Quando saí do banheiro na manhã seguinte, Justin havia acabado de arrumar sua bolsa para a faculdade. Seu cabelo molhado parecia ter sido eletrificado em algum momento do seu banho, mas isso o deixava mais bonito — não que ele precisasse de muita coisa para isso.
Notei que lá fora estava chovendo muito.
— Admiro sua coragem de querer estudar num clima desses. — Me abracei e respirei seu pescoço assim que cheguei perto dele. — Eu iria preferir dormir.
Ele abriu aquele sorriso rosado e suspirou.
— Até eu me admiro. Queria também estar dormindo. A cama estava tão boa.
— A cama? — O abracei lateralmente, seu corpo roçando no meu. — Ou eu?
— Você. — Ele piscou os cílios e repousou sua cabeça no meu peito, de modo que seu cabelo esbanjasse o cheiro do shampoo nas minhas narinas. — Você está tão quente... Dá vontade de ficar grudado assim o dia inteiro.
— Então fique.
Justin ergueu seu olhar brincalhão.
— Às vezes dá vontade de aceitar suas ofertas — admitiu. — Mas aí eu penso que posso prejudicar você.
— É um sacrifício que vale a pena passar.
O fiz rir. E ainda ganhei um beijo gostoso, sua boca macia mordendo meu lábio inferior suavemente, do jeito que eu gostava. Eu não me lembrava de acordar sorridente todos os dias, mas descobri que isso estava se tornando comum esses dias, tudo porque ele estava dormindo comigo.
— Está com fome? — perguntei.
Justin pendeu a cabeça para o lado
— Um pouco.
— Eu vou preparar alguma coisa para a gente enquanto você termina de se arrumar.
— Tudo bem. Com você cozinhando, ao menos teremos a garantia de que não comeremos algo queimado de novo, né?
Foi minha vez de rir.
— Você ainda está teclando nesse assunto? — Soltei seu corpo devagar. — Eu posso lhe ensinar qualquer dia. Hoje à noite, se quiser.
— A cozinhar?
— É.
Acho que eu disse o que ele gostaria de ouvir.
— Tá bom.
Dei uma piscadela e o deixei sozinho. Passei no quarto de Theo, que ainda estava dormindo, para enfim chegar à cozinha. Era gostoso ver a chuva deslizando pelos vidros das janelas. Pelo clima, optei por preparar chá; peguei um queijo da geladeira, fatiando-o em cubos junto a alguns ovos; e, por último, coloquei a sacola de pão francês acima da mesa, cortando-o.
Fiz o café da manhã em cinco minutos, sem pressa.
Theo foi o primeiro a aparecer, esfregando o rosto, de modo que suas bochechas ganhassem vida por isso. Sorri em sua direção quando ele arregalou os olhos para a mesa.
— Eu já ia chamar você — comentei, puxando uma cadeira para ele. — Como foi sua noite, Theo? Dormiu bem?
Seus olhos verdes brilharam. Eu ainda ficava em choque com a sua semelhança em relação ao irmão.
— Dormi — respondeu, acomodando-se. — Eu sonhei com Gui.
Fiquei curioso, ainda que não soubesse exatamente a quem ele estava se referindo.
— Gui?
— É... Ele é o irmão do Natan, o dançarino. Conheci ele antes de ontem. Ele tem minha idade.
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INESQUECÍVEL
RomanceQuantas vezes você seria capaz de amar alguém? Justin Connor tinha tudo para ser um jovem comum. Com uma pureza encantadora, beleza admirável - por fora e por dentro - e características chamativas, ele teria mil e uma razões para curtir sua vida o q...