Capítulo 39

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ALEXIS HARVEY >

Impossível. Era impossível que Calum sentisse algo, além de amor fraterno, por mim.

Vamos aos fatos:

Ele é Calum Hood. O capitão do time de Futebol de Norwest, cara mais gato e mais falado de todo aquele lugar. O tipo de cara que estrala os dedos e tem quem quiser aos pés, que estrala outra vez, e faz desaparecer. 

 Ele é o filho perfeito para os seus pais, estudante perfeito para a direção do colégio, baixista perfeito para a banda, o amigo perfeito para todos. É o ser humano perfeito. Todos os defeitos e imperfeições que ele não esconde ter, apenas ajudam para que ele se torne real, e com isso ainda mais perfeito

Nunca tinha parado para analisar o conceito de perfeição, mas sim, ele existe. E se personifica na pessoa de Calum. 

E eu?! Sou a Lexi, a "irmãzinha" dele. 

Sempre preciso me esconder atrás dos meus amigos legais, porque sou sem graça demais sozinha. Aspirante a escritora, que nunca teve um livro lido por outra pessoa porque não tenho coragem de mostrar. Fui afastada da única coisa que podia me destacar, porque deixei coisas demais sem acumularem em minha cabeça e acabei desenvolvendo um transtorno alimentar. 

Sou um fracasso. Uma falha completa e em todos os sentidos. Se até minha mãe tem dificuldades em se importar comigo, o que levaria Calum? Ele esteve do meu lado, óbvio, ele é meu melhor amigo, deve ter se visto na obrigação. Preciso ser eternamente grata por isso, pois sei que jamais teria seguido meu caminho sem ele. 

Mas daí, para querer que ele se interesse romanticamente por mim? Definitivamente pedir demais. O garoto perfeito precisa encontrar a garota perfeita no fim, e eu sei que ela está por ai, apenas o esperando.

No fim do filme, a princesa sempre encontra o príncipe não é?! Ele seria bom demais para alguém, simplesmente como eu. 

Alexis Harvey é só o bobo da corte.

Não posso deixar que um acidente me faça entender coisas erradas, porque sei que vou cair no final, vou despencar da ilusão e ir de cara contra o chão da realidade.

Calum é meu melhor amigo, e isso está bem claro na minha cabeça, não vou deixar que seja arruinado por um desejo bobo que além de mim possivelmente todas as garotas que o conhecem também sentem.

Acontece que saber disso, não quer dizer que o que aconteceu não me afetou, ou desestabilizou, porque claramente afetou. Por isso tudo que conseguir fazer naquele dia foi me esconder em casa, e fingindo que nem existo mais.

Quando cheguei ao meu quarto depois da nossa conversa estranha no carro, reparei a minha cama ainda desarrumada, um caos, na verdade. E eu sabia bem porque. Mas eu precisava superar aquilo, então ignorei as memórias que eram atiradas contra mim. Troquei os lençóis que cheiravam o seu perfume, colocando os que cheirassem apenas ao amaciante que usávamos. Me joguei lá, depois disso, e fiquei o resto do dia.

Meu celular estava na minha mochila, e no silencioso porque eu não queria falar com ninguém. Minha mãe chegaria em casa tarde, então eu realmente não falaria.

 Tentei escrever para ocupar minha cabeça, mas foi impossível porque tudo que minha mente podia fazer era voltar para Calum a cada segundo. Pensei em assistir algo, mas não sabia qual filme escolher. Acabei tentando ler, mas desperdicei muito tempo pois meus olhos ficavam se perdendo na página.

Quando eram oito horas eu resolvi tomar banho, e ir dormir. Meu dia tinha sido longo e entediante, uma verdadeira tortura.

Assim que sai do chuveiro, cuidadosamente escolhi um pijama meu para usar, e cedi a tentação de olhar meu celular.

Best Friend - CALUM HOODOnde histórias criam vida. Descubra agora