O mundo está repleto de energia positiva. Só basta a gente encontrar nosso lugar, criar nossa própria subestação, e então pararemos de nos conter com tão pouco. Precisamos morrer para ressuscitar e sobreviver. É assim que nos tornamos sobreviventes; sendo fortes, e antes de tudo, compreensivos. Mas como ser compreensivo em um mundo que só te bate? Eu digo: Tenha calma, não é só você que sofre. E se acha que sim, então não merece que alguém sinta por você. Você aprende... Se não é amando, é apanhando.
— Estou tão feliz que você esteja bem! Olha o que o Kent mandou pra você. — disse, estendendo uma caixa de chocolate amargo. — Ele não pôde vir porque está ajudando a Minnie a organizar o baile de outono. — rolou os olhos. — Quando tudo isso acabar, vou detonar com aquela vadia. Nem acredito que a chamei de amiga um dia.
Eu ri.
— Está com ciúmes da Minnie? Sério? — gargalhei. — Ainda bem que sobrevivi pra presenciar você com ciúmes de um garoto!
Ao invés de rir, bufou.
— Ciúmes? Não tem nada haver com ciúmes, Ame! Eu assisti o vídeo dela te humilhando na festa. — informou com uma seriedade que não presenciei antes. — Estou apenas deixando ela pensar que está tudo bem, que nada vai acontecer... Quando ela menos esperar... Pow!
— O que vai fazer?
Deu de ombros enquanto pegava a caixa de chocolate das minhas mãos e abria, sem permissão.
— Eu não preciso fazer nada. Ela cavou a própria cova. Agora me diga, o que o Connor ainda faz sentado lá na sala de espera? — perguntou, desconfiada. — Não sei... Não confio nele. Sei que ele te ajudou mas...
— Hoje é a vez dele de me acompanhar... Infelizmente.
Sofia arqueou um lado das sobrancelhas.
— Srta. Samila o liberou, Ame. Ele não tem que passar o dia com você. Foi legal da parte dele ter te ajudado... Só não acho que isso o torne um herói.
Sorri, gentilmente.
— E quem disse que ele é o herói, Sofia? — apanhei um chocolate da caixa e o arremessei na boca. — Estava perfeitamente bem me matando aos poucos, e então você me pediu para tentar. Pela primeira vez na vida senti como se alguém se importasse, e que por essa pessoa valia a tentativa. Perdi o controle ontem. Nunca tinha acontecido dessa forma, muito menos com alguém por perto... Esse foi o meu limite.
— O que quer dizer?
Suspirei, tocando sua mão sobre a cama.
— Quero dizer que não vou mais baixar a cabeça. Eu vou tentar e me afastar de tudo que me faz mal, mesmo que isso possa me tornar um ser humano ruim.
— Você não é um ser humano ruim por ir embora da vida de pessoas que são tóxicas com você. Isso é ser justa consigo mesma. Na verdade, acho que é a melhor decisão que pode tomar.
— O que acontece agora?
— Agora o melhor que podemos fazer é comer esse maravilhoso chocolate cheio de gordura que irá me fazer ganhar muitas calorias. — brincou, e enfiou outro chocolate na boca. — Droga, por que isso tem que ser tão bom? Devia ter o mesmo gosto de fígado!
Eu ri.
— Concordo!
Sofia e eu continuamos a jogar conversa fora, falar sobre assuntos banais e entediantes como: "Kent me faz feliz", "Kent é isso e aquilo...". Por que pessoas apaixonadas só sabem falar do parceiro?
Deveria existir uma regra sobre isso.
Após escutar os inúmeros motivos por ela ser perdidamente apaixonada por Kent, engatamos numa conversa interessante sobre o futuro, sobre o que ela esperava dele. Foi quando contei a ela meus planos de ir à Moscou no fim de semana. Sofia ainda não sabia que eu havia recebido o convite, muito menos que eu tinha interesse em entrar numa academia de artes. Apesar de ter a impressão de que em algum momento eu havia lhe contado, não lembrava.
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Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)
RomanceRomance/Drama. Ame Brooks é uma garota de 17 anos que passou boa parte da sua vida sofrendo nas mãos de Connor Rivers, um garoto da sua escola que sempre fez questão de humilhá-la em público. Mas tudo passa a mudar quando Ame conhece Scott, um recé...