

Quando estava bem perto da arquibancada, como um imã, meu olhar foi atraído até Ame. Propositalmente paralisei no lugar. Senti algo forte crescer dentro de mim, um embrulho agonizante na boca do estômago, uma pontada aguda no peito, como se tivesse acabado de levar um injeção letal. Eu quase nunca estava pronto para acontecimentos grandes. Nunca estava pronto para sentir demais, para sentir de menos... A vida não me dava o tempo necessário para aprender, ela me ensinava e eu rezava para compreender cada maldita lição.

A raiva estendeu-se em mim, tomou conta da minha mente me deixando inconsciente dos meus atos. Meus punhos cerraram ao ver Scott beijar Ame, e a mesma correspondendo na maior naturalidade como se a noite passada realmente não tivesse acontecido.

Permiti que o impulso agisse por mim e subi a arquibancada ao pulos. A raiva me cegou. Quando dei por mim distribuía socos em Scott e o tirava de perto dela, como se fosse uma bactéria contagiosa. E talvez fosse. Como poderia saber que não?

— Sai de perto dela, porra! — grunhi enquanto o segurava pela gola do uniforme vermelho.

A raiva fluía nos meus olhos. Scott sorriu. Um sorriso que me fez ter ainda mais vontade de quebrar cada um dos seus dentes.

— Qual é, Connor? Está com ciúmes? — alfinetou, escárnio.

Scott Parker não era o tipo de pessoa que brigava, ou provocava, mas ele queria que eu o batesse. E eu sabia bem o por quê.

— Cala a boca!

Minha visão foi embaçando conforme desferia socos. Só que Scott não deixou passar, ele não ficou apenas apanhando quieto, ele revidou. E quanto mais revidava, mais raiva eu sentia. Minha anestesia era a raiva.

— Parem! Por favor! Parem com isso! — gritou Ame ao tentar nos separar. — Socorro! Alguém ajuda aqui! KENT!

Após segundos senti mãos me puxarem para trás e me empurrarem para longe do Scott.

— Parem com isso! — Sam gritou, segurando Scott pelos ombros. — Parecem duas crianças!

Ri, friamente. Me senti bem ao ver que Scott estava detonado. Ele pensaria bem antes de tocar nela de novo. Ao contrário dele, apesar de saber que também estava destruído, não me sentia assim. Mas Ame sabia como me detonar, ela só não tinha consciência disso.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora