15 | Um pouco mais sobre Theo

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Daniel me deixou na casa de Natan na manhã seguinte. Notei que sua moradia era bem grande, sinceramente falando — próxima ao tamanho da de Daniel, se não do mesmo tamanho —, o que me deixou admirado à primeira vista. Era uma arquitetura branca com toques modernos, também com um andar. E ainda havia um jardim nas laterais da calçada que nos levaria à porta.

Theo encostou sua cabeça no vidro, sentando no banco atrás de mim, e fez um som de assobio. Daniel era o único que parecia natural.

— Então... — Daniel murmurou, tocando minha mão. — A que horas devo buscá-lo?

— Quando achar melhor — garanti, os lábios numa linha sorridente. — Não precisa se apressar.

— Por quê? — Ele estreitou os olhos, a diversão oculta. — Vai aprontar lá dentro?

A casa de Natan foi indicava pelo seu queixo.

— Não... — Beijei sua boca por uns segundos. — Eu prometo. Quando o dia da dança na Academia chegar e você finalmente me assistir, verá que meus ensaios foram úteis.

— Hum... — Daniel olhou para meu irmão. — Theo, por favor, tome conta de seu irmão.

Achei graça, mas Theo ainda fez que sim.

— Ele sabe que não apronto — comentei destravando meu cinto. — E com um Daniel O'Brien na minha vida, não haveria razões para cruzar esse caminho. Não sou doido.

— Então faria se eu não me chamasse Daniel? — provocou.

Eu ri alto.

— Você sabe que não é pelo nome, e sim pelo que você é — expliquei mesmo assim, ainda que ele já soubesse. — A propósito, parece que seu nome completo é a única informação que eu sei sobre você.

— O que quer saber? — Ele parecia estar disposto a ouvir minhas perguntas. — Não há muitas coisas boas, vou logo dizendo.

Acho que ele era mais modesto do que eu.

— Quando é seu aniversário?

— Vinte e sete de abril — respondeu. — O seu eu já sei.

Franzi a testa. Como?

— Por causa da sua ficha de inscrição na Academia — falou ao observar minha reação. — É em setembro. Dia 12.

Fiz que sim devagar.

— Isso.

Seu celular tocou, transformando minha expressão em desânimo. Ah, não... Agora não...

— Só um minuto, baby — sussurrou, e depois atendeu. — Oi, Carla.

Esperei que Daniel conversasse com quem estivesse do lado pacientemente. Era até bom. Seu olhar levemente estreito e sua voz mudavam de vez em quando — para um jeito mais profissional. Ao terminar, ele me olhou com aquele olhar suave de pedido de desculpas, o que me dizia que nosso tempo juntos já seria cessado.

— Tá tudo bem, você precisa trabalhar. — O abracei após dar um beijo em seus lábios. — Pode me contar mais coisas sobre você mais tarde.

Ele sorriu.

— Okay. Vai me ligar? Caso queira ir embora mais cedo?

— Vou — concordei, abrindo a porta ao meu lado. — Tenha um bom dia, amor.

— Vocês também. — E, com uma bondade que derreteu meu coração, ele pegou a mão de Theo e repousou um beijo nela. — Cuide de seu irmão por mim, tá bom?

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