13 | Um toque mais profundo

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Deixei de estreitar os olhos e os ergui após a fala de Justin.

— Seu ex? — repeti, testando a palavra na minha língua.

Ele ficou sem graça.

— Eu sei o que isso parece... — comentou, soando como um pedido de desculpas. — Eu contei porque não queria guardar nada de você. Mesmo que isso não seja importante.

Inspirei fundo e olhei para nossas mãos unidas acima da mesa por um segundo, concentrando minha atenção no gesto e no que Justin me informou. Isso de alguma forma parecia não me afetar — porque meu momento com meus pais e a consequência que nossa conversa trouxe, que foi da aceitação do meu namorado na minha vida, valia mais a pena do que saber que o seu ex retornou.

Às vezes eu conseguia ser bem paciente.

— Tudo bem — falei, para depois voltar minha atenção para seus lindos olhos com um sorriso frágil. — Eu confio em você. Confio porque você teve a sinceridade de me contar isso quando poderia ter escondido, seja por medo ou por irrelevância.

Seu rosto ficou atento.

— Não vejo porquê criar caso com isso — garanti. E depois dei um riso suave. — A não ser que você queira me ver zangado.

Ele sorriu.

— Não, de jeito nenhum.

Beijei sua mão novamente.

— Eu vou deixar você comer, então.

— Eu não estou mais fome. — Ele olhou brevemente para o prato. — Nem com sono. É difícil estar com você aqui.

— Quer que eu vá embora? — fiz-me de vítima só para ver sua reação.

— Aí eu ficaria triste.

Apertei os olhos, o sorrisinho nos lábios.

— É uma péssima ideia, né? — perguntei retoricamente. — Bem, isso não vai acontecer quando morarmos juntos.

Ele suspirou apaixonadamente.

— E não vai poder rejeitar comida lá. Nem que eu seja seu incentivo — brinquei. — Depois que me contou aquela história daquela terrível mulher, me sinto na obrigação de alimentá-lo.

Justin apoiou o rosto na mão.

— Isso tocou você, não tocou? — perguntou, o tom doce.

— Imaginar a cena... eu não sei... — Formei uma linha rígida na boca e gemi de agonia. — Nossa, se é ruim para mim, não gosto nem de pensar como foi para você.

— É... — Ele olhou para cima temporariamente. — Parece que eu não tenho muita sorte em ser bem recebido em um lugar novo.

— Eu arrisco dizer que isso é inveja.

Ele ficou curioso.

— Por quê?

— Porque pessoas feias se odeiam ao ver um garoto tão lindo trabalhando para elas — sorri lateralmente.

Seu rosto ficou divertido e corado.

— Sua intenção era me deixar arrepiado? — questionou.

Achei graça.

— Funcionou?

— Hunhum.

— Que bom. — Levantei-me da cadeira e apoiei minhas mãos na mesa. — Então não está mesmo com fome?

Ele balançou a cabeça num não.

— Tudo bem. Deixe-me lavar nossos pratos.

— Não, Daniel, eu...

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