Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)

14 ¶ Futuro incerto

Em questão de segundos tudo pode mudar. Tudo o que você era, tudo o que você é, deixa de importar quando a grande questão vem à tona: O que você vai ser? Agora imagina eu, uma garota de 17 anos, totalmente despreparada mentalmente, tendo que enfrentar a grande escolha que decidiria meu futuro.

É insano!

Segurava em minhas mãos o meu futuro. Estava com o convite que o Sr. Frank havia me entregado pouco antes da aula acabar. Aquela belíssima caligrafia vinha me deixando cada dia mais ansiosa, e eu não tinha noção do que faria nos próximos dias, vinha tentando decidir se iria para Moscou ou permaneceria naquela cidade medíocre. Não querendo parecer um ser humano terrível mas eu não detestava a cidade por completo, apenas as pessoas que habitavam nela. Então não me leve a mal, eu tinha motivos para chamá-la de medíocre, pois ela educava as pessoas de maneira errada.

Caminhava pelo pátio da escola, chuviscava um pouco, mas não me importei, aquelas gotas de água eram até relaxante. Lavavam minha alma.

Já completava meia hora que o sinal havia tocado, e como de costume, eu perdia, ou melhor, matava a primeira aula. Era segunda-feira, e todas as segundas a primeira aula era com a Srta. Samila, professora de educação física. E para deixar tudo mais interessante Connor fazia parte dessa turma.

Connor.

O que faria quando o encontrasse? Não podia ignorá-lo para sempre, ou fugir, me esconder no banheiro feminino. Na verdade, acho que eu podia, e faria isso até decidir se iria para Moscou.

Mas eu já mencionei como a vida me detestava e o destino odiava?

Eles provaram isso quando no meio do caminho senti aquela presença tensa ao redor. Eu sempre sabia quando Connor estava por perto, algo em mim me alertava, meu corpo, minha mente, tudo. Como todas às vezes, ergui meu olhar imediatamente para verificar. Abaixei o convite e o escondi atrás das costas ao avista-lo do outro lado do pátio, sentado debaixo de uma árvore com um cigarro entre os lábios. Soava despreocupado enquanto jorrava a fumaça no ar. Nem se deu ao trabalho de se levantar. Ele me encarava intensamente, como se quisesse me perfurar, descobrir cada segredo sombrio meu. Seu olhar frívolo me fez questionar o que se passava na sua cabeça maquiavélica. Isso me assustou mais do que qualquer ação sua. Ficamos nos encarando por minutos, não sei bem ao certo, mas sei que foi tempo suficiente para o sinal tocar outra vez e o pátio começar a encher com outras pessoas. Demorou um pouco para quebrarmos o contato visual, Connor me atraía de uma maneira intensa.

O que foi capaz de quebrar nosso olhar foi a chegada da Sofia e sua língua afiada. Ela ainda não tinha falado comigo desde o dia em que saí com o Scott, me ignorou durante todas as aulas, no refeitório e até mesmo na saída.

Às vezes tive a impressão de que ela queria falar comigo, só não tinha vontade de deixar o orgulho de lado ou... sei lá. Não dava para sempre desvendar o que ela pensava.

— Ame?

A observei se aproximar. Sofia usava uma jaqueta de couro rosa que na minha opinião, era bem extravagante. Carregava consigo vários livros e sua Dior prata.

— Ah... Sofia? — indaguei, surpresa por falar comigo.

Sofia forçou um sorriso, olhou ao redor, para as pessoas que já nos observavam enquanto cochichavam. Eu só me preocupei com um par de olhos; Connor continuava sentado debaixo da árvore, mas não tinha mais o cigarro entre os lábios, e nem me olhava mais. Parecia querer ignorar os olhares que também recebia.

— Será que podemos conversar?

Franzi o cenho por alguns segundos mas logo suavizei quando notei o seu nervosismo.