Uma vida Super-Natural

Cap17 - Memórias

*Sonho on*

 "Acordo" na completa escuridão, e quando digo completa, é porque não existia mais nada além de escuridão, igual ao sonho de quando dormi na aula vaga. Começo a me desesperar, o desespero se juntou a uma sensação estranha de vazio, de falta. Não tinha ideia do que estava acontecendo, até que percebo que eu estava em um sonho, e teoricamente se eu estou acordado em meu sonho, tenho controle sobre ele. Teoricamente.

Tento criar um cenário melhor para o sonho. Nada. Tento fazer com que apareçam pessoas. Nada. Tento criar objetos. Nada. O desespero toma conta novamente.

"Se isso é um sonho, porque não consigo fazer nada? Só se..."

O desespero se torna puro pânico, sinto um arrepio correr por tudo minha espinha.

"E se não for um sonho?"

Já li artigos e blogs sobre sonhos, para saber se é um sonho eu deveria procurar palavras, pois em sonhos não se consegue ler, como estou vazio não tenho muito o que fazer, olho para mim procurando por escritos na camisa, etiqueta de tamanho, estampas, qualquer coisa. Não encontro nada.

"Isso é um jogo Kaori?"

A única opção que me resta é contar os dedos, olho para onde deveria estar o horizonte, com medo de não conseguir, de não estar sonhando. Fecho os olhos e viro o rosto em direção a minha mão, conto em voz alta para afastar os pensamentos ruins:

 - 1... 2... 3... 4... 5... - Continuo olhando para minha mão, com medo que num piscar de olhos, um dedo suma ou apareça.

Para ter certeza fecho os olhos e respiro fundo.

  "Preciso ter certeza".

Conto mais uma vez. 5 dedos novamente.

Grito "5" em alto e bom som. Parecia uma criança feliz no natal, pronto para abrir os presentes.

O fato de conseguir contar os dedos mostrava que não era um sonho.

 "Então onde estou?"

De repente sinto uma dor no peito, era quase insuportável, cai de joelhos no "chão". Aos poucos minha mente foi inundada por memórias, memórias que até aquele momento não sabia que as tinha perdido, conforme fui lembrando, a dor foi sumindo, junto da sensação de vazio.

Me levanto ao poucos, recuperando as forças. Quando consigo me manter em pé ouço a voz doce e calma de Kaori:

 - Agora vou começar a vasculhar, não se preocupe, a dor de antes foi pelo toque na sua alma, não vai acontecer de novo.

"Ótimo! Minha alma foi tocada, me sinto abusado!"

 Kaori: - Agora você pode vagar pelas suas memórias livremente se desejar.

 "Finalmente! Qual memória devo visitar primeiro? As falsianes trocando nossos poderes ou eu derretendo as sandálias delas? Que tal as duas? Hahahaha."

Começo pelo feitiço que deu errado das falsianes. Não preciso de muito esforço para ser levado até lá, sim levado. Quando pensei melhor na lembrança, algo me puxou através da imensidão escura até um ponto claro, era como uma televisão mostrando a cena, pensei que pararia antes que alcançar o "monitor" 2D, mas eu o atravessei.

Quando abri os olhos, estava revivendo aquele momento, mas não do meu ponto de vista, eu estava vendo a situação meio afastado. Percebo que tudo que estava no campo de visão do outro Eu era mais nítido, o resto não mantinha uma forma estável, ou seja, o que aquele eu não viu, havia sido imaginado para completar o cenário.