10 ¶ Super bowl

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Loucura.

O que você acha sobre essa palavra que pode mudar completamente sua vida?

Já devo ter mencionado sobre como Sofia havia mudado de forma surpreendente. Ela não era mais aquela garota mimada e popular que se mantinha calada para que ninguém descobrisse seus verdadeiros pensamentos. Ela começou a falar tudo o que lhe vinha a cabeça, fazia o que tinha vontade, e na maioria das vezes me incluía nisso. Ela parecia determinada a dar uma turbinada na nossa amizade.

E como prova me arrastou para a escola em plena sexta-feira à noite.

Uma feira livre acontecia na escola para quem quisesse mostrar seus talentos. Teria de tudo, de arte à ciência, geometria à literatura. Todos poderiam contribuir com o que desejassem. Sofia não era bem uma artista, quanto mais uma cientista. Mas para minha surpresa, ela apreciava poesia, gostava de escrever contos curtos. E por conta disso me arrastou para escola, insistiu em dizer que precisava que eu aprovasse seu trabalho, não queria passar vergonha na frente de ninguém.

Eu sabia que no fundo ela não estava nem aí pra isso, só queria me tirar de casa, queria me ver vivendo fora das paredes de concreto do meu quarto. Posso dizer que eu também queria isso.

Sofia e eu entramos pelas portas do fundo da escola para que não fôssemos vistas. Ela carregava uma pasta entre os braços, disse que o trabalho de uma vida inteira estava ali dentro, apenas esperando o momento certo para ser exposto. Foi uma surpresa quando ela bateu na minha porta dizendo que precisávamos ir nessa feira. Em algum momento do caminho ela me perguntou se eu não tinha algum dom escondido, é claro que eu disse que não, mesmo estando louca para exibir minhas telas.

Mas o que mais me assustou foi: Como ela descobriu meu endereço?

— Nem acredito que em alguns minutos todos saberão o talento de Sofia Loren. Grave o que estou te dizendo, em alguns minutos me tornarei uma lenda, garota. — tagarelou. — Serei uma grande poetisa! É poeta que se chama, certo?

— Acho que sim. Estou curiosa sobre esses seus contos. — comentei ao passarmos pelas portas duplas do último corredor que dava acesso a quadra de basquete.

Avistei um grupo de alunos no lado direito do corredor em volta de um dos armários. Pareciam estar fazendo algum tipo de trote. Coitado da pobre vítima, mal sabia que no dia seguinte iria ser a atração principal.

— Estou tão nervosa... Sinto que estou a ponto de um colapso. — balbuciou e parou no meio do corredor. — Será que é uma boa ideia? Digo, a escola toda praticamente está aí, e se não gostarem?

Sofia Loren, a garota perfeita de cabelos dourados e unhas bem feitas, estava mesmo insegura?

O que deu no mundo, afinal? Ele estava tentando pregar peças em mim? Tentando me ensinar que as aparências enganam, e não só comigo, mas com todos?

Novamente, loucura.

Essa pequena palavra descreveria minha noite de sexta-feira.

Sorri para Sofia, enviando-lhe um olhar amigável.

— Não importa se não gostarem, o que importa é que você tentou. O que sempre me diz quando as pessoas me olham, quando Connor me humilha?

Sofia revirou os olhos.

— Ignora.

Sorri.

— Isso. Ignora.

Sofia bufou, frustrada.

— Me fez parecer uma péssima amiga! É inútil pensar em ignorar. Simplesmente não dá!

Finalmente compreendeu quando eu falava que não conseguia ignorar, que era praticamente impossível.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora