Cap10 - O sonho

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Terça-feira. Diferente de ontem, hoje eu acordei um tanto quanto irritado, cheguei a essa conclusão quando uma folha de uma árvore caiu em mim e eu a murchei com a mão, acho que essa irritação toda pode ser resultado da noite mal dormida que tive, já que eu fiquei até tarde fazendo o trabalho que devíamos ter terminado ontem mesmo na casa de Laura. Quando cheguei na escola fui muito bem recepcionado no corredor por Samuel, que disse:

 - Pela sua cara você acordou com o pé esquerdo - Ele diz tentando esconder seu sorriso.

 Eu: - Vai se foder!

 Samuel: - Nossa, calma cara.

 Eu: - Eu tô calmo!

 Entro na sala junto com ele, quando estávamos chegando em nossos lugares o sinal tocou. Ana se vira com cara de preocupação e diz:

 - Qual a desculpa que a gente vai usar?

 Eu: - Não precisa, eu fiz o trabalho ontem a noi... - Quando eu ia terminar de falar "noite" acabo bocejando.

 Ana: - AAAAHHHHH! HENRIQUE MELHOR PESSOA!
 
 Demos algumas risadas como de costume, a expressão de preocupação que tomava conta do rosto de Ana logo se transformou em alívio.

 Ana: - Isso explica as suas olheiras.

 Eu: - Eu tô com olheiras?

 Ana: - Tá sim - Diz ela apontando para mim com um meio sorriso.

 Eu: - Aff, não importa, hoje vou dormir assim que chegar em casa.

 Quando termino minha frase o professor entra e a aula inicia, foi um pesadelo me manter acordado durante aquela aula incrivelmente chata de Língua Portuguesa, mas felizmente o sinal toca. Dentre a troca de professores, como de costume, os baderneiros do fundo da sala se levantaram para dar início às gracinhas do dia. Eu estava com tanto sono que mal reparei que Natasha já devia ter me chamado algumas vezes.

 Nat: - HENRIQUE! CARAMBA!

 Eu: - OI?!

 Nat: - Você ouviu?!

 Eu: - Não, foi mal.

 Nat: - O professor de matemática não veio, então vamos ter essa aula e a aula depois do recreio livres, que tal você dormir? Pelo menos nessa aula?

 Eu: - Vou tentar, obrigado Nat.

 Nat: - Nada!

 Foi quase instantâneo, eu tinha acabado de me deitar na carteira e tinha pego no sono, foi muito estranho por 2 coisas:

 1° Eu nunca tinha dormido na escola
 2° Eu tive um sonho

 Não que sonhar seja estranho, mas o que aconteceu nele foi estranho.

 Tudo começou como um sonho normal, eu estava na escola tendo aula de biologia, mas em um certo momento o professor interrompeu a sua fala e olhou diretamente para mim, nessa hora eu me senti totalmente parte do sonho, tudo parecia real, ele estalou os dedos e tudo ao meu redor desmoronou, sobrando apenas nós dois no vazio.

 Eu: - O que tá acontecendo?

 Não tive resposta. Enquanto ele continuava me encarando com um olhar intimidador, ele estalou seus dedos novamente, dessa vez uma luz como a de um holofote vindo de cima apareceu perto de mim, e no meio do foco da luz estava aquela cena da nossa primeira batalha com os monstros de poeira, mas dessa vez eu pude ver tudo na terceira pessoa.

 Ele estalou os dedos novamente e a cena dos Wendigos apareceu em outro holofote, de novo na terceira pessoa. Outro estalo e a cena da Harpia me carregando para o alto enquanto se desfazia aparece, vendo essa cena eu posso perceber que minhas asas não são tão parecidas com asas de morcego.

 Outro estalo e batalha de ontem com os lobisomens de poeira aparecem, essa estava bem vívida em minha mente, mas é interessante ver como os outros estão lutando. Um quinto estalo e os holofotes somem.

 O professor estava rindo agora, depois de alguns segundos sua risada cessa, ele olha em minha direção e coloca o dedo na frente da boca, como se dissesse "silêncio", e eu acordo assustado e com falta de ar.

 Assim que acordo olho no relógio e vejo que faltam 5 minutos para o sinal tocar, aproveito ao máximo esses 5 minutos para explicar o que aconteceu em meu sonho, e quando terminei Natasha soltou um riso baixo e disse:

 - Migo, esse sonho deve ter sido por causa do seu medo da nota baixa na matéria dele.

 Eu: - Isso explica o porquê dele estar lá, mas por que foi tão vívido?

 Nat: - Deve ser por causa da sua falta de sono, sei lá.

 Eu: - Pode ser...

 Mesmo não acreditando muito nisso, a vida tem que continuar, depois de conversar bem pouco, o sinal toca e descemos para pegar a fila do café da manhã. O clima estava bem tenso, e para ajudar mais ainda, Laura fazia questão de passar perto de nós com um sorriso desafiador, por mais que disséssemos para Ana não ligar para isso, as provocações de Laura surtiam uma grande efeito nela. E foi assim, calmo porém com o perigo de Ana surtar a todo momento, por quase uma semana.

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