21 | Seja feliz, meu amor

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Eu conheci o namorado de Natan no final de semana quando eu fui à sua casa para o treino das coreografias — minha função de ajudante ainda permanecia

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Eu conheci o namorado de Natan no final de semana quando eu fui à sua casa para o treino das coreografias — minha função de ajudante ainda permanecia. Ele era bem alto (maior até mesmo que o próprio Natan), forte e loiro. A coisa que mais chamava a atenção, porém, eram seus olhos cor de mel idênticos aos de Gui, como se um feixe de luz tivesse sempre incidindo em suas íris. Na verdade ele me lembrava mesmo uma versão mais madura de Gui, o que era chocante.

Tão sorridente quanto Natan, ele me estendeu a mão ao chegar da faculdade. Se chamava Alan. Por estar cansado e suado, acabei sentindo um quê de vergonha.

— Então você é o Justin? — perguntou, sentando-se no sofá da sala onde estávamos. — Seu rosto é familiar... Acho que já te vi em algum lugar...

Fiz um esforço para tentar me lembrar disso.

— Na Academia, talvez? — tentei.

— Não... — Ele estreitou o olhar, refletindo. — Ah... Foi na casa da minha tia! Agora eu me lembrei...

— Sua... tia?

— Grace Porter. Você servia bebidas lá, não estou certo?

Ergui as sobrancelhas ao me dar conta de que Alan estava se referindo à mansão que eu trabalhei no ano novo. Natan olhou para mim, sentado no chão.

— É... isso — concordei, chocado com a coincidência. Eu, por outro lado, não me recordava do rosto de Alan. — Na véspera de ano novo.

— Exatamente... — sorriu, as covinhas aparecendo. — Deve ter gostado de lá.

Tive que fazer um esforço para não demonstrar o contrário.

— Eu estou brincando. — Ele deu um riso suave. — Nenhum ser humano em plena consciência gosta da minha tia. — Agora seu corpo foi relaxado na cadeira, a expressão cansada. — Passei um tempo com ela quando comecei minha faculdade e via a forma como ela tratava as pessoas. Os empregados, na verdade. Não era uma cena muito bonita de se ver.

Subi minhas pernas para abaixo do queixo e as abracei.

— Não preciso pensar muito para saber que ela foi assim com você — terminou.

Meu sorriso saiu frágil.

— Eu não ligo muito para o que as pessoas falam de mim, nem para a maneira que elas me olham — murmurei. — E eu precisava de dinheiro também. Eu morava sozinho com meu irmão, então... meio que eu tinha que me virar.

Natan me olhou quase assustado.

— Você... chegou a passar fome? — ele perguntou, o tom de quem não queria que ninguém escutasse, embora tivéssemos somente nós três no local. Theo estava em algum lugar da casa com Gui.

— Acho que sim. Mas foi por um tempo breve. — Tentei não tornar o clima pesado. — Sempre eu conseguia arrumar alguma coisa para fazer, no fim das contas.

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