Livro 3. Capítulo 4. O maior erro

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Assim que Isaac e Taylor acordaram no dia seguinte, Walker os chamou ao seu quarto para mais uma conversa. O general deixou claro que não toleraria mais ingestão de álcool pelos adolescentes e que, a partir daquele dia, restringiria as possibilidades de diversão. Poderiam passear em um lugar ou outro, desde que acompanhados por ele ou Diana. Sozinhos, no máximo, poderiam ir até a casa de algum amigo próximo da família.

— Álcool em excesso pode causar dependência. Estou ficando cansado de repetir a mesma ladainha de novo e de novo. Toda vez que suas namoradas estão por perto, a bebedeira sai do controle. Jovens costumam usar bebida como meio de autoafirmação, mas vocês não precisam disso. — Walker fez uma pausa, encarando os filhos. — E outra coisa: sei que agora vocês têm uma vida sexualmente ativa, e, como não aprovo a escolha, gostaria que, no mínimo, respeitassem a nossa casa. Estou ciente de que são muito espertos quando se trata de arrumar um jeito de fazerem sexo escondido.

— Pai, por favor... — Taylor sacudiu a cabeça, envergonhado.

— Comportem-se. E, agora que já foram avisados, podem ir.

Isabelle acordou com os olhos inchados, por chorar durante a madrugada, e manteve-se calada enquanto trocava de roupa para descer para o café. Barbara, ainda debaixo das cobertas, apenas descerrou as pálpebras e as fechou em seguida.

— Ai, minha cabeça... — a mais velha resmungou ao sentir o cérebro expandido no crânio.

— Vocês beberam? — perguntou Sabrina. — Nem vi quando chegaram, dormi feito uma pedra após a noite com o Zac. Vocês não fazem ideia do que rolou. Foi a melhor de nossas transas. Extraordinário!

A animação da mais nova não atingiu as amigas, então a garota, esfomeada, avisou que as esperaria na cozinha.

— Mais tarde contarei a vocês os detalhes. Não demorem — disse, antes de bater a porta.

— Agora que estamos sozinhas, irei direto ao ponto. — Isabelle, vestindo o casaco, parou de pé ao lado da cama em que Barbara dormia. Ela fez uma pausa, tomando coragem para continuar: — O que exatamente você viu no cemitério? Não sei se acredito em fantasmas, e o seu cheiro estava impregnado no casaco do Taylor.

Barbara engoliu em seco.

— Do que estou sendo acusada desta vez? — Pressionou as têmporas. — É sério que você quer que eu explique o inexplicável no auge da minha ressaca? Isabelle, eu... Eu realmente vi um vulto.

— E o cheiro do seu Hypnotic Poison grudado na roupa do meu namorado?

— Senti medo e me agarrei a ele, admito. Mas foi por um breve instante. Eu tenho culpa de a baunilha do perfume ser exagerada? — Caramba! Barbara tremeu, com medo de não aguentar a pressão por muito mais tempo. Vontade não lhe faltava de escancarar o ocorrido, de revelar à Isabelle o verdadeiro caráter de Taylor e, também, assumir sua parcela de culpa na situação específica do beijo. Porém, quando pensava nas consequências que a sinceridade traria, mentir parecia o melhor remédio. — Olhe, eu sinto muito que o Taylor não lhe passe a segurança que você gostaria e merece. Mas não é justo apontar seu dedo para a minha cara sempre que criar fantasias sobre um suposto interesse dele em mim.

— Suposto? Sei... — Estalou a língua.

— Resolva os seus problemas com o Taylor e me retire da sua mira. Não sou eu quem tem que controlar os olhares furtivos do seu namorado e as vontades dele. Estou de saco cheio! — Explodiu, quase revelando a verdade.

Barbara estava, realmente, bem perto do limite. Farta da obsessão de Taylor, disposto a possui-la de qualquer jeito, mesmo que, para isso, tivesse que ferir a namorada e o irmão. Estava cheia, também, de ouvir as reclamações de Isabelle. Não fazia diferença se a amiga tivesse razão de desconfiar do namorado e, desta vez, dela também.

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