Umas três horas depois de termos feito sexo, lá pelo meio da noite, acordei com um barulho estranho — alguém estava fungando. E como Justin era a única pessoa presente, concluí sem nem sequer pensar que essa pessoa era ele. Isso era choro. Chorando... pelo quê?
Abri os olhos em subitamente em espanto e virei-me para vê-lo, mas seu rosto estava na direção oposta. Meu segundo gesto foi ligar o abajur na cômoda de madeira ao meu lado. Eu não estava entendendo — era difícil assimilar o fato de que momentos atrás Justin estava feliz, sorrindo.
— Hey — o chamei baixinho, tocando seu ombro. — Hey, o que foi?
Quando seu rosto se virou para mim, as lágrimas escorridas no rosto confirmaram que estava mesmo chorando. Foi o bastante para me condenar.
— Baby, vem cá... — pedi, tomando cuidado para trazer sua cabeça ao meu peito. Ele chorou mais, complicando minha situação culposa. — Desculpa... Me desculpa, por favor... — Meus braços o rodearam como se eu temesse que ele me abandonasse. — Eu não queria que tentasse algo comigo se não estivesse pronto... Eu poderia ter esperado.
— N-Não é isso — sussurrou.
— Não precisa mentir para mim. Se eu machuquei você...
— Não, Daniel... — Seus olhos azuis me fitaram temporariamente. — Estou assim porque eu... e-eu... sonhei com meus pais. Eu sempre fico assim quando isso acontece.
Arregalei minhas sobrancelhas. Eu fiquei sem saber o que dizer por um tempo, passando certo período tentando escolher as melhores palavras para confortá-lo.
— Eu não queria te acordar — falou ele apertando os olhos na minha camisa.
Beijei seu cabelo cheiroso, o perfume do shampoo de pêssego presente, e o abracei mais.
— Deveria, Justin — aconselhei. — Não se reprima, por favor. Quer conversar um pouco?
Ele não disse nada por uns segundos. Eu preferia que ele dissesse qualquer coisa do que ficar em silêncio.
— Eu não sei...
— Posso tentar ajudá-lo.
Seus dedos acariciaram meu peito, assim como os meus em seu cabelo.
— Você já me ajudou muito — disse baixinho.
— Uma ajuda a mais não vai fazer diferença — sorri fracamente. — Acho que deveria se acostumar, porque eu sempre estarei disposto a isso.
Justin respirou fundo.
— Pode me contar sobre o sonho, por exemplo — sugeri. — Ou... me contar sobre como está se sentindo depois do sexo. Isso me interessa muito.
Ouvi seu sorriso.
— Bastante confortável — respondeu.
— Está com dor?
— Não. — Ele me olhou, os olhos afáveis. — Me sinto muito bem, francamente. Obrigado.
Beijei sua boca castamente.
— Okay... E o sonho? — tentei. — Como foi?
Justin hesitou. Em seguida, como se passasse diversas emoções em sua expressão, ele encolheu-se mais no meu corpo e repousou seu nariz no meu peito, fechando os olhos mais uma vez.
— Não foi ruim, na verdade — sussurrou, o tom soturno. — O que me faz chorar é o sonho não ser real.
Pensei no que me disse e no quanto isso me afetou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
INESQUECÍVEL
RomanceQuantas vezes você seria capaz de amar alguém? Justin Connor tinha tudo para ser um jovem comum. Com uma pureza encantadora, beleza admirável - por fora e por dentro - e características chamativas, ele teria mil e uma razões para curtir sua vida o q...