49 | Esqueça o passado.

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Connor Rivers •

Se eu voltasse no tempo e ouvisse ela falando aquilo outra vez, eu daria risada ao invés de me apaixonar. Mas não podia voltar no tempo, e com isso, minha única opção era continuar me apaixonando pela pessoa que eu quase não conseguia perdoar.

Ela sorriu para disfarçar o quanto aquilo havia lhe afetado.

Ame recuou um passo para trás. Suas bochechas ruborizaram, e seus olhos focaram no nada, seus lábios estavam vermelhos, me lembrando do beijo. Seu gosto ainda impregnado em mim, seu cheiro doce de tuti-fruti instalado no ar.

— E-eu... preciso ir.

Ela foi recuando, o arrependimento tomou conta dos seus olhos e isso foi um nocaute. Ela não podia estar arrependida por algo que eu fiz. Não podia. Saltei da escada para ficar mais perto, seu cheiro era uma droga viciante, uma droga que eu não queria experimentar mais do que já tinha, ou acabaria tendo problemas. Como me recuperar?

— O que aconteceu aqui... — comecei, mas ela me interrompeu.

— Não. Por favor, não diga que se confundiu, que é apenas culpa de uma confusão que não consegue resolver. Merda, isso não é culpa de nada, nem de ninguém além de nós mesmo! — vociferou. Ame fez uma pausa para puxar ar, como se tivesse dificuldade para respirar. — Não deveríamos estar aqui juntos. Até ontem você era o maior motivo de eu chorar a noite sozinha então... como podemos agir como se isso tivesse passado?

Eu estaria mentindo se dissesse que isso não me afetou. Nossa, isso me detonou. Ninguém nunca me viu tão transparente como ela, ninguém nunca soube do meu medo de me entregar, de se perder um pouco por amar alguém. De não ser bom o suficiente.

— O que quer que eu faça, Ame? Não sou o que quer. Não sou um príncipe no cavalo branco que vai te salvar do perigo. Não sou bom com sentimentos... Não sou bom com nada. — despejei de maneira cética. Ela riu sem humor, desviando o olhar do meu. Ame focou em algo atrás de mim. Os olhos brilhavam por conta das lágrimas que brotavam, mas que ela se negava a deixar cair. Ela engoliu em seco, respirou fundo, e só então se voltou para mim.

— Não preciso de um príncipe. Príncipes só existem em contos de fadas e sabemos que não vivemos em um. — rebateu. — Vamos fingir que tudo isso aqui foi coisa de momento. Você é bom nisso, certo? Em coisas de momentos.

As palavras ficaram presas. A garganta secou, o suor veio e eu não consegui dizer aquilo que estava sentindo. O arrependimento bateu, mas já era tarde demais.

Queria ter dito algo. Queria tê-la impedido de ir embora. Mas não fiz nada. Continuei ali, paralisado, estagnado no lugar feito um idiota. O olhar perdido, desfocado. Abri e fechei a boca mais vezes do que pude contar, tentando de alguma forma por um fim no silêncio ensurdecedor que ela deixou pra trás. Na agonia que senti quando fiquei sozinho.

— Por que não me deixa te deixar ir? É tudo culpa sua! Você me tornou o que sou. Para o resto da minha vida você sempre vai ser aquele que me machucou mais. — gritei para o alto. — Te odeio por tê-la colocado na minha vida! Te odeio por ter ido embora sem dizer adeus! Te odeio por ter nos deixado!

Dei uma pausa, respirei fundo e voltei a ficar em silêncio.

Dexter tinha realmente culpa de algo? Culpá-lo pelos meus erros era egoísta?

Não tinha mais nada a ser feito. Será que eu nunca iria aprender? As pessoas dizem que aprendemos com os nossos erros, mas eu não conseguia e era só ela aparecer que eu me recusava a aprender. Eu não aprendia que ela iria me arrancar sorrisos e depois partiria de novo e eu ficaria ali como estava, paralisado feito um tolo, mas eu sabia porque estava assim, porque ela me fazia bem e ter Ame era como estar seguro e eu andava meio inseguro de tudo.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora