– Aí está você, – Calum falou assim que eu passei pela porta da quadra.
Eu tinha meus cabelos molhados, recém-lavados após o cansativo treino que tínhamos acabado de sair. Os meninos também tinham os cabelos úmidos, visto que estavam no treino de futebol, e também haviam saído á pouco. Agora estavam parados encostados na parede do lugar
–Estão me esperando há muito tempo? – perguntei, estranhando.
Nós sempre voltávamos juntos para casa, já que nossos treinos aconteciam no mesmo horário, e a casa de Calum ficava a apenas três ruas da minha.
–Nem dois minutos – Ash falou.
–Como foi o treino, Irwin? – perguntei por ele estar voltando agora. Teve que passar algumas semanas afastado por uma lesão no joelho.
–Estou enferrujado. –ele reclamou, dramático.
–Até parece– Cal discordou. – Você esteve fora por duas semanas, Ashton. – ele disse olhando para algo atrás de mim.
–Parecia muito mais – se defendeu – De qualquer forma, eu tenho que ir. Ellie já saiu? –Ash me perguntou.
–Ela teve que ir mais cedo. – respondi.
–Okay então. – ele deixou um beijo no topo da minha cabeça– Até amanhã.
–Até – respondemos um uníssono.
–Putz, Calum. –reclamei quando estávamos sozinhos – O que você perdeu aí?!
Antes que eu pudesse me virar para ver, escutei aquela risada estridente, e já sabia muito bem o que tanto chamava sua atenção.
–Pode esperar aqui, rapidão? – meu melhor amigo pediu.
–Não. –cruzei meus braços – Não pra você ir atrás da Mackenzie. – falei indignada.
–Só vamos conversar, Lexi – ele insistiu– dois minutos.
–Não sou obrigada a nada – falei enquanto ele me olhava com sua cara de tédio. – Mas vai lá, bonitão, sei o caminho até minha própria casa.
Virei ás costas e comecei a andar em direção a saída.
Em cinco passos, Calum já estava magicamente ao meu lado. Seu instinto super-protetor o impedia me deixar ali sozinha, e eu sabia bem disso.
–Você não vai sozinha, está tarde. – ele resmungou.
– Então acho que você vai ter que me acompanhar. – joguei ainda andando.
O moreno bufou, e tirou as chaves do seu carro da mochila preta que carregava.
Sorri vitoriosa e entrei no carro, com um melhor amigo emburrado por ter perdido pra mim mais uma vez. Que se manteve em silêncio pela maior parte do caminho.
–Olha só, sua mãe está em casa. – foi a primeira coisa que disse, abrindo um sorriso enquanto parava o carro pela rua vazia, me fazendo prestar atenção na luz da sala, que estava acesa.
–Ou minha casa foi invadida, –brinquei– o que é bem mais provável.
Calum riu, eu estava habituada a fazer esse tipo de comentário sobre minha própria situação.
–Você vai assistir a primeira aula amanhã? – ele perguntou, mudando de assunto.
–Sim, mas Ellie vem me buscar. – avisei– Não precisa se preocupar.
–Ah que ótimo. – ele comemorou – Cinquenta minutos extra de sono.
Ri de sua alegria tão espontânea.
–Até amanhã, Wood – levei uma de minhas mãos até um lado de sua bochecha, enquanto deixava um beijo do outro lado, como sempre fazia para me despedir.
Quando me afastava Calum segurou minha mão subitamente, me fazendo estremecer.
–Por que você está tremendo tanto? – ele perguntou intrigado.
–Só estou cansada. – respondi automaticamente.
Na verdade eu estava me sentindo completamente fraca, minha última refeição tinha sido uma maça na hora do almoço, porque Ellie me obrigou. E tinha passado minhas ultimas duas horas correndo de um lado para o outro, então a essa altura, meus membros já pareciam estar com no mínimo o dobro do peso.
–Certeza? – o moreno ainda não parecia convencido.
–Já disse que sim. – soltei minha mão da sua e abri a porta do Jeep preto.
–Se cuida, Lexi. – meu amigo sorriu pela janela antes de acelerar na direção de sua casa.
Andei a passos lentos até minha varanda, e pude sentir aquele cheiro familiar logo de cara. Minha mãe tinha feito sanduíches de manteiga de amendoim, meus favoritos.
Devia ser meu dia de sorte.
–Mãe? – chamei indo em direção a pequena cozinha.
–Boa noite, querida. – ele disse sem nem se virar na minha direção, estava na pia, lavando a louça.
–Você já jantou? – me joguei na cadeira, decepcionada por ter criado esperanças em ter um jantar comum, para variar um pouco.
–Sim, te esperei um tempão, mas você não chegava. – ela respondeu, como se eu tivesse que tivesse culpa.
Passava a semana inteira jogada em casa sozinha, e quando ficava na escola até tarde, era isso que escutava, parecia brincadeira.
–Tenho treino ás quintas, desde o primeiro ano, se lembra? – respondi.
–Oh, verdade. – ela se virou secando as mãos–Tinha me esquecido.
Me perguntava se ela não esquecia que eu existia as vezes, ao menos era bem isso que parecia. Mas desisti de responde-la, e ao invés disso só ataquei um sanduíche do prato a minha frente.
–O treino foi bom? – ela puxou assunto, ainda de pé.
–Uhum – chacoalhei a cabeça para enfatizar, pois estava com a boca cheia.
–Mas sabe Alexis, não adianta nada treinar se você se empanturra de comida depois. – minha mãe me repreendeu, e naquele momento foi como se uma barreira enorme tivesse se formado na minha garganta, me fazendo deixar a comida de lado.
–Só estava com fome, –me defendi, ainda cabisbaixa.
–Eu sei, amor. – ela passou a mão por meus cabelos longos úmidos – Só estou te avisando. Para o seu bem, Alexis. E assim você pensa duas vezes antes de vir reclamar que está engordando. – ela me cutucou.
Não respondi, ocupada demais olhando para um ponto aleatório na parede.
–Vou me deitar – minha mãe se despediu, deixando um beijo no topo da minha cabeça– Pode terminar de arrumar a cozinha pra mim?
– Claro – respondi automaticamente, eu não queria brigar, mas estava irritada – Bom sonhos.
–Você também –sua voz já desaparecia escada acima.
Olhei para aquela comida no meu prato, e foi como se só sua aparência já me desse calafrios. Minha fome tinha desaparecido por completo, e mesmo que minhas mãos ainda tremessem, eu não faria esforço nenhum em comer.
Apenas joguei tudo em uma vasilha de vidro, colocando na geladeira. Seria meu almoço no fim de semana, com certeza.
Como tudo o que me restava naquela noite, subi as escadas para meu quarto, e me joguei em minha cama, apagando de forma praticamente instantânea.
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Best Friend - CALUM HOOD
FanfictionCalum Hood, mais um típico adolescente, do tipo complicado. Estrela do time do colégio, aspirante a músico, e um conquistador de primeira categoria. No fim das contas a única coisa que ele queria era se divertir. Passatempo favorito?.. garotas, é...