Capítulo 3

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Flashes disparam implacáveis enquanto Reena, 24 anos de idade, sai do infame Liiy's Lounge, lugar suspeito de Los Angeles, com um copo de martíni em cada uma das mãos. São apenas duas horas da tarde, mas, como diz o clichê, em algum lugar são cinco horas, e Reena nunca perde a oportunidade de provocar uma cena.

É o que os paparazzi mais amam com relação a ela.

-Reena! Reena! O que sua mãe vai dizer? Um dos jornalistas de tabloides chama, esperando do lado de fora, na movimentada avenida, para tirar o máximo de fotos que puder dela.

-A senadora tem coisas mais importantes para se preocupar do que comigo

- Reena zomba, enquanto derrama gim sobre si mesma, entrando em uma limusine preta decadente.

Ela é caótica e inconsequente, mas não está nem aí. Nem um pouco. Ela não precisa de estrutura, apenas de um bar aberto.

-Você acha que sua mãe vai ser reeleita? - gritam os abutres. Reena abaixa a bebida e coloca grandes óculos de sol.

Não sei. Não dou a mínima para isso.

REENA BATEU VIOLENTAMENTE O ARCO DE MADEIRA NA areia densa e iria, enquanto Cruz pulou para longe, escapando do golpe por pouco.

Eles estavam na praia que ficava abaixo do terá. Takeda e os outros alunos ficaram ao lado, observando o exercício de treinamento de Reena e Cruz.

-Preste atenção aos movimentos que ele não fez ainda - Takeda aconselhou. Sua raiva distrai você.

A crítica entrou na pele de Reena, aumentando sua ira enquanto ela continuava a circundar Cruz, à procura de uma nova oportunidade para ficar em vantagem.

-Minha raiva é o que me alimenta! Gritou.

Ela brandiu o arco nas costas, usando o impulso para trazê-lo para frente e cravá-lo na coxa de Cruz, que caiu no chão por causa da dor, gemendo de frustração enquanto Reena caminhava sobre o corpo caído para colocar seu arco na frente de Takeda.

-Você não tem compaixão - afirmou Takeda.

Reena caminhou em direção aos outros, as palavras de Takeda ecoavam em seus ouvidos.

Ela presumiu que era um elogio, mas havia alguma coisa na maneira como ele pronunciou que a fez pensar.

Ela entrou na fila, as ondas atingiam os dedos dos pés descalços. Reena cerrou os dentes ao sentir a água gelada. Desconforto físico ela podia suportar.

Insuportável era saber que ninguém havia pagado pela morte da mãe.

Ela afastou o pensamento. Estava tomando medidas para remediar a situação. Por isso estava aqui. Tinha de se concentrar. E nem mesmo seus sentimentos por Cruz podiam ficar no caminho.

Observou enquanto Jon abaixava, pegando o arco de Cruz da areia perto de seus pés. Ele seguiu até onde estava Cruz, ainda recuperando-se do golpe de Reena, e ofereceu-lhe uma mão.

Cruz então esticou o braço e, em vez de dar a mão a Jon, agarrou-o pelo braço e lançou o na areia dura.

-Desculpe, cara. Você perdeu.

Nem mesmo Reena pressentiu o que ia acontecer, e isso queria dizer alguma coisa. Ela conhecia Cruz quase tão bem quanto ele mesmo.

Cruz saltou para cima, de pé sobre Jon, com um olhar de triunfo no rosto.

Takeda balançou a cabeça.

-A vingança não pode existir com a pena - disse ele.

-Só um pode ganhar. Você deve decidir o que é mais importante. Ter pena do adversário é dar-lhe uma vantagem. Você deve distanciar-se da emoção - Takeda continuou.

-Ela vai ficar no seu caminho, vai deixar você fraco.

Takeda falava com todos eles, mas Reena sentiu o rosto corar com suas palavras. Não era nenhum segredo que ela e Cruz tinham um relacionamento. Mas seus sentimentos por ele iam muito além dos de um amante. Ele era seu melhor amigo. A única pessoa que realmente sabia quem ela era. A única pessoa que estava com ela antes e depois da morte de sua mãe. Que sabia como ela havia sofrido.

Cruz era uma parte dela. Não importava o que Takeda dissesse, ela teria de encontrar uma maneira de equilibrar seus sentimentos por ele com seu desejo de vingança.

-Mas foram nossas emoções que nos trouxeram até aqui - Ava disse.

Reena lutou contra a vontade de revirar os olhos. Eles eram todos novatos em Revenge, mas Ava deu um novo significado à palavra amador. Era óbvio que ela era muito ingênua.

Muito mole. O treinamento para lutar e falar outras línguas era o menor de seus problemas.

-Mas é aqui que você deve deixá-las quando um dia voltar para o mundo respondeu Takeda. Ele se virou e afastou-se, sinalizando um intervalo.

Eles esperaram até Takeda deixar a praia antes de quebrar a formação. Reena estava se virando para dizer algo a Cruz quando pegou Ava olhando com curiosidade para ela.

Algum problema? Perguntou Reena, estreitando os olhos.

Ava balançou a cabeça.

-Nenhum problema, é só...

-É só o quê? - Reena insistiu.

-Reconheço você - disse Ava. Pelo menos, acho que sim. Você é Reena Fuller. A filha daquela senadora. Aquela que foi morta.

Um calafrio percorreu o corpo de Reena. Ela sabia que sua mãe estava morta. Tinha encarado essa realidade por um longo tempo. Mas detestava ouvir alguém dizer isso em voz alta. Especialmente alguém que ela não conhecia.

-Eu sinto muito - Ava continuou, colocando a mão suavemente no braço de Reena. -Eu não queria magoa- lá. Meus pais morreram também, em um acidente de carro.

Como se isso importasse. Como se de alguma forma melhorasse a situação. As palavras nem sequer começaram a derreter o gelo em torno do coração de Reena.

-Sim, bem, na verdade não foi um acidente. - Ela pegou o arco e tomou o caminho que conduzia ao terá.

Revenge Treinamento para Vingança - Jesse LaskyOnde histórias criam vida. Descubra agora