43 ¶ Ela veio!

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Connor Rivers

Abri a boca e quase disse algo. Quase. O resto da minha vida poderia ter sido diferente se eu tivesse ido até ela e dito alguma coisa naquela hora. Mas, não disse. Só fiquei olhando. Paralisado. E aquele meu silêncio foi a conversa mais triste que tivemos.

Ela era uma menina que sabia como ser feliz mesmo quando estava triste. E isso é importante, ela só precisava entender de uma vez por todas. Tinha que parar de sempre esperar por alguém, por ajuda. Ninguém iria ajudá-la. Ela tinha que se levantar sozinha.

Dias como aquele não aconteceriam com frequência, e eu queria me lembrar dele. Nós tínhamos muito o que ver, de verdade, mas eu queria que fosse tudo perfeito. E era perfeito. Até que ela me beijou.

Porra! Por que ela tinha que ter feito isso?

Aquele maldito beijo ferraria minha vida!

Ela entrou no salão e todos — instantaneamente — saíram do seu caminho, dando livre passagem para ir aonde quer que fosse. Ninguém lembrou que dias atrás ela estava no hospital, e que há dois dias Minnie havia lhe humilhado. Ninguém nem ao menos lembrou que eu também estava no salão, um pouco distante, mas continuava ali.

Todos só queriam admirar seu longo vestido de corte V que nos dava uma bela visão dos seus ombros. O belíssimo vestido vermelho sangue foi motivo de comentários, e sua máscara, sua deslumbrante máscara dourada com pequenos cristais causou polêmica. Talvez eles não soubessem quem era a garota por trás da máscara. Mas eu sabia. Ame poderia usar uma máscara do Hulk, e ainda assim, eu a reconheceria.

Eu queria que ela tivesse vindo por minha causa, queria que suas órbitas castanhas tivessem se encontrado com as minhas e assim iniciado uma noite inesquecível para nós dois. Mas eu também queria que ela não me visse. Isso seria o melhor. Se manter longe, se manter afastado. Ela não gostava de mim, a mágoa continuava dentro dela, em algum lugar. Era só procurar. Seu ódio por mim era como uma chama apagada, que qualquer sinal de faísca, ascenderia novamente. Eu não poderia arriscar ser essa faísca.

Não fui o único que a notou. Percebi isso quando vi Scott ir até ela, vestido no seu smoking cinza escuro ele atravessou o salão só para encontrá-la no caminho e envolvê-la em um abraço que — na minha opinião — fora desnecessário. Mas ela retribuiu, e também sorriu. A máscara cobria apenas seus olhos, então sempre que sorria, qualquer um podia ter o prazer de ver.

Ele cochichou algo em seu ouvido que a fez jogar a cabeça para trás e gargalhar. Eu não ouvi, nem ninguém ao redor dos dois, mas juro que subitamente senti extrema vontade de ir até eles e os interromper. Só que novamente, eu não tinha moral alguma. Permaneci na minha, no meu canto, esperando aquele maldito baile de outono chegar ao fim para eu poder voltar aos meus dias tranquilos.

— O que está achando dessa noite?

Olhei para o lado.

Kent.

Não soube ao certo como reagir a sua chegada inesperada. Fazia dias que não nos falávamos, só pela sua aproximação, fiquei entusiasmado.

Ele estava elegante num terno azul cobalto e uma máscara dourada coberta com pequenas pedras cintilantes. A cabeleira castanha revelava sua identidade para quem lhe conhecia bem. Ele estendeu uma pequena garrafa de bolso que eu havia lhe dado como presente de aniversário no ano passado.

— Achei que não falasse mais comigo. — comentei enquanto pegava a garrafa para abri-la.

Ele deu de ombros, colocou as mãos nos bolsos da calça e focou o olhar em alguém. Sofia. É claro que seria nela. A mesma estava magnífica em um vestido longo prateado que marcava suas curvas.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora