Cap 12. Noite em claro.

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*Gi*

  Já deviam ter passado três horas desde o momento em que eu e a Manu decidimos ir dormir, desde o nosso desejo de boa noite e eu permanecia acordada, eu permanecia muito acordada. Eu não sei se era porque de alguma maneira esquisita, eu não queria que aquele dia acabasse, ou se era, porque a camiseta que eu estava vestindo tinha um cheiro tão bom que me despertava os sentidos ou se era simplesmente porque a cada minuto que eu fechava os olhos, as memórias desse dia maravilhoso reprisavam em minha mente.

  Eu fechava os olhos e lá estavam às imagens do beijo de Lica e Samantha estampando a televisão do Projac, depois, eram as milhares de informações sobre o shipper Limantha na internet, mais tarde, a imagem da Manu me recebendo em sua casa, linda, ela estava linda! Seus cabelos despontados dando um charme especial ao seu visual composto por uma camisa de branca, uma calça justa preta e um sapato estiloso que lembrava um pouco aos calçados antigos masculinos.

  Eu seguia de olhos fechados e me lembrava do sorriso da Manu ao me observar comendo a comida deliciosa preparada por ela, depois de suas gargalhadas em alguns momentos dos filmes que vimos mais cedo. Tudo era como mágica, mas meu corpo ainda sentia falta de algo... Quando ela dormiu na minha casa, eu acordei em seus braços e eu me senti tão bem, acho que era isso que faltava, o toque.

  Parece absurdo pensar nisso, errado talvez, mas eu tinha de admitir que eu queria que ela me tocasse, a cada memória, meu corpo ficava ainda mais acordado, quase que formigando, pedindo por mais, porque ela estava ali, perto demais e longe demais mim.

  Eu sei que eu devia estar ficando maluca, ela era apenas minha amiga e companheira de trabalho, mas naquele momento, eu queria o seu abraço, eu queria dormir sentindo sua respiração em meu pescoço... Eu tinha de admitir que talvez eu estivesse confundindo as coisas, mas meu corpo egoísta me pedia por mais.

  Como por um impulso insano, eu resolvi atender aos pedidos da minha pele que ardia sensível demais... Senti um arrepio suave percorrer por minha coluna e sem pensar, eu disse baixinho:

- Manu... Você está acordada?

Para a minha surpresa ela respondeu quase que instantaneamente:

- Estou, está tudo bem?

  Foi nessa hora que eu menti. Eu não sei por que eu fiz aquilo, mas eu já não parecia ter controle das palavras que saiam de minha boca.

- Está, é só que... Eu estou com um pouco de frio... Me abraça?

  Em poucos segundos, Manoela me puxou para si, acomodando meu corpo junto ao dela, seus lábios roçaram de leve meu pescoço. Eu podia sentir sua respiração quente me provocando pequenos arrepios, mas agora tudo parecia completo de novo e meus olhos se fecharam satisfeitos se entregando ao sono profundo.

*Manu*

  Eu estava tão desperta quanto à garota que se movia ao meu lado, mas eu buscava aquietar meu corpo desesperado por tocá-la e meus pensamentos que continuavam a me levar até ela uma e outra vez. Eu não sei o que estava acontecendo, mas eu queria, eu queria muito senti-la em meus braços outra vez, mas eu nunca faria algo que pudesse ultrapassar os limites, porque eu tinha medo, medo de que ela fosse embora e me deixasse aqui...

- Manu... Você está acordada?

Ela disse num sussurro que parecia se esconder por entre o espaço de cada palavra.

- Estou, está tudo bem? – Perguntei preocupada.

  Eu não entendia por que a insegurança me tomava, todos os dias durante as últimas semanas tinham sido assim, um medo absurdo de assustar a Giovanna, ou de perdê-la... Mas como perder?  Se ela nunca tinha sido de fato minha. E eu? Será que eu de fato a queria ou seria apenas carência?

  Eu sabia que sentia desejo e não negaria isso, mas até aí... Acontece que algo me incomodava e eu ainda não sabia identificar o que era, mas bastou que Giovanna me respondesse pedindo: "Está, é só que... Eu estou com um pouco de frio... Me abraça?" Para que qualquer dúvida desaparecesse de minha mente, deixando espaço apenas para ela.

  Eu a abracei acomodando seu corpo junto ao meu e sem me controlar, rocei meus lábios de leve em sua nuca... Minha vontade era de beijar aquele pescoço, seguir por suas bochechas e lhe roubar a boca em um beijo lento, quente... Um beijo capaz de satisfazer todas as minhas vontades, mas isso seria muito errado, porque eu sabia que a Gi não gostava de meninas, não me queria desta maneira e seria muito errado lhe impor todo o meu desejo.

  Eu me abracei a ela como quem se abraça a um bote salva vidas, eu senti o seu cheiro de perfume e sabonete me contendo para não lhe beijar como um beija-flor que beija sua flor favorita, faminto e delicado...

  Um turbilhão de vontades, um mundo de memórias, mas ao mesmo tempo a paz de tê-la em meus braços que preenchia todo o espaço, me fazendo adormecer rápido. 

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