14 | Eu te amo em segredo

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Umas três horas depois de termos feito sexo, lá pelo meio da noite, acordei com um barulho estranho — alguém estava fungando. E como Justin era a única pessoa presente, concluí sem nem sequer pensar que essa pessoa era ele. Isso era choro. Chorando... pelo quê?

Abri os olhos em subitamente em espanto e virei-me para vê-lo, mas seu rosto estava na direção oposta. Meu segundo gesto foi ligar o abajur na cômoda de madeira ao meu lado. Eu não estava entendendo — era difícil assimilar o fato de que momentos atrás Justin estava feliz, sorrindo.

— Hey — o chamei baixinho, tocando seu ombro. — Hey, o que foi?

Quando seu rosto se virou para mim, as lágrimas escorridas no rosto confirmaram que estava mesmo chorando. Foi o bastante para me condenar.

— Baby, vem cá... — pedi, tomando cuidado para trazer sua cabeça ao meu peito. Ele chorou mais, complicando minha situação culposa. — Desculpa... Me desculpa, por favor... — Meus braços o rodearam como se eu temesse que ele me abandonasse. — Eu não queria que tentasse algo comigo se não estivesse pronto... Eu poderia ter esperado.

— N-Não é isso — sussurrou.

— Não precisa mentir para mim. Se eu machuquei você...

— Não, Daniel... — Seus olhos azuis me fitaram temporariamente. — Estou assim porque eu... e-eu... sonhei com meus pais. Eu sempre fico assim quando isso acontece.

Arregalei minhas sobrancelhas. Eu fiquei sem saber o que dizer por um tempo, passando certo período tentando escolher as melhores palavras para confortá-lo.

— Eu não queria te acordar — falou ele apertando os olhos na minha camisa.

Beijei seu cabelo cheiroso, o perfume do shampoo de pêssego presente, e o abracei mais.

— Deveria, Justin — aconselhei. — Não se reprima, por favor. Quer conversar um pouco?

Ele não disse nada por uns segundos. Eu preferia que ele dissesse qualquer coisa do que ficar em silêncio.

— Eu não sei...

— Posso tentar ajudá-lo.

Seus dedos acariciaram meu peito, assim como os meus em seu cabelo.

— Você já me ajudou muito — disse baixinho.

— Uma ajuda a mais não vai fazer diferença — sorri fracamente. — Acho que deveria se acostumar, porque eu sempre estarei disposto a isso.

Justin respirou fundo.

— Pode me contar sobre o sonho, por exemplo — sugeri. — Ou... me contar sobre como está se sentindo depois do sexo. Isso me interessa muito.

Ouvi seu sorriso.

— Bastante confortável — respondeu.

— Está com dor?

— Não. — Ele me olhou, os olhos afáveis. — Me sinto muito bem, francamente. Obrigado.

Beijei sua boca castamente.

— Okay... E o sonho? — tentei. — Como foi?

Justin hesitou. Em seguida, como se passasse diversas emoções em sua expressão, ele encolheu-se mais no meu corpo e repousou seu nariz no meu peito, fechando os olhos mais uma vez.

— Não foi ruim, na verdade — sussurrou, o tom soturno. — O que me faz chorar é o sonho não ser real.

Pensei no que me disse e no quanto isso me afetou.

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