Por favor, me liberte

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POV Lauren

Esfreguei novamente os olhos e elevei o copo à minha boca, tomando o último gole daquela bebida que sempre tinha sido minha companheira, desde a adolescência.

O líquido desceu queimando em minha garganta, e eu permiti a mim mesma saborear aquele momento.

Cada mínimo sentimento ou gosto não poderia mais passar despercebido por mim. Pelo menos foi o que eu prometi a mim mesma quando me dei conta de que ela foi embora.

Mas então, se ela foi embora, por que eu tenho que tentar sentir alguma coisa? Eu apenas sinto com ela, eu apenas enxergo com ela, eu apenas vivo para ela.

Agora ela se foi, e eu não posso mais dar valor a isso. Não valorizei o que eu tinha, não conservei o suficiente para mantermo-nos em intacto, e agora, após perder tudo, eu tenho que aproveitar? Claro que não! 

Joguei o copo para longe de mim, assustando-me mesmo assim com o estrondoso barulho que fez no seu encontro com a parede. Encarei os meus próprios pés e depois olhei para a cama.

Ela estava longe demais para alguém bêbado e com sono, a tontura já não me ajudava bastante. Alternei meu olhar entre a cama e o chão.

Um era confortável, porém estava longe, e o outro era desconfortável, mas perto, e com algumas pequenas adaptações ficaria possível de se dormir lá. Não deu outra. Sempre quis mesmo dormir no chão.

O outro dia fez com que eu enxergasse as consequências de minha noite. A ressaca existente já não era apenas moral, e o meu corpo parecia estar em plena Guerra Civil no qual o país era eu mesma. Minha cabeça parecia querer explodir, isso se já não tinha o feito.

Eu estava quebrada. Morta, praticamente. Se bem que nada disso se comparava ao que eu estava sentindo em outro órgão.

Dizem que o coração não é responsável pela formação do amor, e sim pelo bombeamento do sangue.

Oras, se ele é apenas responsável por isso, por que diabos ele costuma doer tanto quando eu penso no fato de ela ter ido embora? Não era a minha mente que deveria produzir essa dor?!

Depois desses pensamentos eu acabei chegando à conclusão de que ainda estava bêbada, mas não bêbada, apenas bêbada, e sim num nível avançado de teor alcoolico. Olhei em volta e primeiramente descobri que o outro dia realmente não havia chegado.

Eu estava tendo ilusões com o sol, e com Camila  em minha mente. Estava pronta para enlouquecer em meu próprio psiquico e me afogar nisso até o fim desse efeito.

Pisquei os olhos diversas vezes, estava soando, sozinha e nunca conseguiria chegar ao banheiro para pelo menos tentar me acordar. Eu também sabia que se chegasse até a cama, não poderia fechar os olhos, pois a imagem dela assombraria todos os meus sonhos, já que o cara dos sonhos decidiu que todas as noites seriam assim.

Eu também não podia gritar. Não por não possuir voz naquele momento, mas por não ter ninguém para me ouvir. Eu seria sufocada por meus próprios gritos e mesmo assim ninguém nunca ofereceria socorro. Eu estava sozinha.
Seria tão diferente se ela estivesse aqui.

Juntei toda a força que eu ainda possuía e me levantei disposta a chegar pelo menos até a cama. Descobri que foi uma péssima ideia quando o meu corpo colidiu com o chão novamente. Grunhi derrotada e me encoli ali mesmo, sentindo minhas pálpebras pesarem à medida em que o tempo foi passando.

Algum tempo depois eu já não estava tão acordada.
A madrugada passou lenta e dolorosamente sobre toda a minha supervisão. Quando o relógio marcou 5:00 a.m, eu consegui me levantar e ir para a cama, apagando lá por alguns longos dez minutos. Me mantive acordada até 6:45 a.m e levantei-me de lá, decidida a enfrentar a única pessoa que havia destruído a minha vida um pouco a mais que Robert.

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