Livro 4. Capítulo 3. O teste

180 9 9
                                    

Você tem certeza?

A resposta de Taylor ao e-mail de Barbara veio pela manhã, curta como a mensagem que ele lhe enviara antes, para saber se a garota estava bem, e seca como o anúncio da gravidez feito por ela.

Barbara exalou forte pelo nariz e falou alto, como se o loiro a pudesse ouvir em Tulsa:

É claro que tenho certeza!

Um soco leve na escrivaninha e um clique, fechando o webmail, encerraram o assunto. Não insistiria em debater, por mensagens, o futuro de sua gestação e toda a problemática que isso envolvia.

E Barbara não se restringiria a Taylor, pois ele não era o único envolvido na questão. Isaac a havia evitado por muito tempo, mas agora seria obrigado a ouvi-la. Em um impulso, ela tirou o telefone do gancho e discou o número da residência dos Hanson.

— É urgente e inadiável, senhora Hanson. Não quero mais ouvir desculpas. Chame o seu filho.

Diana ligou o alerta. As poucas palavras que trocara com a garota, fanha e desanimada, mas autoritária, anunciavam mais uma batalha.

— O que quer? — Isaac rosnou ao telefone, demonstrando frieza, contrária às batidas descompassadas de seu coração. — Quatro meses depois do que fez ainda não desistiu? Eu não quero mais saber de você.

Barbara não segurou as lágrimas diante de tanta hostilidade, mas esforçou-se para dizer:

— Estou grávida — anunciou sem rodeios, como fizera um dia antes para o outro.

— Você o quê? — A corrente de adrenalina quase partiu o Hanson ao meio. — Grávida como? Você não tomava pílula? Não venha agora com esse papo de gravidez para me ter por perto. Acabou, Barbara.

A garota afastou o fone do ouvido e puxou o ar, tentando manter-se inteira diante da recepção tão agressiva do ex.

— Essa é a verdade, queira você ou não. Estou grávida, Ike. Grávida daqui até a lua. Não tenho por que mentir.

— Ah, claro que não! Nunca mentiu antes — debochou. — Se estiver grávida mesmo, talvez esse filho nem seja meu. Já avisou ao Taylor?

— Ontem.

Isaac sentiu uma pontada no peito, como se ela lhe tivesse cravado uma faca. A petulância da resposta curta o irritou. Como sempre, ele havia sido o último a ficar sabendo.

— Pois bem. Trate desse assunto com o meu irmão. Encerraremos por aqui.

— Ike! — gritou. — Este filho é seu! Nosso! Eu sinto!

— Sente nada, sente porra nenhuma. Transou comigo tanto quanto transou com aquele babaca! — levantou a voz. — Primeiro prove que está grávida, e depois tiraremos a dúvida de quem é o responsável por essa tragédia aí.

Isaac largou o telefone de qualquer jeito sobre o aparador da sala de estar e saiu depressa para o andar de cima, para se trancar em seu quarto. Taylor, que acompanhara a conversa de longe, correu a tempo de resgatar o fone e pegar Barbara na linha.

— Então está certo, você está mesmo grávida?

— Infelizmente. — Foi ríspida com o loiro. — Já estou de saco cheio, e a tortura mal começou. Seu irmão quer que eu comprove o resultado do exame e, mesmo sem ter dito isto diretamente, também quer um teste de paternidade.

— Mas é necessário. — Taylor sacudiu a cabeça, ciente da confusão em que se metera. — Se há a possibilidade de esse filho ser meu, não podemos ficar na dúvida.

Hanson's CreekOnde histórias criam vida. Descubra agora