Barbara foi a última a acordar, um pouco depois do meio-dia. Exceto pelo som de uma música dos anos 1970, que vinha da sala, o restante da casa estava quieto. Atraída pela melodia, ela desceu, e foi Isaac quem encontrou, ouvindo Creedence Clearwater Revival, sentando no sofá. Um tanto receosa da reação do seu amado, ela se aproximou devagar e se posicionou de pé em frente a ele.
— Será que nós podemos conversar? — perguntou, oscilando a voz.
Isaac levantou os olhos, cantarolando Have you ever seen the rain, como se não estivesse interessado em qualquer coisa que ela tivesse para lhe dizer.
— Isaac... — insistiu. — Por favor.
— Você se entregou ao meu irmão — falou, enfim, demonstrando raiva em sua voz pacífica. — Foi suja. Chamou a Mara de vagabunda quando era a maior delas. Faça o favor de sair da minha frente. Tenho nojo da sua presença.
Barbara abaixou-se diante dele, bem perto, posicionando as mãos em prece junto aos lábios, mas o ato de desespero não o amoleceu.
— Pare com isso. — Isaac semicerrou os olhos, cheio de desdém. — Não ache que basta se ajoelhar e pedir perdão. Não quero olhar para a sua cara. Ainda não entendeu isso? Suma daqui! — gritou.
Barbara saiu de sua posição humilhante chorando novamente. E, como se faltasse ar para respirar naquele ambiente, a garota correu para o jardim. O vento gelado deu-lhe um choque, em comparação ao calor da lareira, e ela tomou um susto ao dar de cara com Taylor, que acabara de atravessar o portão.
— Pensei que não estivesse em casa. — Barbara secou as lágrimas com o punho do casaco.
— Estamos todos no Bill, ele acabou de chegar do Rio, vim só pegar um negócio — explicou a ela, referindo-se ao amigo do pai, que morava ali perto. Preocupado e desconfiado de que o choro da garota tivesse a ver com o seu irmão, ele lhe perguntou: — O que houve?
— Tentei falar com o Isaac... Eu ainda o amo tanto, tanto. — As lágrimas continuaram escorrendo junto à coriza.
— Sei que o ama. E... Ele também ama você. Tenho certeza disso. — Taylor queria abraçar Barbara e confortá-la, mas não o fez, temendo que ela desconfiasse de alguma segunda intenção, que não havia. — Quando vocês voltarem para o Brasil e todos nós ficarmos bem longes um do outro, as coisas vão melhorar. O tempo costuma apagar e curar as dores.
— Acho que não. — Fungou. — Aposto que, desta vez, o tempo contribuirá para que o resto de amor vá embora para sempre. Só mesmo um milagre.
— As circunstâncias não estão ao nosso favor, mas não precisamos ser tão pessimistas. Se for necessário um milagre, que seja. Vai rolar. Vou lá dentro de casa e já volto. Espere aqui fora, você irá comigo para a casa do Bill — determinou.
— Pegue o meu casaco, por favor.
Taylor e Barbara chegaram à casa de Bill e Mônica, a um quarteirão dali, bem hora certa. O almoço começava a ser servido. E foi um pouco depois desse horário que, atendendo a um pedido do Hanson mais velho, Isabelle apareceu na residência dos Hanson.
— Que bom que veio — Isaac agradeceu a ela pela presença ao abrir o portão. — Meu pai não quis me passar o endereço do hotel, mas pude contar com a minha mãe. Pedi a ela que entrasse em contato com você quando soube que ficaria sozinho. Nós não nos falamos depois de toda aquela confusão, e acho importante trocarmos uma ideia.
— Ainda não consegui digerir o que aconteceu. — Isabelle olhou em volta. — Só aceitei vir até aqui porque ela disse que não teria ninguém em casa. E porque eu estava enlouquecendo trancada naquele quarto.
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Hanson's Creek
Fanfiction[ NOVA EDIÇÃO + CENAS INÉDITAS ] Barbara, Isabelle e Sabrina são meninas ambiciosas e sonhadoras em busca de um sonho comum da adolescência: entrar em contato com seus ídolos. Elas têm um plano. E quando Isaac, Taylor e Zac desembarcam no Rio de J...