Que comecem os jogos!

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Abro os olhos. Eu estava deitada em um sofá cama com uma manta sobre mim. Olho ao redor para tentar focar a visão, um cheiro bom Pairava não ar e meu estômago respondeu no mesmo instante. Me levanto e procuro por Eriko que pelo visto estava bem ocupado na cozinha.

-Bom dia Alteza.-Ele estava sem camisa e seu peitoral estava coberto apenas por um avental cheio de babados Desvio o olhar. Ele sorri.

-Que cheirinho bom.

-Eu sei, tenho o dom.-Ele diz orgulhoso de si mesmo.

Me sento na mesinha encostada na janela e olho para fora, o sol tímido entre grandes nuvens no céu dava um toque aconchegante a linda manhã. A grama molhada do orvalho me lembrava minha infância, me lembrava ...Dublin.

-Estamos em Dublin?

-Sim.

-Por que não me disse que vínhamos para cá?

-Não seria tão divertido assim se você soubesse que ia pro lugar onde _cresceu_.-Ele enfatiza as palavras.

-Não quero ficar aqui.

-Calma princesinha, é temporário, só passamos a noite, partiremos depois do café.

Ele se senta e me serve.

-Alteza..

-Dá para parar com isso? Pensei que você tinha me obrigado a vim para sair desse negócio de nobreza.

-Sim, era pra te tirar desse  de nobreza. E não, eu não te obriguei.-Ele põe uma colher de ovos e umas tirinhas bem gordurosas na boca.

-O que é isso?-Digo pegando com nojo uma das tirinhas.

-Bacon. Não vai me dizer que nunca comeu ?

-Não, nunca comi.-Ele me olha como se eu fosse um extraterrestre.

-Meu Deus! Você não sabe o que tá perdendo.-Ele diz de boca cheia.

-Tenha modos.-Digo corrigindo minha postura a mesa .

-Olha só, fora de Aarhus você é só mais uma garota, não manda em mim.-Ele diz curvado sobre o prato comendo feito ogro.-Você é sempre assim?

Ele pergunta me vendo colocar o pano sobre o colo e organizar corretamente os talheres para comer.

-Sim, sempre. Tudo em mim é julgado pela sociedade.

-A única sociedade que eu tô vendo aqui sou eu e  não dou a mínima pra sua postura de princesa.

-Meus costumes permanecem assim como seu linguajar torpe.

-Torpe? Que diabos é torpe?

-Por exemplo "Que diabos" uma frase que uma pessoa educada nunca usaria.

-Ta me chamando de mal educado na cara dura?

-Sim, estou. E você deveria mudar isso.

-Ah faça mil favor.

-Faça-ME um favor.-O corrijo.

-Okay Aurélio.-Ele volta a comer sem dizer mais nada. Apenas rindo de minha postura e modos.

-Com licença.-Me levanto e saio.

Tomo um banho rápido e me visto. Queria sair logo dali. Apesar de Dublin me trazer maravilhosas lembranças eu queria esquecer o palácio e todos os que nele habitavam pelo menos pelo dias que eu estava fora. E apesar de Eriko ser mal educado, grosso, um rebelde e o homem que me sequestrou não conseguiria pensar em alguém melhor para me tirar daquela prisão.
Desço secando meu cabelo na toalha, e o vejo sem camisa abotoando a calça. Eriko era um homem muito bonito, nunca perguntei a sua idade, mas sua estrutura física era Impecável desço os últimos degraus e finjo que não vi nada, arrumo minha bolsa de costa para ele, não queria me distrair mais.
Me viro e dou de cara com ele, com o susto quase Caio sobre o sofá mas seus braços ágeis me seguraram antes mesmo que meu corpo pensasse em cair.

-Mas o que está fazendo?-Pergunto ofegante, minhas mãos estavam sobrepostas em seu peitoral descoberto ainda úmido do banho.

-Te segurando.

-Fez de propósito.-Digo levemente irritada.

-Talvez...-Ele me solta e eu caio sentada no sofá.-Ou eu só queria pegar minha camisa e você se virou na hora.-Ele pega a camisa e me lança uma piscadela.

-Idiota.-Pego minha bolsa. Ele me deixava tão irritada.

-Ei!-Me viro para ele. -Não esqueça isso aqui...

Ele rodava uma de minhas roupas íntimas no dedo.

-Aaah como eu odeio você.-Tiro com grosseira de sua mão .

-É inevitável.-Ele sorri sarcástico o que me deixa ainda mais irritada.

Saio e entro no carro, queria voltar para meu mundo queria voltar para o palácio e esquecer essa viagem que eu já começará a me arrepender. Mas eu sabia que se voltasse talvez nunca conhecesse o que Eriko me mostraria nessa  jornada irritantemente atraente.

-Seguindo!-Diz ele entrando no carro. -Você fica tão...engraçada com raiva. Parece até um Pincher.

Olho para ele e o fuzilo com o olhar.

-Você pode ao menos tentar não ser um completo idiota?

-Não mesmo, assim perde a graça docinho.-Ele sorri de canto ligando o carro. Reviro os olhos.

O caminho estava longo e silencioso, parecia que o lugar onde Eriko ia me levar, na verdade ele nem me falava atuava com o "elemento surpresa" o que me deixava curiosa, e sua forma de agir durante a viagem me deixava um tanto irritada, mas já começava a me acostumar com seu jeito bruto de levar a vida.
Seguimos viagem, avistei uma placa enorme com um letreiro.

BEM VINDOS AO  ESTADO DO OREGAN.

Orégan, não me soava estranho aquele nome. Logo na entrada do estado uma estrada rodeada por uma floresta e o sol se escondia dentre as copas das árvores deixando o clima agradável. Abaixo o vidro e deixo o vento tocar meu rosto, fecho os olhos e me deixo apreciar aquele momento único.

Seria egoísta demais da minha parte não querer mais voltar para Aarhus? Não querer ser rainha? Não querer me casar com o meu melhor amigo? Não ter que dizer adeus para Ryan? Apenas viver e apreciar as coisas boas como uma garota normal? Acho que todas desejariam ser uma princesa, rodeada de pessoas dispostas a fazer o que quero, mas isso não é bom, responsabilidades, faça isso faça aquilo, postura, bailes, conferências, pretendentes, casamento, tratados, "eles observam tudo", " você será a futura rainha" , " eles querem autoridade" , "Te acham mimada" , " Se porte como uma nobre"...... CANSEI!  Se é para viver assim, já sei qual será minha escolha....

Abro os olhos e sorrio. Olho para Eriko que me olhava de canto de olho sob seus óculos escuros.

-E agora?-Pergunto.

-Vamos para onde quiser.

-O mais longe possível de tudo isso!- abro o porta luvas e tiro um óculos para mim também. Deito o banco e coloco as mãos atrás da cabeça.

-Acho que o oxigênio fez bem a você.

-Decidi também ignorar seus comentários imbecis.-Digo com um leve sorriso no rosto.

-Isso quer dizer que você não vai mais se irritar?

-Exatamente.

-Isso é o que nós vamos ver princesa.-Ele sorri malicioso.

Arqueio a sobrancelha aceitando o desafio se é para viver ao máximo, que os jogos comecem.

Vou Te AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora