Hanson's Creek

Livro 3. Capítulo 5. A revelação

Na manhã seguinte à festa de Ano Novo, Zac foi o primeiro dos jovens a descer para o café. Depois de o flagrante do irmão e de Barbara atados, no chão da sala, ele não havia conseguido voltar a dormir. Sentado à mesa da cozinha, com o olhar vago, o pirralho mexia o leite sem parar.

— Filho, em que mundo você está? — perguntou Diana.

— Uh? — Ele saiu de suas divagações, mas não a respondeu.

Isaac, Isabelle e Sabrina foram os próximos a chegarem à cozinha, acomodando-se à mesa.

— Barbara e Taylor não vão descer? — Walker quis saber.

— Barbara não está se sentido bem. — Isaac o respondeu. — Passei no quarto para tirá-la da cama, mas ela disse que precisava de mais um pouco mais de sono. Taylor também avisou que vai descer depois.

— Seu irmão arrumou sozinho o nosso quintal ontem de madrugada, ficou até tarde empilhando as cadeiras e as mesas. E a sua noiva deve estar digerindo, ainda, aquele destempero na festa. — Walker não perdeu a oportunidade de alfinetar o filho mais velho, e nem fez questão de ser polido na frente de Isabelle e Sabrina.

— Pai, não comece. — Isaac deu um basta. — E como você sabe que o Taylor arrumou sozinho o nosso quintal? Quando saímos de lá, o Zac ainda estava com ele.

— Ouvi a voz do Zac pelos corredores. O Taylor só subiu por volta das 5 da madrugada. Achei que as meninas fossem o ajudar na tarefa. — Walker olhou para Isabelle e Sabrina, mal ou bem as chamando de preguiçosas.

— A Barbara precisava mais da ajuda delas do que o meu irmão arrumando o quintal. — Isaac defendeu as garotas. — O Zac poderia ter colaborado.

— E você também, pois não estava morto. — De extremo mau humor, o pirralho rebateu o irmão. — Eu fiquei lá, pelo menos por um tempo. Já você, aproveitou o momento do esporro do papai para se recolher de vez. Antes tivesse ficado acordado... — Terminou seu pensamento nas reticências, morto de vontade de expor a safadeza que presenciara.

Taylor desceu por volta de meio-dia, falando pouco e alegando estar de ressaca. Isabelle compreendeu o cansaço do namorado e, sem questionar muito, foi com ele para o sofá. Ela se sentou em uma das pontas e o deixou se esticar ao longo do estofado, apoiando a cabeça dele em seu colo. Recebendo carinho nos cabelos, o loiro se sentiu o pior dos mortais. Como Barbara antecipara, seria muito difícil conviver com o peso da culpa. Enquanto ele estava na fase das investidas, apenas dando em cima da noiva do irmão, não se sentia tão mal quanto agora, após o fato consumado. Taylor fechou os olhos e, também, fechou-se em si mesmo, remoendo em silêncio o seu remorso.

Zac, sentado ali por perto, no outro sofá com Sabrina, olhou para o casal e respirou fundo. A angústia de guardar para si o que vira o consumia, e, quando Isaac subiu as escadas para acordar Barbara, o estômago do pirralho se revirou.

— Meu amor, está na hora de sair da cama, em breve minha mãe servirá o almoço. — Ele se curvou sobre o colchão, fungando no pescoço de sua noiva. — E nós precisamos conversar.

— Estou com muita vergonha — murmurou Barbara, sem se mexer. — Eu errei...

— A Mara a provocou e você acabou reagindo. Um pouco mais de o que seria ideal, mas eu a compreendo. Vamos encurtar o problema. — Isaac não poderia imaginar que, quando sua noiva falou sobre ter errado, em seu íntimo referia-se ao envolvimento com Taylor. — Não vai adiantar ficar trancada no quarto, dormindo para fugir dos problemas. Todos nós corremos o risco de nos exaltarmos, ainda mais por ciúme. Aquilo já passou.

Barbara lembrou-se das palavras de Mara antes de ir embora, dizendo que ela e Isaac haviam feito sexo recentemente. Que diferença isso fazia agora? Que moral tinha para contestá-lo?