8 | Eu escolho você

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— Foi impressão minha ou atuamos mais sorrisos falsos do que queríamos realmente mostrar um ao outro no jantar de seus pais? — Katherine deixou sua bolsa no sofá e tirou o grampo do cabelo loiro quando chegamos em casa, dando a entender que foi um alívio estar de volta.

Fiquei parado de braços cruzados, minhas costas apoiadas na porta, enquanto meu olhar pairava sobre Katherine sem intenção alguma.

— Você não gostou? — perguntei naturalmente.

— Queria que fôssemos quem estávamos tentando ser.

Franzi a testa aos poucos. Eu sabia o que isso significava.

— Katy, você tem o direito de suspeitar de mim, eu concordo — murmurei. — Mas você não encontrou prova alguma de que está certa. Você está pensando negativamente sobre mim, mas não precisa fazer disso um exagero.

Ela suspirou, permaneceu parada por alguns segundos — exatamente como eu — sem me ver e depois virou o corpo, enfim me encarando. Ela parecia pensativa demais. Se o silêncio tivesse dominado sobre nós dois por mais um minuto eu teria saído da sala, mas isso não aconteceu.

— Você disse o nome dele — falou baixinho, os olhos atentos.

Depois de fracassar em tentar entender o que ela disse, perguntei logo:

— Dele quem?

— Justin.

E todos os pelos dos meus braços foram eriçados.

— Como? — Eu juro que nunca havia dito o nome dele para ninguém, então só podia ser um jogo. — O que está dizendo?

— Ontem de madrugada — explicou devagar. — Você estava dormindo. Eu não consegui dormir direito, então fiquei acordada. — Seu gesto em arrumar o cabelo por conta do nervosismo se fez presente. — Não contei hoje mais cedo porque queria que me falasse a respeito. Foi por isso que vasculhei seu celular.

Soltei o ar devagar.

— Deve ter sonhado com ele — continuou Katherine. — E parecia ser bom, porque a forma como você pronunciava o nome dele... — Ela sentou-se no sofá e sorriu quase em forma de riso, como se estivesse chocada. — Até eu fiquei com ciúmes, Daniel. Você precisava ver a forma como eu fiquei pasma.

Apertei as pálpebras e engoli em seco. Caramba, eu não acredito que fiz isso. Mas, afinal, como eu saberia?

— É ele, não é? — indagou, a curiosidade na voz.

Tornei a abrir os olhos.

— Aquele garoto do ano novo, estou certa? O que você ajudou na cozinha?

Eu havia me esquecido que Katherine e Grace viram a cena.

— Ele só precisa de cuidados, Katy. É um garoto muito bom. — Desencostei-me da porta e sentei-me ao seu lado. — Ele tem passado por muitas dificuldades, e eu o ajudei. Me senti na obrigação de ajudá-lo!

— Todos têm dificuldades, Daniel. Não pode ajudar todo mundo.

Estreitei meu olhar sem dizer nada; nisso, ela ergueu as sobrancelhas lentamente e afastou sua cabeça um pouquinho de mim. Eu não gostava do que isso representava e não gostei de saber que minha intuição estava certa.

— A menos, é claro, que você goste dele.

Assustei-me internamente mesmo assim. O impacto parecia ser maior quando ela pronunciava a coisa que meu cérebro previu.

— Katy...

— Você está me traindo desde que o viu?

— Eu não estou traindo você — garanti firmemente, o olhar em extrema atenção. — Eu juro que não.

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