Capítulo 30

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Ir embora ficou apenas nos meus desejos.

Minha mãe e Joy chegaram em pouco tempo.

Minha mãe me deu o abraço mais longo do ano. Disse o quanto tinha ficado preocupada, e algo sobre tudo ficar bem logo logo. O que eu achei bem legal da parte dela, parecia mesmo minha mãe.

Joy era toda a calmaria de sempre, sorriu pra mim, deixou um beijo carinhoso em minha testa, e então ficou ao lado do Calum pelo resto do tempo, ele estava uma pilha de nervos ambulante.

Meu quarto estava cheio outra vez, sinceramente, não sei como deixaram todos ficarem aqui. Já que meus amigos não haviam ido embora ainda, mesmo que eu tenha afirmado milhões de vezes que podiam voltar a praia e para seu programa do feriado. Eles conversavam baixinho entre si, comentavam coisas comigo, mas a real é que todos estavam mortos de tédio.

É por essas e outras que odeio ficar doente. Odeio que precisem ficar de olho, ou preocupados comigo. É tudo muito estranho.

O mais estranho de tudo, era o fato de que, nem doente eu estava. Quer dizer, eu havia apenas apagado. Mas seguem me tratando como se eu tivesse tido uma coisa super séria, ou sei lá, tivesse feito uma grande cirurgia. Como se eu fosse de porcelana, e pudesse quebrar.

A prova disso, foi quando uma enfermeira veio me buscar.

-"Vamos fazer alguns exames" ela disse. Era baixinha, e simpática, então não consegui revirar os olhos pra ela, assim como eu queria muito fazer.

Me ajudaram a levantar, mesmo que, eu pudesse perfeitamente fazer aquilo sozinha. E então ela segurou a haste do soro que se prendia ao meu pulso, como se eu dependesse daquilo de alguma forma, quando na verdade era apenas água e glicose.

Entramos em um lugar, não me pergunte o que era. Apenas uma sala, eu acho. Onde outra mulher me esperava.

Ela sorriu, fingiu ser simpática, assim como todos em hospitais fazem no começou. Ela me mediu, fez perguntas confusas, furou meus dedos inúmeras vezes para pegar pequenas amostras de sangue. Depois realmente tirou sangue, de uma veia da minha mão, que doeu como se minha alma estivesse sendo sugada para fora.

Eu só queria entender o que estava se passando, quando a pior parte chegou.

Ela me fez subir na balança.

E eu nem tinha como fugir, correr pra fora da sala, nem nada assim porque a coisa conectada ao meu braço continuava com a outra enfermeira. Então eu subi, sentindo um certo tipo de suor frio descer pelas minhas costas.

Mas fechei meus olhos enquanto eu estava lá. Ela podia querer saber meu peso, mas eu sinceramente não queria.

Quando a tortura, física, mental e psíquica acabou eu finalmente pude voltar para meu quarto, nunca imaginado ficar tão feliz por estar de volta naquela monotonia do caramba.

–Como foi Harvey? – Ashton perguntou.

–Elas só.. tiraram milhares de medias, sei lá. – contei– E eu acho que minha alma foi roubada pela minha veia, porque não faz sentido tirar sangue doer tanto.

–Você vai ficar bem, –Ellie riu – não é como se precisasse de uma alma, no fim das contas.

Eu ri, provavelmente pela primeira vez naquele lugar.

O médico voltou no quarto minutos depois, acompanhado de uma enfermeira. Ele pediu que minha mãe o acompanhasse, para fora do quarto. Meu coração bateu aliviado só de imaginar que eu receberia alta. 

Best Friend - CALUM HOODOnde histórias criam vida. Descubra agora