6 | Toque-me

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[DANIEL]

Coloquei minha jaqueta jeans azul por cima da branca e a deixei aberta, pensando comigo mesmo em como eu poderia ficar mais bonito. A ideia me fez rir por um motivo besta. Okay, se Justin gostar, está valendo. Em seguida, vesti minha calça jeans também — um modelo skinny —, coloquei meu cinto preto e penteei meu cabelo para trás num movimento.

Olhei para trás e, garantindo que Katherine estava dormindo, peguei a chave do meu carro acima da cômoda. Por último, repousei um beijo na testa de Katherine, o que a fez abrir os olhos. Seu sorriso veio logo em seguida, as íris negras brilhando.

— Eu vou visitar minha irmã — murmurei enquanto afagava seu cabelo. — Irei entregar isto a ela.

Levantei um dos convites que recebemos ontem à altura de seus olhos.

Ela concordou.

— Tá tão cheiroso — observou ela, mas sem nenhuma intenção.

— Alguma vez eu deixei de ser? — brinquei, sorrindo em seguida.

— Sem graça.

— Voltarei assim que Veronica parar de tagarelar.

— Mande um beijo para ela por mim.

Fiz que sim.

— Tchau, amor — murmurei.

Quando vi que ela fechou os olhos — dominada pelo cansaço da universidade —, saí do nosso vasto quarto e iniciei a caminhada à porta. E uma ironia bem estranha foi ter recebido uma ligação da minha irmã, levando-me a crer que ela tinha noção do que eu estava prestes a fazer. A atendi assim que entrei no carro, o humor na voz.

— Hey, não me diga que Katherine ligou para você.

Dani, Justin está aqui na Academia. Ele foi expulso de onde morava por conta de aluguéis atrasados.

Meu sorriso sumiu na hora, e, após lentamente ser consumido pelo que minha irmã me disse, já fui logo ligando o carro e partindo para a estrada.

— O quê?

O irmão dele está aqui também — disse ela. — O que eu faço? Você os conhece melhor que eu.

Engoli em seco e passei a mão no rosto, refletindo comigo mesmo quantos espelhos Justin quebrou na vida para receber tanta coisa negativa. Oh, Deus, ele não pode ser feliz por um dia inteiro?

— Eu estou chegando. — Acelerei mais o carro. — Peça para ele esperar, por favor. Eu vou cuidar disso.

Tudo bem. Estarei esperando.

— Okay.

Deixei meu aparelho de lado e me concentrei na estrada, ao passo de que meu cérebro tentava entender como pode um garoto que perde os pais, se sacrifica para cuidar do irmão e é expulso da própria moraria ter a vida tão obscura assim. Céus, ninguém, especialmente Justin, merecia passar por tanta coisa em um intervalo tão pequeno de tempo. Perguntei-me o que mais de ruim já aconteceu com ele que eu não soubesse.

Não era justo.

Minha indignação foi tão intensa que cheguei à Academia pouco instante depois. Abandonei meu carro às pressas. Em pé, logo na entrada, estava Veronica, e seu olhar caiu como um alívio quando me viu. Ela parecia estar de saída.

— Graças a Deus — falou quando parei à sua frente. — Por mim eu os deixaria aqui como abrigo, mas não sabia direito o que fazer. Por isso liguei para você.

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