Voltamos ao parque no dia seguinte, todos prontos para mais uma sessão de treino. Assim como no outro dia, estávamos treinando em um canto, e Laura afastada em outro, ficando quieta por lá mesmo. Tudo correndo normalmente, até aquele piado agudo e estridente de gelar a espinha se espalhar pelo ar.
O autor do som pavoroso sai dentre a copa das árvores, uma Harpia. Assim como nos filmes e ilustrações dos livros, as Harpias são metade humanas, metade pássaros. Dos joelhos para baixo suas pernas se tornam pés de aves, com uma calda de penas e asas emplumadas no lugar dos braços, a criatura desceu em nossa direção.
Foi tão rápido que só tive tempo de me jogar no chão, me protegendo de seu voo rasante. Enquanto ela se distanciava para pegar impulso e descer novamente, eu e Ana tentamos acertá-la com bolas de fogo ou graça, sem sucesso, nos fazendo descarregar depressa.
Ela começa o processo de descida novamente. Dessa vez, antes de chegar mais perto de nós, Samuel lança uma mochila nela, o que a faz perder a estabilidade do voo, e cair no chão.
Antes de se retirar para os céus novamente, ela faz um refém, que infelizmente sou eu. Suas garras prendem meus braços, e ela começa a alçar voo, mas não sem antes de Leticia tentar segurar uma de suas patas, descarregando o veneno mortal de Djinn.
A criatura começa a subir, ao mesmo tempo que se desfaz em poeira cinza, quase como se estivesse vazando, se quebrando como um castelo de areia. O veneno estava fazendo efeito agora.
Meu cérebro pareceu ter congelado com tudo que aconteceu, eu simplesmente não sabia o que fazer. Logo depois de alcançar a alturas das árvores, aos solavancos da subia, a Harpia se desfez por completo, me fazendo descer, e o pânico subir.
"PUTA MERDA! EU VOU MORRER! MEU DEUS!"
O chão estava cada vez mais próximo, me causando mais e mais temor, e tudo que eu conseguia fazer era ficar mais nervoso.
- VOCÊ VOA SEU IDIOTA!
Ouço o grito de Leticia bem a tempo. Tento lembrar da sensação que senti quando Natasha fez o feitiço de identificação, e imagino asas de dragão saindo de minhas costas.
Poucos metros antes de atingir o chão, um par de asas surge, me fazendo planar com um solavanco violento, quase como a abertura de um paraquedas. Obviamente não foi um voo bonito, eu apenas planei rente ao chão, mas pelo menos não cai direto daquela altura.
A queda foi dolorida, não vou mentir. Mas estou vivo, e é isso que importa. Olhando pelo lado positivo, foi uma experiência nova.
Lê: - Por que você não voou antes criatura?
Eu: - Eu tinha esquecido que eu voava!
Samuel: - Cadê a Daniela?
Eu: - Como assim?
Samuel: - Não era ela quem tava fazendo esses monstros de poeira?
Eu: - Se ela não tá aqui não deve ser ela.
Nat: - Então é quem?
Ana: - Essa pessoa deve estar perto.
Eu: - A essa hora ela ou ele já deve ter sumido - Digo ainda me levantando do chão.
Laura: - Então vamos voltar para o treino.
"Ué? Ela não está quieta no canto dela? Por que ela se incomodou com isso?"
Resolvo ignorar por enquanto a atitude de Laura. Assim que comecei a caminhar de volta para a área de treino, sinto meu corpo inteiro dolorido, acho que a proteção de dragão pode ter me protegido contra danos piores mas mesmo assim estava doendo pela queda.

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Uma vida Super-Natural
FantasyEm um mundo onde todas as lendas e mitos de fato existem, um grupo de jovens que está no ensino médio descobre que suas séries, livros e histórias fazem parte de sua vida de um jeito diferente agora. Eles terão de lutar com seus demônios internos, l...