Ariana

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Os dias começaram a fluir menos pesados depois que eu e minha mãe fizemos as pazes. No dia seguinte à esse fato, ela decidiu fazer uma comemoração, alegando que a minha volta era um motivo enorme para festejar.

Claro, todos os nossos parentes adoraram a ideia, e no primeiro Domingo desde a minha chegada, todos se reuniram lá em casa.

Fizemos um churrasco, colocamos música e trocamos ideias. Mama fez questão de servir grande parte de suas especialidades culinárias para nós.

As coisas nessa tarde fluiram tão natural que por algumas horas eu acabei esquecendo que vivi um ano fora do Brasil

Era como se eu nunca estivesse saído de casa.

A noite logo nos alcançou, e aos poucos as pessoas foram indo embora. Quando o relógio bateu meia-noite, não havia ninguém menos importante dentro daquela casa.

Mama já estava dormindo e eu fiquei com o Jack, um dos meus cachorros e o mais especial para mim. Ficamos juntos observando as estrelas sentados na varanda de minha casa, como sempre fazíamos todas as noites antes de eu ir embora.

-Fiquei muito feliz por não ter perdido essa mania. -Brinquei acariciando o cão, que respirava com a língua para fora e enganava o meu cérebro parecendo estar sorrindo.

-Sabe, Jack, preciso falar umas coisas... desabafar, entende?

-Perguntei para o cachorro. O mais curioso de tudo isso era o fato de eu não estar nem um pouquinho bêbada.

-Eu estava pensando em falar com outras pessoas, mas pensei mais um pouco e eu descobri que elas são pessoas; humanos que não nos deixam desabafar, porque eles falam e te interrompem com o seu pensamento alto ecoando por através de seus lábios apenas por pensarem que têm razão sobre tal coisa...

E você não fala, então é ótimo desabafar com você, correto, amigão? -Esfreguei rapidamente o topo da cabeça de Jack e ele balançou o rabo afirmando a brincadeira.

Desviei meu olhar do cão, e novamente pus minha atenção nas estrelas.
Ao mesmo tempo que estão perto, na minha vista, elas também estão longe, numa distância impossível de se alcançar.

Elas são como Lauren.

A ao mesmo tempo que ela está aqui dentro, no fundo do meu peito num lugar mais conhecido como coração, ela também está longe, mais especificamente em Vegas, onde eu não poderia ir agora.

Jack pareceu ler minha mente e pôs sua cabeça em minhas pernas, ficando paradinho e manso lá.

-Eu conheci uma pessoa durante a viagem, Jack. Ela... simplesmente não saí da minha cabeça.

-Bufei. Outras lembranças de Lauren começaram a me atacar. -O nome dela é Lauren Jauregui.

Linndo nome, não é? Lauren é clareza, claridade. É como se ela fosse uma luz, certo? E bem, ela é uma luz. Ela é a luz acesa dentro de meu peito afirmando todos os dias que eu estou apaixonada.

-Sorri triste. -Mas ao mesmo tempo que ela é essa luz, ela também é uma escuridão. Eu tive os meus melhores e piores tempos em Vegas por causa dela.

Os melhores eram quando nós nos olhávamos, ou quando nos abraçávamos e nos beijávamos e simplesmente esquecíamos do resto do mundo para ficar amando uma à outra durante toda a noite... Ela foi a única pessoa capaz de me mostrar que a noite é mil vezes melhor que o dia.

-Fiz uma breve pausa. -Os piores eram quando nós nos separávamos. Quando brigávamos por motivos idiotas ou sérios e não nos falávamos por causa disso.

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