Deixei de estreitar os olhos e os ergui após a fala de Justin.
— Seu ex? — repeti, testando a palavra na minha língua.
Ele ficou sem graça.
— Eu sei o que isso parece... — comentou, soando como um pedido de desculpas. — Eu contei porque não queria guardar nada de você. Mesmo que isso não seja importante.
Inspirei fundo e olhei para nossas mãos unidas acima da mesa por um segundo, concentrando minha atenção no gesto e no que Justin me informou. Isso de alguma forma parecia não me afetar — porque meu momento com meus pais e a consequência que nossa conversa trouxe, que foi da aceitação do meu namorado na minha vida, valia mais a pena do que saber que o seu ex retornou.
Às vezes eu conseguia ser bem paciente.
— Tudo bem — falei, para depois voltar minha atenção para seus lindos olhos com um sorriso frágil. — Eu confio em você. Confio porque você teve a sinceridade de me contar isso quando poderia ter escondido, seja por medo ou por irrelevância.
Seu rosto ficou atento.
— Não vejo porquê criar caso com isso — garanti. E depois dei um riso suave. — A não ser que você queira me ver zangado.
Ele sorriu.
— Não, de jeito nenhum.
Beijei sua mão novamente.
— Eu vou deixar você comer, então.
— Eu não estou mais fome. — Ele olhou brevemente para o prato. — Nem com sono. É difícil estar com você aqui.
— Quer que eu vá embora? — fiz-me de vítima só para ver sua reação.
— Aí eu ficaria triste.
Apertei os olhos, o sorrisinho nos lábios.
— É uma péssima ideia, né? — perguntei retoricamente. — Bem, isso não vai acontecer quando morarmos juntos.
Ele suspirou apaixonadamente.
— E não vai poder rejeitar comida lá. Nem que eu seja seu incentivo — brinquei. — Depois que me contou aquela história daquela terrível mulher, me sinto na obrigação de alimentá-lo.
Justin apoiou o rosto na mão.
— Isso tocou você, não tocou? — perguntou, o tom doce.
— Imaginar a cena... eu não sei... — Formei uma linha rígida na boca e gemi de agonia. — Nossa, se é ruim para mim, não gosto nem de pensar como foi para você.
— É... — Ele olhou para cima temporariamente. — Parece que eu não tenho muita sorte em ser bem recebido em um lugar novo.
— Eu arrisco dizer que isso é inveja.
Ele ficou curioso.
— Por quê?
— Porque pessoas feias se odeiam ao ver um garoto tão lindo trabalhando para elas — sorri lateralmente.
Seu rosto ficou divertido e corado.
— Sua intenção era me deixar arrepiado? — questionou.
Achei graça.
— Funcionou?
— Hunhum.
— Que bom. — Levantei-me da cadeira e apoiei minhas mãos na mesa. — Então não está mesmo com fome?
Ele balançou a cabeça num não.
— Tudo bem. Deixe-me lavar nossos pratos.
— Não, Daniel, eu...
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INESQUECÍVEL
RomanceQuantas vezes você seria capaz de amar alguém? Justin Connor tinha tudo para ser um jovem comum. Com uma pureza encantadora, beleza admirável - por fora e por dentro - e características chamativas, ele teria mil e uma razões para curtir sua vida o q...